Uma simples compreensão do ato de pensar, enquanto unidade da consciência humana nos diferencia de todo o resto do reino animal. Neste mundo animal, não somos o mais forte, o mais ágil, nem sequer estariamos de fato preparados para sobriver às graves mudanças climáticas que ainda estão por vir. Talvez, sejamos um mero acaso probalistísco, uma aleatoriedade do grande caldo fervente e fusão de gases que deu origem ao planeta e suas primeiras origens de vida. O ser humano, essa massa complexa que em seu nascer não tem qualquer habilidade para sobreviver neste planeta hóstil e perigoso. No entanto, estamos aqui vivendo a milhares de anos, por uma única razão, a capacidade de criarmos laços afetivos, ou seja, pelo fato de viver em comunidade e pertencermos a uma tribo. Isso faz de nós seres sociais e culturais, devido a linguagem e comunicação. Portanto, a ideia de uma vida individual e solitária marcaria totalmente a nossa extinção. A pretensão deste artigo não é fazer uma análise histórica-evolutiva do homem no tempo, mas sim entender como a evolução humana trouxe na linha do tempo as enormes disparidades socioeconômicos que afetam o planeta. Anteriormente, dissemos que a humanidade vingaria somente se houvesse o trabalho coletivo, ou melhor, o viver em comunidade. Essa coletividade pautada no pensamento de grupo permitiu a evolução do ser humano e suas habilidades em construir objetos e ferramentas, armas rudimentares e principalmente a manipulação do fogo. No entanto, o cuidar uns dos outros demonstra o poder de sobrevivência da raça humana. No momento, que o homem transita da vida nômade para se fixar é o divisor de águas para as primeiras sociedades primitivas. Como já sabemos, a partir deste momento aparecerá as máquinas, ferramentas, instrumentos e todo tipo de inovação tecnológica, assim como as regras, normas, costumes, leis, conceitos e culturas que irão normatizar avida em sociedade. Após este pequeno relato pré- histórico, percebe-se que a vida em comunidade não será lá um mar de rosas, como diz o ditado. Os percalços serão enormes, verdadeiros abismos sociais, econômicos e culturais. Ao começar pelos atritos entre comunidades, e mesmo dentro das próprias comunidades, gerando descontamentos e conflitos. Daí, as guerras, morticínios, além da disputas por poder. Há um desencantamento no mundo, segundo Weber, causado pelo pensamento racional e a subtração das crenças, dos valores e da cultura dos povos nativos, seria o fim da magia. Essa descrença ou desencantamento com o mundo abre um grande precendente para as falhas humanas, e tudo gira em torno do capital. Dado que, o capital passa a regrar a vida. Assim nos tornamos apenas corpos amorfos moldados pela vontade de acumulação do capital. Um mundo desencantado é um mundo sem tonus vital, e nos faz submergir num mar profundo de alienação e submissão. Trata-se de um excesso de racionalismo permeado por um processo civilizatório caótico e extremamemnte dominador. A falta de encantamento compactua com o individualismo, faz do homem um ser mais doente física e mentalemente, propenso aos vícios e a mesquinhez. Todas as mazelas do planeta está nas causas e consequências (karma) do desencantamento. O desencanto do mundo proveniente do capitalismo rege a dominação e o poder sobre a maioria das pessoas, que por sua vez delimita a riqueza a poucos privilegiados, enquanto outros vivem na miséria. Essa regra prevalece também na discriminação de raça, etnia e gênero; a qual negros e mulheres são alijados da sociedade e sofrem com o racismo, machismo, misogênia e transfobia. A concentração de renda, a inamovibilidade social, a desguidaldade social e econômica são temas recorrentes na sociedade atual, e não poderiam deixar de ser mencionados neste artigo. Já que estamos tratando da própia existência do humano. Marx mostrou em seus estudos sobre o movimento de acumulação do capital, o quanto foi perverso para classe trabalhadora. Estes mesmo estudos, ainda são discutidos e válidos na contemporaneidade atravês de autores que apontam o mais diferentes vieses do capitalismo, outros tentam demonstrar possíveis saídas e estratégias contrárias ao desencantamento do mundo. Todavia, ao se tocar na verdadeira ferida social, que é a desigualdade social (aí englobamos um conjunto de miserabilidades, tais como: pobreza extrema, racismo, violência contra mulher, transfobia e outras mais) pouquíssimas são as vozes a defender a causa, no mais alguns esudiosos, pesquisadores e políticos de esquerda. Nesse instante, os donos do poder preferem se calar, e fingir que a causa não são deles. Ao contrário, esses milionários e bilionários colocam-se totalmente a direita e culpam as políticas públicas que carream recursos para atender os mais pobres e acusam o governo de assistencialismo e paternalismo. Portanto, reencantar o mundo é abrir a sociedade para um coletivismo, uma visão mais próxima do socialismo moderno que não se deixa subjugar pelo autoritarismo das ditaduras de direita ou de esquerda. A base do reencantamento não está na ideologia, mas sim numa linguaguem dialógica multicultural.
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