segunda-feira, 1 de julho de 2024

A mais pura vontade de punir tudo

Parece brincadeira, mas o Brasil está caminhando para uma república ultra-conservadora e na contramão dos direitos democráticos e das liberdades individuais. Falo isso, pelo fato de termos uma casa legisalativa  um tanto retrógada e pautada em costumes que remontam os ideiais dos século XVIII e XIX. Esses tempos ditavam o patriarcado dos senhores de engenho, que dominvam os corpos e as mentes de suas esposa, filhos e escravos. Um modelo baseado numa sociedade escravista e machista, que tem a religião como um meio de amendrontar as atitudes não ditas civilizatórias do ser humano, ou seja, um Deus punitivo próximo as ações humanas. Com passar de século XX, ao adentrarmos o mundo pós moderno, contamporâneo, customes, atitudes, crenças e valores sofrem grandes mudanças. O pensamento avançado vindo de vários autores e filosófos do século XIX ganham força e rompe de vez com os ideias ultrapassadas do senhor de engenho. A religião não tem mais espaço para espraiar os antigos ritos de um deus vingativo que fomenta o ódio pelos humanos. O contemporâneo das decádas dos século XX abre margem para uma série de questinamentos e a necessidade profunda de romper com o velho, o atrasado e o decadente. As cidades passsam ser o centro da modernidade em sua arquitetura e na mobilidade de seus meios de transporte. A velocidade é o novo normal das ruas, tudo é rápido e efêmero. Nesses novos tempos, o homem busca  adequar-se  ao "modus operandi" da cidade. 

Vive-se a violência, a solidão e as  mazelas sociais de um sentimento baudelariano. Daí expôem-se a fragilidade dos corpos e das mentes humanas. Entra-se ao mesmo tempo, numa era de grandes avanços tecnológicos e de pluralidade fervilhante, em que desejos e vontades são expressadas de formas distintas em variadas matizes. Contudo, essa liberdade e vontade do ser parece estar ameaçada por pequenas células de extremo conservadorismo arraigado ao modelo partriarcal. O nascedouro do extremismo religioso aponta-se num horizonte fértil e ganham adeptos num novo pentecostalismo ultra-conservador, suas pautas atingem parte de uma população empobrecida, desescolarizada e muitas vezes formadas por aqueles banidos da sociedade, tais como: jovens envolvidos no crime e encarcerados que procuram a rendição divina; mães solteriras pobres e negras, homens que viveram no vício do álcool e drogas. Condiçoes de vida que permitem a fácil cooptação por essas novas religiões, cujo Deus é uma mera propoganda de marketing, um produto pronto para solucionar os problemas da vida cotidiana, ou melhor, um unguento para as mais variadas feridas da alma. Porém, não nos engamemos - esse novo evangelismo pentencostal começou colocar suas garras de fora e passou a conquistar os meandros da política. Criou-se na casas legislativas (Senado e Câmara) o mais bizarro grupo - a bancada evangêlica - que junto à bancada da bala e do boi formam a ala mais conservadora (extrema-direita). Renasce aí os ideiais fascitas ligados ao lema - Deus, pátria e familia. 

A bancada evangêlica composta por homens brancos, cis e conservadores querem remontar aos tempos de dominação e impor a qualquer preço os costumes e os valores do antigo partriacardo e defendem uma pauta neoliberal e anarcocapitalista. Acrescentam-se a essas pautas a misogênia, a homofobia e o racismo totalmente alinhados ao pensamento arcaico do fascismo e nazismo. Ao atingirem o palco do poder político, essa bancada conservadora começam a expor em seus projetos de lei, principalmente contra os corpos femininos. Pois, querem passar a todo preço, leis anti-liberdades e uma delas é o projeto de lei - 1904, que torna crime o aborto em caso de estupro. Saiba, que ninguém é a favor do aborto, todavia há casos e casos. Nesse sentido, a gravidez de uma menina negra e pobre provocada por um crime de esturpo, em grande parte cometidos por conhecidos (pai, avô, tio, irmão e padrastro), sendo então ato recorrente, fará com que a aplicação de tal lei criminalize não o agressor e sim culpe a vítima. É a penalização da vítima. 

Para ilustramos outro exemplo de leis que podem incriminar pobres e negros está na hipocrisia do projeto de criminalização da maconha, que coloca no mesmo bojo usuário e traficante. Percebe-se nitidamente a intenção entre esses dois elementos. Dado que o usuário deveria ser tratado como um problema de saúde pública e não um caso de polícia. Já é patente no histórico policial que usuários de drogas ilícitas são criminalizados, geralmente pessoas pobres e negras que são encarceradas. O próprio tratamento da polícia é bastante distinto nos bairros de periféria, cuja maioria da população são agredidas e o uso da força de repressão do estado é empenhada com rigorosidade. Por outro lado, nos bairros nobres à ação policial  tem um tratamento diferenciado e mais cordial. Ações assim demonstram o despreparo da justiça com o cidadão. O emprego da violência policial tem endereço certo, e por isso vemos a excrescência como: um policial antigir 80 tiros em um negro trabalhador, ou usar metódos nazistas, como aquele de sufocar um homem negro dentro de uma viaura da PRF. Isso é o retrato da violência, a violência gratuida transformada em espetáculo. A mais pura sociedade do espetáculo debordiano. Em que, o capital e o seu acumulo geram desigualdades econômicas, sociais e culturais - dessa maneiram repelem os indesejáveis socialmente, colocandos-aos a margem. 

Não interessa aos detentores do dinheiro ter por perto crianças gerando outras crainças, abusadas pelos parentes, nem mesmo ter aolado mulheres negras e pobres em situação de vulnerabiliade, muito menos deparar-se com moradores de rua e homens negros e pobres, além de gays e lésbicas se beijando. Para essa elitizinha dogmática, conservadora, qualquer tipo de ser humano que lhe cause asco, nojo e náuseas deve ser banida,  afinal se acham limpos demais, branco demais e acima da própia sociedade. Tanto que seus serviçais só alcançam a porta dos fundos de suas mansões. Acham-se, essas elites, os intocáveis, os deuses do olimpo e desconhecem a realidade ao seu redor. Para sua segurança, servem-se do aparato policial, verdadeiros cães de guarda prontos para atacar e dilacerar aqueles que ousarem perturbar o sono e a paz dos donos do capital. O mais jocoso é que o cidadão comum, pobre é pagam para manter o sono tranquilo e celestial da elite. Nossos impostos colocados a serviço dos rentistas capitalistas. Então, de volta ao foco da matéria. A PL 1904, pelo seu conteúdo nefasto e perverso felizmente fez acordar a sociedade e mobilizá-la, ampliando as vozes da rua para indiginar-se contra tal projeto que pune meninas negras e pobres desse país. A tentativa de passar tal lei demonstra nitidamente que a classe política tem um lado, e não é o d a população, mas sim o lado do conservadorsimo hipócrita, mentiroso, racista, homofóbico e misogêno de homens brancos e cis, parte de uma elite energúmena.                  

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