sábado, 9 de novembro de 2024

O equívoco do discurso político: a verdadeira falta de esperança

 

Há uma lógica um tanto equivocada - para não dizer burra ou estúpida - por parte das camadas médias da população brasileira, de que a política resume-se na falsa binariedade do roubar e não-roubar. Tal pensamento um tanto enviesado e por que não dizer mentiroso retira da sociedade a capacidade de articular, pensar e agir sobre a realidade do quanto a política  tem um ar essencial nas mudanças sociais, econômicas e culturais do país. Bem, destilar o ódio - como faz essa parcela mediana da população - não traz qualquer benefício real às pautas tão ncessárias aos cidadãos. Soma-se a esse pensamento errôneo, a própria condição de fracassado daqueles que difundem tal ponto de vista. E quando dizemos frcassado, não nos remetemos somente aos fracasso econômico ou social. Pois esse mostra-se muito mais latente no aspecto indivisual, cujo fracasso de não ter se autorealizado como ser humano pleno, por exemplo no âmbito da família. Seja pela desesperança em relação aos filhos, pais e esposa. Até mesmo de não ter conquistado os desejos mais íntimos. É o fracasso egóico, edipiano ou narcísico da literatura psicanalítica. Essa visão tosca de que nada vale a pena, tudo é uma desgraça, que todo político é corrupto e que nosso país não presta: só há violência, bandistismo e corrupção - ou seja - um pessísmismo forjado por um grupo de pseudo-intelectuais presentes numa mídia catastrófica e irresponsável que lhe dão audiência por uma convicção de que as coisas são assim mesmo e não vale a pena lutar por nada já que a solução não existe mais. São estes falsos intelectuais os anunciadores do apocalipse, da distopia em relação a política e a democracia. Estranhamente ou não, a mídia entra nesse jogo e acata tais narrativas e ideias, justamente por ser parte dessa onda neoliberal. Assim, essa mesma mídia busca justificar a necessidade de que qualquer outro modelo político ou econômico seria demasiadamente nocivo à normalidade do funcionamento da atual engrenagem que move o capitalismo. Sinceramente, uma visão totalmente desfocada, que leva a sociedade a um grau estratosférico de miopia social e talvez já numa cegueira coletiva. Esses pseudo-intelectuais comprados pela mídia, que escrevem e falam nos jornais, TVs, internet e rádios, alcançando milhões de lares país geram danos irreversíveis não só no pensamento político da população, mas também interferem diretamente na criticidade opinativa das pessoas. A intenção é criar um pastiche, uma caricatura do modelo democrático, contanto que seja risível, assim como são de fato. Pois são destruidores  de mentes e não querem que haja o dialógo crítico, o pensar o mundo, a discussão saudável e salutar dos problemas coletivos. Prezam pela total destruilção do discurso democrático, dando lugar a desesperança e a descrença de um por vir. Eles sugam da sociedade o acreditar no futuro e injetam nas mentes - com suas palavras negativas dotadas de falsa realidade e negacionaismo - o ressentimento, a indiferença e ódio. Estes pseudos-intelectuais! Para eles o não fazer nada, o deixar como está  e o assim mesmo vem como mote do ser humano apático, ordeiro e cordial. A velha máxima que imperou no Brasil em tempos passados, a qual somos possuídos pela condição de vira-latas, ou a imagem do bom selvagem. Dotado de uma ingenuidade cafajeste ou de uma maladragem ordeira e pacifíca, mas amiúde vistos como povo trabalhador. De fato somos sim ordeiros, pacifícos e trabalhador, porém não devemos jamais nos submetermos ao posto de povo despolitizado, incapazes de analisar fatos. Está ao nosso alcance o fazer  e o discutir política com toda maestria. Se a guerra está na pauta do dia, temos que ira a luta e buscar vencer as batalhas. A politização deve ser o inverso da anti-política e principalmente da politicalha daqueles que a demonizam nos meios de comunicação para gerar a desinformação e o caos. Sim,no fim da estrada está a esperança que tanto desejamos alcançar. Mas para isso ocorrer temos de abraçar a política verdadeira e genuína, não aquela dos partidos, envolvidadas na construção eleitoral e do voto, pautada na figura de um suposto líder. A nossa busca se faz por uma política de ação, do fazer político imbuída na coletividade, nas trocas justas de ideias e num dialógo aberto e democrático ou melhor na participação efetiva das pessoas. É o construir do cidadão e das cidades. Quanto aos falastrões midiáticos - detratores do pensar coletivo e destialdores do ódio - a política cabe subjuga-los ao próprio veneno. E assim mandá-los para seu calvário íntimo, deixando-os eternamente no ostracismo do seu submundo e de preferência com a tecla "mute"ativada. Acredita-se talvez que não há nada pior do que falar e nem ao menos ser minimamente ouvido. Contudo, não se pode deixar que ecoe das profundezas da comunicação e da política vozes nocivas ao discurso democrático. Já não há mais lugar e tempo para as histérias e debilidades afloradas, muitos menos falatórios desconcertantes e vexatórios que em nada contribuem para o despertar da esperança.         




quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Sistema prisional Brasileiro - mito da ressocialização

Segundo os dados estatísticos, o Brasil sobe num pódio nada agradável. Sendo a terceira maior população carcerária do planeta, ficando atrás somente dos EUA e China. Uma dura realidade para o nosso país. População está formada em sua maioria por jovens negros, que representam mais de 70% do total. Só no ano de 2023 o número de encarcerados no país cresceu mais de 2%. Ou seja, estamos caminhando numa direção a qual fica ainda mais nítido que o problema da criminalidade e violência não apresenta qualquer solução viável e demonstra fortemente que às raizes do problema advém de um passado punitivista, prinicplamente para os pobres e negros. Dadas condições, a realidade do sistema prisional no Brasil é que trata-se de um sistema falido e fadado ao fracasso. O mote do poder judiciáro é prender, punir até mesmo crimes de pequeno valor ofensivo, solução que não resolve em nada os verdadeiros problemas que amuito tempo ja deveriámos ter enfrentados, seja no campo judicial ou social. Dessa forma, todo tipo de violação dos direitos hmanos são narrados cotidianamente nas prisões. Temos um sistema prisional fortemente puntivo, cujo processo de ressocialização  não passa de um engodo - pura fantasia -  na verdade nossas prisões são escolas do crime. Prisões estas dominada por facções, cujas imperam leis internas próprias, paralelas às leis do Estado. Os detentos são cooptados por essas facções e nelas encontra-se a falsa segurança e proteção, que deveria vir do Estado. Infelizmente, o cárcere no país remontam as antigas senzalas, composta em sua maioria,como afirmamos anteriormente por pobres e negros, em que muitos ali dentro estão sem ainda sequer um processo judicial formal e não foram a julgamento. Outros já forma esquecidos, com suas penas já prescritas e jpa deveriam ter sido soltos. Tanto fala-se da ressocialização, para que o apenado possa voltar à sociedade e ter um a vida normal ao sair do sistema prisional. Porém, a única coisa que encontra é o preconceito. Não é dado a ele a oportunidade de recomeçar uma nova vida, ter um emprego digno, um futuro de crescimento profissional e de realização pessoal. Fica o estigma, o peso do passado criminoso. Enfim estamos diante de uma sociedade preconceitusosa, que só se volta ao passado e nunca ao futuro. Então, o preso ao sair do sistema não tem qualquer apoio. Não se trabalha os seus traumas psicológicos adquiridos denro do sistema. Esses traumas também alarga-se aos familiares, que sofrem a dor do parente preso. São pais, filhos, esposas, avós estigmatizados pela humilação e preconceito; encarcerados psicologicamente por ter um familiar na condição de prisioneiro. Diga-se que as prisões especificamente no Brasill são verdadeiros depósitos de homens e mulheres, proveniente de um sistema desenhado para apenas punir e como dito antes -  atinge toda a família, que cumpre pena junto do detento. A liberdade ou morte do preso demarca assim o fim da sentença do familiar,no entanto as marcas deixadas são bastante profundas. não no corpo, mas sim na alma e na mente. A humilhação dos parentes começam pela visita, cujos os corpos são revistados, examinados e apalpados de forma que atinge diretamente a sua intimidade; os alimentos trazidos pelas famílias são remexidos, destruídos de maneira animalesca. No interior da prisões as refeições muitas vezes estragadas, azedas que exalam um forte cheiro. Celas e pátios sujos, paredes sem vida e amontoados de lixos e pessoas. Esse tipo de sistema prisional é fruto de um país que demonstra sua total ojeriza pelas camadas mais pobres, que remonta um passado escravocata e atinge seu ápice no periódo da ditadura militar de 1964, em que presos políticos por não concordar com a forma de gestão do Estado eram trancafiados nas masmorras do Dops, espacandos e torturados de forma brutal e muitos fotam mortos na época pelo regime. A polícia, o aparelho reperessor do Estado, comunga dessa visão detuparda até os dias atuais. Enxergam os detentos como inimigos da sociedade. Soma-se a isto, toda uma propaganda midiática vistos em programas televisivos pinga-sangue - de que bandido bom é bandido morto, qu não precsiamos de direitos humanos para aqueles que cometem crimes. Isso gera, na mente das pessoas um pensamento que a pena de morte seria a viavél solução para a criminalidade, até que mudam completamente a  opinião se algum familiar se envolve com algum crime. Portanto, a realidade torna-se bem diferente quando se tem meras conjecturas e opiniões. Criou-se na sociedade brasileira uma metalidade errônea do acusa-se primeiro e averigua-se depois. E esse inclui o papel de nossa mídia, o principal formador de ponião pública, que acaba prestando um desserviço em torno do assunto. Não poderiámos deixar de lado as constantes violências nas prisões que fere todos os direitos humanos, em destaque a dignidade da pessoa humana. O Estado que deveria ser o tutor do prisioneiro durante a privação de liberdade e garantir a integridade física não cumpre minimanete seu papel. Ao fazer o encarceramento, deixa lá à mingua jovens, homens pobres e pretos sem qualqier condição, a maioria apenas sobrevivem jogados aos montes nas celas fétidas, com apenas duas horas diárias de sol. Em muitas prisões não há escola e trabalho. Existe apenas ociosidade. Assim reforça-se que nossas cadeias não permite ressocialiazação. Muitas são depósitos da chamada escória da sociedade. Não há água, higiene adequada, bilbioteca e nem sequer oferecem uma formação mínima para o preso ao se livrar dela e tentar reintegrar-se na sociedade. Condições assim justifica o fato de sermos a terceira maior população carcerária do mundo. De certo, a chance do preso que foi liberto voltar ao sistema é imenso, dado que foi todo estruturado para que haja reincidência de crimes e dessa forma seja reconduzido ao cárcere. Parece que não há vontade por parte do Estado ter essa pessoa na sociedade,  com uma via digna. Ser um cidadão.    

sábado, 7 de setembro de 2024

Vai dar ruim!!

Sabe aquele ranço que muitas vezes temos de alguém e assim falamos: "essa pessoa não deveria estar aí, não inspira confiança e a qualquer momento pode trazer sérios problemas". Com isso, ela acaba compromentendo todo o trabalho. As queixas dos colegas em torno dela são constantes e qualquer um que se sobressaia no serviço ou apresente maior competência é punida, ao invês de ser premiada. Ao ser denunciada ou admoestada por seus erros, incompetência, ou mesmo algum ato mais grave sempre busca uma justificativa, uma desculpa esfarrapada no intuito de manter no cargo, esse ser precisa ser examinado microscopicamente. As antipátias em relação a um outro - especificamente - nunca é gratuita, veja que a experiência nos fornece no tempo uma lupa acurada  e um faro mais canino para detectarmos certos tipos de ìndoles duvidosas, algum traço de mau caratismo, egocentrismo exarcebado e talvez perceber no ar doses de sociopatias incuráveis. Pais e avós são mestres nessas observações empíricas (do senso comum) para detectar as más companhias do filho, dizendo assim: "não anda com "fulano" que ele não presta e vai te levar pro buraco". É tiro certo no alvo. Não dá outra o moleque já está envolvido em confusão, e não foi falta de aviso. Pois, pais e avós possui esse radar divino, está clarividencia do além, até parece que se comunica com alguma entidade esotérica. Não, nada disso, é apenas a experiência de vida, os tropeços e rasteriras pelas quais a vida nos dão. O tempo nos ensina (é um grande professor), a lição aprendida deve ser repassada (nos tornamos mestres). Feito essa pequena análise a respeito da psicologia do ser e tentar enconstrar padrões de caráter - ou a falta dele - agora partirmos para o âmbito politico. Certa vez, um jornalista-político ou político-jornalista (não me lembro muito bem de sua designação profissional, mas isso não importa, vamos nos deter as fatos) apontou categoricamente que o métier político era o antro da sociopatia, da egolatria, do narcismo e quiça da falta de verdade. Acredito que a modéstia dele em manter a dúvida a respeito da "falta de verdade" não foi muito sincera. Enfim, é a palavra de um político-jornalista, ou vice-versa. No meio político a construção de alianças é fator comum e necessário para se atingir objetivos, as escolhas são por consenso e às vezes alheios as vontades do líder, que tem nos cargos pessoas que são contrários as suas convicções e ideologias. As coalizões partem de grupos de interesse e não da vontade de um, muitas vezes fator gerador de discória e descontentamento de outros grupo aliados. As escolhas são imposições.Nessas indicações de cargos prevalece as alegações sobre o caráter, já batido e debatido pela vovó. Os interesses do grupo na escolha do ocupante do cargo em sua maioria preconiza apenas os traços identitários - não se valoriza a postura ética e intelectual, as habilidades e competências técnicas. Trata-se de uma escolha política apenas para que haja uma representação identitária. Por exemplo: o lugar de um azul, vermelho ou roxo ocupado por essas cores como forma de repesentá-la, portanto não basta outras qualidades. Ou seja, o identitarismo esconde -se por trás da identidade, e o relevante de fato não importa. Essa pressão política de escolha dos iguais, sem querer ver o outro, o diferente torna-se um tanto perigoso. O risco de colocar pessoas menores que o cargo, ou seja, alguém que não está à altura da responsabilidade do cargo e suas funções. Essa incapacidade de lidar com as rotinas e tarefas certamente gerará transtornos e insatsifações. Ainda mais, se o ocupante do cargo tiver desvios de caráter e não sabe lidar com as próprias emoções e sentimentos. Aí está feita a desgraça. veremos persiguições de toda natureza. Tudo isso por culpa dos grupos de interesses, que erraram feio em sua pessíma escolha. Infelizmente temos que admitir, o narcismo impera nesse meio, justamente devido àum ego inflado, que no fim ofusca a capacidade de reflexão e influencia diretamente na condição de gerenciar e direcionar o andamento das atividades e tarefas. Nasce de todo lado denúncias de assédio moral, sexual, as crises são constantes por causa de um ambiente de trabalho tóxico e insustentável. O que se vê é apenas descontentamento e bons trabalhadores se deminttindo por não suportar tal situação, ou outros que são demitidos por serem mais capazes. Enquanto isso, o grande insignificante detentor do cargo se acha intocável, imaculado sentado no trono de seu reino de cartas marcadas. Ele se esquece que está ali não por vontade do gestor máximo, que nem o queria neste lugar. Mas pela pressão das alianças que o indicou,cujas as amarras fogem da alçada do gestor máximo - que sabe muito bem o quão pequeno é o ocupante daquele cargo e não o merecia. Ao primeiro deslize o castelo de cartas irá se desmoronar e certamente o cargo será oferecido à alguém que tenha a medida certa para ocupá-lo. Só, não podemos nos esquecer dos velhos  conselhos de nossos pais e avós: se temos pressentimentos em relação a certas pessoas, é por que algo está errado e vai dar ruim.      

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O banditismo tomou conta da política

Há sim na política bandido de estimação e não me venha convencer do contrário.  Coloco em pauta tal afirmação, diante do carreamento de dinheiro de empresários que escolheram apoiara a antipolítica, o banditismo real que ocorre na atualidade de nosso país. Eles dotaram como animal de estimação a bizarrice de um ninguém, o verdadeiro projeto da não política. com isso, a vedete da política encontra-se  no seu total perecimento, numa morte eminente. 

Já não basta mais  ter nos quadros  da representação política as subcelebridades, jogadores de futebol fracassados, atores pornôs, cantores de segunda categoria, participantes de reality show. Agora a sociedade tem que engolir a seco a presença de bandidos, criminosos condenados travestidos de coach, ou seja indivíduos que tentam repassar seu fracasso para outras pessoas através de ações "nonsense"  e dessa forma vender-se como um produto que seja a panaceia para todos os males. 

O que é mais intrigante está no fato da população aceitar e até mesmo normalizar  as condutas ilícitas deste tipo de candidato e nele ainda votar.  Atitude um tanto jocosa, que acaba reverberando no mundo midiático. Enfim a mídia vive de espetáculo e as atitudes escarniosas geram grandes audiências. Será isso a nova política? a política da não política, na qual não se discute mais no campo da ideias, dos projetos e programas. Então, o que sobra é apenas a destruição completa do oponente por meio da galhofa, do deboche. E o que fica -  são as ofensas, e o ódio.  O mais completo descaso com a população. Tudo isso acompanhado por uma mídia espetaculosa sedenta por fama e audiência. Verdadeiro show de horrores propagado pela ignorância e desconhecimento das  metralhadoras verborrágicas que nada tem a oferecer a sociedade. 

Ter nas mãos energúmenos apolíticos ou melhor, detratores da política que só almejam cargos servem de trunfo a grupos de empresários apoiadores mal-intencionados, justamente para manipular as cordas de suas marionetes. Para esses empresários não interessam o fazer político, e sim realizar o jogo do capital. Ou seja, obter as benesses do poder para ampliar sua riqueza. trata-se de um jogo nada democrático, cujo único perdedor é a população carente de serviços público. 

Não se discute mais a cidade, a sociedade e o povo. A política tornou-se um espaço de zombaria, de bagunça, que não agrega mais a vontade daqueles que nela um dia enxergaram um instrumento de desenvolvimento econômico, de construção social voltados para projetos futuro. Nem se que há mais futuro. O que ficou - foi um vazio de ideais e da boa e velha disputa. O poder foi jogado no lamaçal por aqueles que corroem as estruturas da democracia e tentam minar as instituições republicanas. Por parte da mídia os debates ficaram esvaziados, enquanto sobram apenas golpes, socos e trocas de farpas linguísticas sem qualquer conteúdo relevante para os desejosos de boas propostas. 

Na não política atual sobrou apenas o câncer antiético da bandidagem, juntos aos empresários nefastos que tomaram de assalto os espaços políticos para criar antipolítica. Ou melhor a não politica. Assim vemos nascer dentro do espectro político todo tipo de grupo que tem como objetivo destruir a própria política. Daí surge a milícia, as organizações criminosas, igrejas evangélicas caça-níquel com sua bancada "ultra- conservadora", grileiros de terras, entre outras. E o banditismo invadindo os meandros da política.                                  

sábado, 10 de agosto de 2024

Poliarquia ou democracia - face da mesma moeda

Em uma discussão com uma colega de trabalho, quando falo discussão, não é briga ou levantar o tom e querer ter a plena razão dos fatos. Aqui, nas Minas Gerais a expressão discutir trata-se de uma boa conversa,onde mais se houve e menos se fala. Nessa boa prosa o assunto posto, não podia ser outra coisa, que não fosse política, economia e  um puco de filosofia. Por que nós mineiros, somos filósofos por natureza, é algo enraizado em nossa identidade. Mas enfim, vamos ao fato que interessa. Também como servidores públicos que somos;  compreender o Estado, o direito, a administração pública e os meandros da burocracia obrigatoriamente devem ser internalizados em nosso saber fazer e em nossos conhecimentos práticos. Para adentrarmos o assunto em questão, a discussão em pauta se revela nos conceitos básicos do que seria a democracia e sua evolução no caminhar do tempo. 

Se me lembro bem, a essência do fato apareceu diante da ideia de poliarquia - conceito este criado por Robert Dahl em 1971 no âmbito da ciência pólítica. Para quem se interessar a ler, deixo aqui a referência da obra deste autor. A poliarquia de Dahl, nada mais é que a própria democracia, o governo de muitos, o governo do povo. Então, irei utilizar neste artigo, o termo democracia, por ser mais comum no vocabulátio da maioria das pessoas. Os ideiais democratas exigem uma série de caracteristicas para que uma nação seja determinada como uma democracia, isto inclui liberdades, direitos e deveres de seus cidadãos. A prorpria cidadania inclui-se como elemento da democracia. O grau de liberdade e direitos são escalares, fator esse que determina a escala de democracia.  

Por exemplo, podemos ter uma nação que tenha eleições livres, mas o presidente dificulta a participação de certos oponentes e não faz divulgação ampla dos boletins de resultados. Ou, a imprensa é impedida de exercer seu direito de divulgar notícias. Por outro lado, há países na mais completa escuridão, completamente fechados, cujo o líder não passa de um tirano ameaçador e falsamente venerado pelo medo de sua população. Digam o que quiser da democracia, sabemos que tem inúmeros defeitos e constrante necessidade de ajustes. Mas ainda sim, é a única alterantiva dentre todas as outras. 

Podemos não gostar de como a nossa democracia foi instaurada, no entanto, é o único regime que nos fornece a liberdade de criticar e expressar opiniões contrárias àqueles que nos representam. Além, do uso de instrumento político  para destituí-lo do poder.  Evidentemente, a democracia está em constante reconstrução, sendo mesmo em sua imperfeição, algo que devemos alcançar enquanto nação. As mazelas políticas, sociais e econômicas  são visíveis aos olhos de qualquer democrata. Convivemos cotidianamente com as grandes desigualdades sociais, a falta de oportunidades de emprego, a extrema pobreza, a falta de serviços públicos básicos e outros. Percebe-se também certos desvios relacionados à condução política, e na própria ética dos elementos que compõem os quadros políticos. Todavia, precisamos compreender que as ações desvirtuantes de nossos representantes, necessaraimente não implica na quebra da hegemonia democrática. Dado que as liberdades, os direitos, e inclusive a cidadania ainda estão preservados. E como em qualquer democracia, os atos desvirtuantes - em tese - devem ser  minimanente apurados e os representante tem a obrigação de arcar com as consequências. 

No jargão político, as democracias utlizam-se de ferramentas de pesos e contrapesos instituídos em desenhos legislativos, por meio de leis, atos normativos. A constituição (a carta magna) configura-se como a lei maior por reger todo o funcionamento do Estado e estabelecer garantias fundamentais de liberdade. A democracia moderna em nada se iguala aos princípios da democracia dos antigos gregos.  A visão da democracia de Platão, Socrátes e Aristóteles nasce de um misto de homens e deuses do olimpo. Nela a pólis não estendia-se a todos. Era a democracia de Atenas, dotada por cidadãos livres (homens nascidos em Atenas) e de  participação direta nas assembleias,cujos princípios eram a liberadde e igualdade. Já a democracia de nossos tempos absorve os princípios gregos da liberdade e igualdade inserindo elementos representativos e indiretos - ou seja - as nossas escolhas obedecem regras e parâmetros definidos em legislações. Ao contrário da democracia ateniense cujo vetor de escolha se dá diretamente. Mesmo distintas, ambas democracias guardam pontos convergentes no requisto participação. Digo isso, por que até bem pouco tempo, a participação na democracia moderna era destinado apenas aos homens brancos de posses, estavam excluídos desse processo os negros, as mulheres, os analfabetos e a população pobre. 

Portanto, chegamos a conclusão que a democracia é uma jovem senhora que precisa amadurecer e assin integrar a sociedade. Bem, já tivemos grandes avanços aqui no Brasil após a Carta Magna de 1988, que é uma das constituições mais inclusivas, além de importantes políticas públicas que englobam uma série de minorias, fornecendo ampla participação em conselhos e ações afirmativas.    

Referência:

Dahl, Robert. Poliarquia. São Paulo: Edusp, 1997

segunda-feira, 1 de julho de 2024

A mais pura vontade de punir tudo

Parece brincadeira, mas o Brasil está caminhando para uma república ultra-conservadora e na contramão dos direitos democráticos e das liberdades individuais. Falo isso, pelo fato de termos uma casa legisalativa  um tanto retrógada e pautada em costumes que remontam os ideiais dos século XVIII e XIX. Esses tempos ditavam o patriarcado dos senhores de engenho, que dominvam os corpos e as mentes de suas esposa, filhos e escravos. Um modelo baseado numa sociedade escravista e machista, que tem a religião como um meio de amendrontar as atitudes não ditas civilizatórias do ser humano, ou seja, um Deus punitivo próximo as ações humanas. Com passar de século XX, ao adentrarmos o mundo pós moderno, contamporâneo, customes, atitudes, crenças e valores sofrem grandes mudanças. O pensamento avançado vindo de vários autores e filosófos do século XIX ganham força e rompe de vez com os ideias ultrapassadas do senhor de engenho. A religião não tem mais espaço para espraiar os antigos ritos de um deus vingativo que fomenta o ódio pelos humanos. O contemporâneo das decádas dos século XX abre margem para uma série de questinamentos e a necessidade profunda de romper com o velho, o atrasado e o decadente. As cidades passsam ser o centro da modernidade em sua arquitetura e na mobilidade de seus meios de transporte. A velocidade é o novo normal das ruas, tudo é rápido e efêmero. Nesses novos tempos, o homem busca  adequar-se  ao "modus operandi" da cidade. 

Vive-se a violência, a solidão e as  mazelas sociais de um sentimento baudelariano. Daí expôem-se a fragilidade dos corpos e das mentes humanas. Entra-se ao mesmo tempo, numa era de grandes avanços tecnológicos e de pluralidade fervilhante, em que desejos e vontades são expressadas de formas distintas em variadas matizes. Contudo, essa liberdade e vontade do ser parece estar ameaçada por pequenas células de extremo conservadorismo arraigado ao modelo partriarcal. O nascedouro do extremismo religioso aponta-se num horizonte fértil e ganham adeptos num novo pentecostalismo ultra-conservador, suas pautas atingem parte de uma população empobrecida, desescolarizada e muitas vezes formadas por aqueles banidos da sociedade, tais como: jovens envolvidos no crime e encarcerados que procuram a rendição divina; mães solteriras pobres e negras, homens que viveram no vício do álcool e drogas. Condiçoes de vida que permitem a fácil cooptação por essas novas religiões, cujo Deus é uma mera propoganda de marketing, um produto pronto para solucionar os problemas da vida cotidiana, ou melhor, um unguento para as mais variadas feridas da alma. Porém, não nos engamemos - esse novo evangelismo pentencostal começou colocar suas garras de fora e passou a conquistar os meandros da política. Criou-se na casas legislativas (Senado e Câmara) o mais bizarro grupo - a bancada evangêlica - que junto à bancada da bala e do boi formam a ala mais conservadora (extrema-direita). Renasce aí os ideiais fascitas ligados ao lema - Deus, pátria e familia. 

A bancada evangêlica composta por homens brancos, cis e conservadores querem remontar aos tempos de dominação e impor a qualquer preço os costumes e os valores do antigo partriacardo e defendem uma pauta neoliberal e anarcocapitalista. Acrescentam-se a essas pautas a misogênia, a homofobia e o racismo totalmente alinhados ao pensamento arcaico do fascismo e nazismo. Ao atingirem o palco do poder político, essa bancada conservadora começam a expor em seus projetos de lei, principalmente contra os corpos femininos. Pois, querem passar a todo preço, leis anti-liberdades e uma delas é o projeto de lei - 1904, que torna crime o aborto em caso de estupro. Saiba, que ninguém é a favor do aborto, todavia há casos e casos. Nesse sentido, a gravidez de uma menina negra e pobre provocada por um crime de esturpo, em grande parte cometidos por conhecidos (pai, avô, tio, irmão e padrastro), sendo então ato recorrente, fará com que a aplicação de tal lei criminalize não o agressor e sim culpe a vítima. É a penalização da vítima. 

Para ilustramos outro exemplo de leis que podem incriminar pobres e negros está na hipocrisia do projeto de criminalização da maconha, que coloca no mesmo bojo usuário e traficante. Percebe-se nitidamente a intenção entre esses dois elementos. Dado que o usuário deveria ser tratado como um problema de saúde pública e não um caso de polícia. Já é patente no histórico policial que usuários de drogas ilícitas são criminalizados, geralmente pessoas pobres e negras que são encarceradas. O próprio tratamento da polícia é bastante distinto nos bairros de periféria, cuja maioria da população são agredidas e o uso da força de repressão do estado é empenhada com rigorosidade. Por outro lado, nos bairros nobres à ação policial  tem um tratamento diferenciado e mais cordial. Ações assim demonstram o despreparo da justiça com o cidadão. O emprego da violência policial tem endereço certo, e por isso vemos a excrescência como: um policial antigir 80 tiros em um negro trabalhador, ou usar metódos nazistas, como aquele de sufocar um homem negro dentro de uma viaura da PRF. Isso é o retrato da violência, a violência gratuida transformada em espetáculo. A mais pura sociedade do espetáculo debordiano. Em que, o capital e o seu acumulo geram desigualdades econômicas, sociais e culturais - dessa maneiram repelem os indesejáveis socialmente, colocandos-aos a margem. 

Não interessa aos detentores do dinheiro ter por perto crianças gerando outras crainças, abusadas pelos parentes, nem mesmo ter aolado mulheres negras e pobres em situação de vulnerabiliade, muito menos deparar-se com moradores de rua e homens negros e pobres, além de gays e lésbicas se beijando. Para essa elitizinha dogmática, conservadora, qualquer tipo de ser humano que lhe cause asco, nojo e náuseas deve ser banida,  afinal se acham limpos demais, branco demais e acima da própia sociedade. Tanto que seus serviçais só alcançam a porta dos fundos de suas mansões. Acham-se, essas elites, os intocáveis, os deuses do olimpo e desconhecem a realidade ao seu redor. Para sua segurança, servem-se do aparato policial, verdadeiros cães de guarda prontos para atacar e dilacerar aqueles que ousarem perturbar o sono e a paz dos donos do capital. O mais jocoso é que o cidadão comum, pobre é pagam para manter o sono tranquilo e celestial da elite. Nossos impostos colocados a serviço dos rentistas capitalistas. Então, de volta ao foco da matéria. A PL 1904, pelo seu conteúdo nefasto e perverso felizmente fez acordar a sociedade e mobilizá-la, ampliando as vozes da rua para indiginar-se contra tal projeto que pune meninas negras e pobres desse país. A tentativa de passar tal lei demonstra nitidamente que a classe política tem um lado, e não é o d a população, mas sim o lado do conservadorsimo hipócrita, mentiroso, racista, homofóbico e misogêno de homens brancos e cis, parte de uma elite energúmena.                  

sábado, 8 de junho de 2024

O agro não é pop, é popular!

Talvez falar deste assunto custa-me caro, sendo que não sou um especialista na área e não tenha a devida formação para tal. Mas como um bom disseminador de informação e conhecimento trazer à tona as mazelas que afligem esse país torna-se um dever que cabe a qualquer cidadão. Assim como os problemas econômicos, sociais e políticos necessitam de uma análise mais precisa e aprofundada, justamente por antigir diretamente a vida das pessoas. A questão agrária, ou melhor dizendo, o agronegócio (como a mídia gosta de denominar por entender que trata-se de grandes empresas) deve sim tomar parte nas críticas midiáticas e analisada sob a ótica da sociedade. Enfim, o modelo agrário brasileiro jamais deveria ser aquele que se apresenta nas propagandas fantasiosas de uma mídia parcial. Pois está muito distante da realidade de ser um astro pop. Mas quem comanda as regras do jogo aqui é o capital e ele necessita vorazmente de crescer e acumular-se, então vale tudo, principlamente travestir-se como elemento vital para sobrevivência econômica do país. A ideia de sermos o celeiro do mundo, cuja vocação está no plantio da terra, o solo sagrado produtor de sonhos e riqueza. Isso meus caros leitores, entendam como o capital introduz na mente das pessoas informações distorcidas, desconhecimento e falsas promessas. Nos subjugam, fazendo-nos acreditar que o "agronegócio" é solução para nos tirar do atoleiro econômico e via dourada para o desenvolvimento. Então, para que possamos compreender melhor essas artimanhas do capital, vamos recorrer aos fatos históricos e assim fazer um retrospecto do modelo agrário no Brasil. De antemão, se voltarmos aos àureos tempos do Brasil colônia toda a produção agrícola tem sua base na monocultura exportadora (acuçar, café, soja e milho), que no inicio do século do XVIII e até os fins do  século XIX caracteriza-se pela mão de obra dos escravos negros. Diga-se de passagem que fomos o último país da América a abolir o regime de escravidão e o racismo ainda faz-se presente até esses dias atuais. Parece que o pensamento do senhor de engenho (homem branco, cis e cristão) continua fortemente arraigado na sociedade, basta vermos alguns representantes do cenário político nacional (bancada da bala, da bíblia e do boi). Mas para não nos perdemos no assunto, vamos voltar ao que nos interessa - "o agronégocio" - esse potente motor que impulsiona a economia de nossa grande nação. Sim, em partes somos obrigados a reconhecer que o "agronegócio" impulsiona o desenvolvimento e a modernização do campo, contribui de maneira expressiva no PIB brasileiro, por gerar divisas na balança comercial, dado que grande parte está voltada para o mercado externo. Sim, reconhecemos que somos os maiores produtores de grãos, as chamadas comodditties (produtos primários e extrativismo). Além disso, os investimentos em novas tecnologias e maquinários agrícolas aquecem os setores industriais e do comércio. Seria isso suficente para apontarmos como vantangens do setor  do "agronegócio". Vejam que coloco entre aspas ao referir-se sobre o assunto, por  acreditar que as coisas não são bem assim. Pois, tem algo nebuloso, que precisa ser desnudado. Tudo bem meus queridos leitores, talvez seja implicância minha e vocês podem contra-argumentar dizendo: A expansão do agronegócio é benéfica pelo fato de impulsionar a modernização da produção, incorporar novas recnologias, ser o grande pilar da economia, refutar com dados e estudos que mostram ser 25% do PIB e que a revolução agrícola tem efeitos transformadores na sociedade brasileira, sendo então o maior exportador e produtor de alimentos do mundo. Realmente, estariámos loucos em negar que  somos uma potência agrícola, contra dados e estudos em tese não se discute. No entanto, todo e qualquer dado ou estudo precisa de análise e fundamentação. As pesquisas, metodologias, análises sejam quantitativas ou qualitativas requerem hipóteses, mensurações e também investigações. Há sempre uma balança, com dois pesos e duas medidas e certas avaliações exigem uma melhor acurácia. Isso é o fazer científico. Portanto, deve-se compreender que existem dois pólos, um positivo e outro negativo, e não estou falando de eletromagnetismo terrestre. A minha intenção é desvendar os verdadeiros interesses dos grandes latifúndios, terras improdutivas concentradas nas mãos de poucos. Muits dessas foram invadidas através de acordos sujos, acordos políticos nefastos e grilagem. Ações que se desdobraram em conflitos armados, assassinatos, massacres indígenas e morte de líderes de movimentos pela reforma agrária. A questão agrária no país nunca foi pacífica, sempre foi alvo de conflitos sangrentos. A grande mídia coloca no centro desse espetáculo os movimentos em prol da terra como os inimigos, os desordeiros, os arruaceiros - aqueles que invadem e tomam as terras dos pobres latifundiários (produtores e empresários do "agronegócio) - assim, vendem a imagem do MST como o vilão da história, cuja população tomam como uma verdade. Tal desconhecimento do povo a respeito do MST dá-se pela canalhisse  do conluio entre parte da mídia comprada, latifundiários, certos políticos e o aparato policial. A desinformação como objeto de manipulação impede que a sociedade entenda que os movimentos pela luta agrária são legítimos aos olhos constitucionais e suas demandas tem contríbuido imensamente pelo desenvolvimento agrário no país. O papel do MST tem gerado renda e ampliado de forma crecente a produção agropecuária, com produtos de qualidade e benefícos a saúde da população, por serem na maioria orgânicos e sem agrotóxicos. As pequenas propriedades de agricultura familiar são responsáveis pela maioria da produção interna e movimentam o abastecimento local. Ao passo que as grandes lavouras de monoculturas como soja e milho destinadas aos mercado externo tem impacto direto no meio ambiente e na mudança climática. São eles os defensores de defensivos químicos prejudiciais a saúde e ao solo. Por isso, a necessidade de rever o modelo agrário e desenvolver um setor agropecuário com base na agroecologia, na sustentablidade e nas melhores práticas agroinsdustriais. O setor também depende da criação de programas governamentais focados em estudos e pesquisas, além de crédito e emprestímos rurais com taxas de juros de baixo custo. O modelo agrário no país deve partir de um histórico com base nas práticas coletivas e sociais. Os incentivos públicos são essenciais tal desenvolvimento. O agro não é pop, mas sim popular, ou seja pertence a sociedade brasileira. Assim como os movimentos em prol da reforma agrária, que sofreram todo tipo de violência e descrédito.              

domingo, 5 de maio de 2024

A guerra de narrativas

 A linguagem foi o fator primordial para evolução humana, o desenvolvimento do homem se deu através das palavras. O balbuciar primitivo e grunhindos dos neandertais, as primeiras formas rudimentares de comunicação do homem sapiens, além de suas representações pictóricas demonstram a necessidade de sobrevivência em um planeta hostil. Isso faz de nós seres dependentes de uma convivência coletiva, baseada na troca de conhecimentos e informações, mas antes de tudo humanos dotados de uma capacidade inventiva, criativa pautados principalmente na conversação. O falar trata-se de uma caracteristica própria dos homens, e é desse falar, dessa conversação que se descortina toda linguagem com suas palavras, sons, gestos, signos e símbolos.  Por isso, a linguagem assume esse caráter dinâmico e mutável, que no tempo rompe barreiras e então se espraia  no tecido social. Observa-se nela uma certa liquidez, talvez uma necessidade incontrolável de expansão, como ocorre com a fluidez da água. Assim, dizemos: palavras são líquidas e mudam conforme o tempo e o espaço. 

As palavras formam textos,constrõem linguagens e servem de armas para dominação cultural. Permitem assim, as palavras desenvolvam narrativas - ou seja - fatos, histórias e discursos (muitas vezes vazios) na tentativa de apropriação da palavra do outro. Tal apropriação trata-se da dominação via um discurso a qual prevalece o excesso de símbolos, sendo uma exacerbação semiótica em detrimento da semântica - em suma -  do sentido (significado).  Pois é dessa maneira que atua a dominação cultural, ao corroer lentamente por fora e depois ao avançar de forma sorrateira o interior das culturas dominadas. Nem sempre essa dominação foi pacífica - ao contrário - culminou em  guerras com batalhas sangrentas.  

A exemplo, a dominação cultural do outro que se fez por meio da apropriação de símbolos foi visível no período da 2ª guerra mundial, quando a Alemanha toma de assalto as representações pictóricas orientais e subverte seu significado. A suástica - um símbolo religioso dos hinduistas e budistas, cujo siginificado representa a felicidade e sorte -  sob o dominio da Alemanha nazista tornou um sinal de horror, medo, destruição. Construi-se aí uma nova narrativa para o mesmo símbolo, o que era antes um sinal de paz e amor;  na mão outro virou um sinal de guerra e dominação. Trata-se da mais pura subversão do discurso, mote para aniquilar o outro. Esse modelo de narrativas, se assim podemos chamar pelo fato de não encontrar um termo melhor, ao longo do tempo se sofisticou enormente com o avanço das tecnologias midiáticas, principalmente com a TV e depois a internet. 

Pois, a aniquilação do discurso proveniente da proliferação das narrativas abrem precendentes para aquilo que denominaremos aqui de pós-verdade. Em primeiro lugar, a pós-verdade não trata-se de uma mentira, que contada mil vezes torna-se uma verdade, como afirmam os meios políticos. A pós-verdade é um termo genuinamente originado dessa era contemporânea criado para subverter a realidade, que utiliza-se dos meios midiaticos e tecnológicos da redes sociais para disseminação de algo que chamamos de fake news, ou melhor, notícias falsas. A intenção dessas fakes news vai muito além de gerar simples audiência, seu objetivo maior está na cultura do cancelamento ou seja, uma forma de destruir a narrativa do outro. Declarar uma guerra de narrativas com vista para acabar com a reputação do inimigo. 

Muito estranho é ver que o dito inimigo, o outro na verdade não existe é apenas um fantasma. Caso exista, deve ser aniquilado atravès de uma contra-narrativa. Bem, tudo não passa de uma batalha de egos feridos, vaidades e busca pelo poder. O que se deseja é um pensamento unificado, unilateral, sem qualquer polaridade. Já que a polaridade na visão da narrativas quebram o discurso do dominador e impede sua hegemonia de poder. Impelir um discurso sem contraponto, cuja opinião do outro é desconsiderada e não reconhecida fecha-se numa narrativa única e portanto desastrosa. O não ouvir o diferente, em que prevalece o falar e escutar apenas para si mesmo e o seus iguais desqualifica o lugar de fala, sendo que não enxerga o outro. Quando, coloca-se no direito de lugar de fala apenas aquele que detêm o cartão de oprimido recaí-se no identitarismo, na identidade idem - ou seja -  na identidade dos iguais. Fator este que em nada agrega na convivência real entre os diferentes, ficando assim no âmbito da individualidade. Em nada ajuda na cosntrução coletiva. 

As narrativas para que sejam de fato elementos agregadores e de construção de um pensamento coletivo precisam, antes de tudo, estar abertas aos dialógo e transistar por disntintas arenas sociais, políticas, econômicas e culturais. Mais uma vez sobre a guerra de narrativas, não temos com fugir, é uma batalha própia de nossa era contemporânea que tutiliza-se de armas poderosas, talvez mais destrutivas que bombas atômicas por destruírem reputações, devastrarem governos e pessoas. Enfim, nessa guerra nefasta prevalecem as melhores narrativas e vencem aqueles que controlam as massas, dominam os meios de comunicação. Portanto, a necessidade de se jogar o jogo da lingugem, diga-se uma linguagem suja, enviesada e pronta para desarmar qualquer um que ousar tentar tomar-lhe o poder. 

Diante de tudo isso, a tecnologia através de seus mecanismos de Inteligência Artificial (IA) já estão reproduzindo narrativas devidamente empacotadas e embaladas ao gosto do cliente. Grandes plataformas e redes sociais servem um amplo cardápio num discurso pronto e acabado para aqueles que anseiam pelo desejo de um falso poder.  A informação há um bom tempodeixou de ser sinónimo de poder. Agora a grande vedete do poder é a maquinaria e seu uso pelo capitalismo - focado em narrativas, que tem por dentro um discurso ensaiado e dominante - para alienar a sociedade e transformando-a em seres zumbificados, presos numa realidade paralela. Com isso, mídia, governoe grandes corporações travam uma guerra de "doces" narrativas para prender a atenção contínua de seus espctadores, simplórios consumidores da sociedade do espetáculo "debordiano", ou mesmo seres gadificados prontos para o abate. 

sábado, 13 de abril de 2024

A cidade e seus caprichos

Algum tempo atrás eu havia feito um pequeno texto sobre a cidade que encontra-se no meu livro: "Desconexão do mundo contemporâneo: narrativas em economia-política. Então, faço agora um retorno ao assunto com maiores destaques para algumas minúcias que não foram abordadas anteriores. Dessa  maneira, eu introduzo com uma importante parte da letra da música "A cidade" do saudoso Chico Science da banda Nação Zumbi. Assim diz ele que: "A cidade não para, a cidade só cresce, o de cia sobe e o debaixo desce... A cidade até está mais ou menos, uns com mais e outros com menos... A cidade encontra-se cada vez mais prostituída..." Essa é a realidade de nossas cidades neste Brasil gigante, crescimento desordenado, falta de planejamento público, aumento vetiginoso da violência e da insegurança na ruas, espaços púlicos tomados por usuarios de drogas e pessoas sem tetos que sobrevivem nas ruas e debaixos das marquises e viadutos. A cidade divide-se naqueles que se abrigam nos morros das favelas, cortiços e construções precárias de uma zona leste qualquer, enquanto nos condominios de luxos e mansões da zona sul imperam a riqueza e a opulência dos donos da cidade, dos imperadores e reis do capital. O avanço da especulação imobiliária que a gera a gentrificação, em que os imóveis antigos e os aluguéis baratos deixam de existir e assim expulsam os menos afortunados, numa migração forçada para as periferias e bairros distantes. No entanto, outros problemas aparecem com o crescimento desordenado das cidades. Aqui podemos exemplificar a mobilidade urbana, como conceito intimamente ligado ao caminhar, ao transitar pelas vias da cidade, isso nos dá ideia de uma rede, um sistema que envolve fluxos e contrafluxos numa distribuição dinâmica de toda infrastrutura viária. A mobilidade urbana teoricamente seria o caminho lógico de uma infraestrutura viária para que as pessoas pudessem se locomover nos arredores centrais da pólis. Porém, as vias disputam máquinas e homens numa batalha ferrenha, cujos homens sempre perdem. Vencem as máquinas. Do outro lado, há aqueles alijados do espaço público urbano, quando não vivem nas ruas, se amonatoam nos assentamentos precários marcados pela insegurança, pobreza, desemprego e todo tipo mazela social, A mais completa falta de dignidade humana. Fator esse que denominamos vulnerabilidade social, justamente pela dificuldade de acesso aos recursos básicos de higiene e renda. Essa divisão dos lugares citadinos provêm de uma certa segregação espacial histórica dotada de preconceitos, exploração e a manutenção de privilégios de algumas poucas famílias herdeiras do antigo patriarcado, que não deseja a mudança do  status quo. Por isso, cabe-nos reinvindicar o espaço da cidade, primeiro por pertenecer ao povo, ao coletivo. É aí que entra a noção  de comum, sendo aquilo que é de todos. O espaço urbano pertence ao seu Zé, a dona Maria e ao povo que nele habita, dado que se trata de uma construção social, histórica, justamente por estabelecer aspectos de conexão entre os individuos e grupos. E ao mesmo tempo a cidade, em seu aspecto físico, torna-se uma geradora de conflitos devido ás enormes diferenças culturais, sociais e econômicas. A partir deste ponto, vai carecer de planejamento e gestão para pelo menos atenuar tais conflitos, produto de uma segregação espacial subsidiada pelo avanço do capital. Digo então, a segregação espacial  jamais deveria ser enxergada com as lentes da normalidade, se o espaço da cidade pertence ao âmbito do coletivo. Qualquer cisão passa a ser uma afronta aos direitos e a liberdade das pessoas. Andar pelas calçadas e vias do espaço urbano e não ser agredido, apedrejado ou atropelado por máquinas, animais ou seres humanos consta como uma liberdade, um direito mínimo. Mas também, abolir as desigualdades entre áreas nobres e periferia - que talvez para muitos pareça um sonho utópico marxista, ou talvez coisa de comunista - na verdade poderia ser feito com vontade política, enfim o direito a dignidade humana contempla toda sociedade e inclui o indivíduo. As políticas públicas pertencem a todos, assim como a cidade e devem mitigar o caos e prever a locomoção e o bem-estar. A exemplo, ciar corredores que permitam o fluxo do trânsito caótico, investir em novos modais de transporte público mais eficazes, principalmente aqueles que atendam as necessidades dos residentes dos bairros periféricos por despenderem de maiores gastos em condução. O que de fato irá produzir efeto nas políticas públicas do espaço urbano será a participação democrática nas arenas públicas - como área de ação e decisão de embate público e social  -  visando a construção de uma governança dotada de uma rede de organizações, instituições e atores para agirem num processo interativo de tomada de decisões. A construção do espaço urbano se faz por meio de uma trama enredada por diversos atores sociais que tem comum um plano diretor, cuja finalidade está na setorização da cidade e nas melhores práticas da políticas públicas que possam vencer os velhos problemas decorrentes do tempo. Agora, querer entregar concessões e privatizar serviços básicos ou mesmo essenciais à iniciativa privada - por achar que o problema será solucionado - é a completa destruição das instituições republicanas e democráticas. Pois, é não compreender que o bem público pertence a população, nesse mesmo sentido a cidade e seus espaços são do povo e jamais devem ser mercadorizadas. Não se coloca preço nos recursos naturais; àgua, o ar, o fogo,a terra é livre e coletiva. O mesmo ocorre com o saber e o conhecimento, frutos do compartilhamento e do uso que são impagáveis.      

sábado, 9 de março de 2024

Precisamos reencantar o mundo desencantado do capital

Uma simples compreensão do ato de pensar, enquanto unidade da consciência humana nos diferencia de todo o resto do reino animal. Neste mundo animal, não somos o mais forte, o mais ágil, nem sequer estariamos de fato preparados para sobriver às graves mudanças climáticas que ainda estão por vir.  Talvez, sejamos um mero acaso probalistísco, uma aleatoriedade do grande caldo fervente e fusão de gases que deu origem ao planeta e suas primeiras origens de vida.  O ser humano, essa massa complexa que em seu nascer não tem qualquer habilidade para sobreviver neste planeta hóstil e perigoso. No entanto, estamos aqui vivendo a milhares de anos, por uma única razão, a capacidade de criarmos laços afetivos, ou seja, pelo fato de viver em comunidade e pertencermos a uma tribo. Isso faz de nós seres sociais e culturais, devido a linguagem e comunicação. Portanto, a ideia de uma vida individual e solitária marcaria totalmente a nossa extinção. A pretensão deste artigo não é fazer uma análise histórica-evolutiva do homem no tempo, mas sim entender como a evolução humana trouxe na linha do tempo as enormes disparidades socioeconômicos que afetam o planeta. Anteriormente, dissemos que a humanidade vingaria somente se houvesse o trabalho coletivo, ou melhor, o viver em comunidade. Essa coletividade pautada no pensamento de grupo permitiu a evolução  do ser humano e suas habilidades em construir objetos e ferramentas, armas rudimentares e principalmente a manipulação do fogo. No entanto, o cuidar uns dos outros demonstra o poder de sobrevivência da raça humana. No momento, que o homem transita da vida nômade para se fixar é o divisor de águas  para as primeiras sociedades primitivas. Como já sabemos, a partir deste momento aparecerá as máquinas, ferramentas, instrumentos e todo tipo de inovação tecnológica, assim como as regras, normas, costumes, leis, conceitos e culturas que irão normatizar avida em sociedade. Após este pequeno relato pré- histórico, percebe-se que a vida em comunidade não será lá um mar de rosas, como diz o ditado. Os percalços serão enormes, verdadeiros abismos sociais, econômicos e culturais. Ao começar pelos atritos entre comunidades, e mesmo dentro das próprias comunidades, gerando descontamentos e conflitos. Daí, as guerras, morticínios, além da disputas por poder. Há um desencantamento no mundo, segundo Weber, causado pelo pensamento racional e a subtração das crenças, dos valores e da cultura dos povos nativos, seria o fim da magia. Essa descrença ou desencantamento com o mundo abre um grande precendente para as falhas humanas, e tudo gira em torno do capital. Dado que, o capital passa a regrar a vida. Assim nos tornamos apenas corpos amorfos moldados pela vontade de acumulação do capital. Um mundo desencantado é um mundo sem tonus vital, e nos faz submergir num mar profundo de alienação e submissão. Trata-se de um excesso de racionalismo permeado por um processo civilizatório caótico e extremamemnte dominador. A falta de encantamento compactua com o individualismo, faz do homem um ser mais doente física e mentalemente, propenso aos vícios e a mesquinhez. Todas as mazelas do planeta está nas causas e consequências (karma) do desencantamento. O desencanto do mundo proveniente do capitalismo rege a dominação e o poder sobre a maioria das pessoas, que por sua vez delimita a riqueza a poucos privilegiados, enquanto outros vivem na miséria. Essa regra prevalece também na discriminação de raça, etnia e gênero; a qual negros e mulheres são alijados da sociedade e sofrem com o racismo, machismo, misogênia e transfobia. A concentração de renda, a inamovibilidade social, a desguidaldade social e econômica são temas recorrentes na sociedade atual, e não poderiam deixar de ser mencionados neste artigo. Já que estamos tratando da própia existência do humano. Marx  mostrou em seus estudos sobre o  movimento de acumulação do capital, o quanto foi perverso para classe trabalhadora. Estes mesmo estudos, ainda são discutidos e válidos na contemporaneidade atravês de autores que apontam o mais diferentes vieses do capitalismo, outros tentam demonstrar possíveis saídas e estratégias contrárias ao desencantamento do mundo. Todavia, ao se tocar na verdadeira ferida  social, que é a desigualdade social (aí englobamos um conjunto de miserabilidades, tais como: pobreza extrema, racismo, violência contra mulher, transfobia e outras mais) pouquíssimas são as vozes a defender a causa, no mais alguns esudiosos, pesquisadores e políticos de  esquerda. Nesse instante, os donos do poder preferem se calar, e fingir que a causa não são deles. Ao contrário, esses milionários e  bilionários colocam-se totalmente a direita e culpam as políticas públicas que carream recursos para atender os mais pobres e acusam o governo de assistencialismo e paternalismo. Portanto, reencantar o mundo é abrir a sociedade para um coletivismo, uma visão mais próxima do socialismo moderno que não se deixa subjugar pelo autoritarismo das ditaduras de direita ou de esquerda. A base do reencantamento não está na ideologia, mas sim numa linguaguem dialógica multicultural.   

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

A construção dialógica-idelógica do discurso: uma visão discriminatória

Talvez não saibamos direito, mas chegamos ao ápice de um mundo um tanto estranho e tenebroso. A volta de um passado hóstil e violento. Para sermos bem sinceros, a verdade é que nunca tivemos em toda nossa existência humana uma trégua de paz. As guerras, as pestes, a fome, as desigualdades nos acompanham à milénios e com o passar dos séculos só se tornam mais intensas e cruéis. Posso estar e desejo estar errado na minha narrativa sobre a natureza violenta do ser humano, prefiro acreditar na benevolência e no caráter coletivo da sociedade. Não vamos fazer aqui o jogo dos dogmas da religião em traçarmos a dicotomia simplória e infantil do bem e do mal, pois, o grande filósofo e pensador oitocentista Friedrich Nietzsche já nos colocava, diante de seu famoso Ubermesch (além do homem), a ideia de que estamos acima do bem ou do mal. Com tal afirmação, nós seriamos apenas seres viventes em função de uma vontande de desejos, de nos realizamos em plenitude. Justamente, nessa vontade de desejos que "metemos os pés pelas mãos", como diz o ditado popular. Trocando em miúdos, cometemos erros bárbaros cujas consequências nos levam a uma espiral insana de imbecilidades e bizzarices. Por outro lado, estar além do bem ou do mal pode nos torna mais humanos, e assim não sermos tão ensandecidos, ou melhor, tão "porras loucas" quanto parece. Enfim, temos ao nosso favor a racionalidade como capacidade intrínseca de criar elementos lógicos dedituivos e indutivos,  de refletir atos e ações enquantos indivíduos. O que de fato nos singualriza perpassa pelo âmbito da linguagem, somos humanos proprensos à comunicação e por meio da fala, da escrita e dos gestos mostramos todo nosso cabedal de significados. Ou seja, produzimos sentido  por meio da linguagem criando discursos. Então, o discurso faz de nos seres dialógicos e ideológicos. dialógicos, por sermos capazes de criar dialógos, falas e assim nos fazermos entender. A dialógica é o elemento básico da comunicação, por ela a dicotomia guerra e paz talvez ocorra sob a vontade de algum líder político a depender de sua estratégia comunicacional. No sentido ideológico da linguagem prevalece os aspectos subjetivos e interpetativos do discurso. O quanto pode-se fazer do discurso uma arma para inflar um ideal, um desejo, uma vontade. Sendo portanto, a ideologia um elemento de poder, dominação que recai principalmente sobre o domínio da política. Observa-se que os termos "dialógicos" e "ideológicos" perpetuam-se em si sentidos complementares, estão interligados. A construção ideológica depende do sentido dialógico do discurso para permear se nas entranhas da sociedade e dessa forma se incutir na mente dos indivíduos. Essa relação íntima dialógica-ideológica serviu muito bem a algumas nações para criar sentimentos ultranacionalistas em um aparelho propangandístico poderoso, que culminou no ódio contra os judeus e na segunda guerra mundial. Como já foi dito anteriomente, o espectro do tempo é dinâmico e ciclíco, em poucas palavras e com maior clareza, o mundo da voltas e chega num mesmo ponto. Pois é justamente isso que está a ocorrer novamente, a máquina dialógica-ideológica funciona em pleno vapor na contemporaneidade ao fornecer uma narrativa muitas vezes contraditória e inverossímil. Na maioria das vezes tentamos encontrar racionalidade num discurso ideológico que para nós não possui qualquer sentido lógico, mas para o outro é plausível e verdadeiro. Assim, constroem-se os antagonismos e força-se uma imposição seja de um povo sobre outro, de parte de elementos de uma sociedade sobre os outros elementos. É desses construtos dialógicos-ideológicos discursivos que nascem todo tipo de preconceito, discriminação e ódio gerador de desigualdade racial, gênero, sexual, social e econômico.                

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Demência

É tudo tornou-se escuridão, não há uma luz no final do túnel. Minha mente é um labirinto, da qual não consigo me libertar. Não vejo possibilidades futuras, sendo que não existe presente. Pois tudo é passado, apenas passado.

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Há imagens na tela que não consigo identificar, 
Apenas borrões de uma outrora longíqua que um dia me pertenceu,
Talvez, lá no fundo seja a imagem  de mi mesmo,
Que já  não consigo mais lembrar.

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As fotos antigas espelham rostos, corpos e almas que podem ser meu,
Em minhas memórias só há o vazio, o nada,
Tudo é um grande buraco, um enorme branco 
Não tenho mais passado,
Nem sequer almejo qualquer futuro,
Não, não há nenhum traço de desejo.

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Acordo todos os dias num corpo sem rosto, sem face, sem lembranças 
Não mais identifico aqueles que um dia foram meus,
Para mim são seres estranhos, se dizem filhos, netos, irmãos 
Parentes que num dia de inverno ou verão os amei.

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Desconheço os afetos, as emoçoes e os sentimentos;
Me resta apemas o medo,
Uma angústia profunda de não ter nem sequer mais o passado,
Que como o aço do martelo explode minha cabeça, 
Já o presente doí e corroí meu cotidiano.

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Desaprendi a viver as coisas básicas desse mundo,
Sou um ser incapaz de apontar  e denominar objetos, 
Por mais simples que sejam no dia a dia,
Vivo o pleno vazio do mundo existencial, 
Pura trevas de uma memória apodercida pelo tempo.

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Tudo é cinza, sem vida e sem cor, 
Cada dia é uma tormenta, uma tempestade constante,
Por não ter mais as lembranças que estão ali, 
dependuradas na parede da sala.

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Não, essa não é minha casa, 
Não é este meu lugar,
Quer ir embora  
Mas não sei para onde ir,
O que me resta, não sei dizer.

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Só sei que sou um corpo inerte 
Uma mente confusa e insadecida,
Sem cerébro, sem pensamentos e sem lugar,
Sou um corpo são em uma mente deteriorada pelo tempo.

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Às vezes esfuziante e radiante dotado de uma euforia,
Em outros momentos um ser passivo, 
Envolto em vôrtices depressivos, catatônico e confuso. 
 
  
  
 


Natureza

Natureza