Ainda nesse "continuum" da
vibração noética dentro da noosfera buscamos enfatizar a amplitude do tema
e a sua força nas mudanças de pensamento. Por isso, gastaremos mais um tempo
aqui para discorrer a respeito do assunto. Afinal, trazer os conceitos, as
definições, as práticas e saberes do ambiente noético circunscrito no
pensamento filosófico contemporâneo torna-se mister para a
construção de um mundo mais equilibrado do ponto de vista ecológico, social,
econômico e político. Nese texto, a intenção maior tem como foco a compreensão
da noosfera e seus impactos nos diferentes espaços ocupados pela sociedade, por
exemplo: A relação da noosfera com a tecnologia, a economia e meio ambiente
típicos da civilização moderna. O pontapé inicial é enxergarmos a noosfera como
um ambiente noético que busca representar toda uma dimensão coletiva humana que
se manifesta e se expande através das redes e das tecnologias de informação e
comunicação. Com isso, percebemos o caráter tecnológico da noosfera, dado que
sua evolução se realiza por meio da inovação computacional própria de uma
sociedade engajada na informação e no conhecimento. Certamente, sem esses
mecanismos tecnológicos a noosfera não prosperaria com tanto êxito. Mas enfim,
o que é de fato a noosfera? A partir dessa pergunta, faremos aqui algumas
considerações. Bem, a origem do termo: Criado por Pierre Teilhard de
Chardin e Vladimir Vernadsky nos anos 1920, Significa: “Esfera da mente” -
uma camada da Terra composta pela consciência coletiva da
humanidade. Natureza noética: A noosfera é um campo de pensamento, ideias,
cultura e espiritualidade que transcende o físico e o biológico. A noosfera
atravessa o ambiente noético, onde prevalece a consciência de um espaço cujo
pensamento humano se interconecta e forma uma rede de significados, valores e
intuições. Além disso, procura integração espiritual e racional, pois então une
razão, emoção, espiritualidade para superar a fragmentação cartesiana. Por
último, tem uma base na ecologia integral ligada à ideia de uma evolução
consciente da humanidade, promovendo unidade na diversidade. Como já
construímos e internalizamos esse pequeno conceito do ambiente noético e suas
conexões com o mundo atual, precisamos agora entender sua atuação nas redes e
nas TICs. Em primeiro lugar, a internet como espaço de manifestação da
noosfera, dado que a rede mundial de computadores permite trocas instantâneas
de ideias e conhecimentos. As plataformas digitais funcionam como
"nervos" da noosfera, ao conectar mentes em tempo real. Já as redes
sociais e fóruns facilitam a disseminação de saberes, experiências e
valores; criam comunidades de pensamento que transcendem fronteiras geográficas
e culturais; as tecnologias de inteligência artificial, realidade virtual e big
data podem ampliar a consciência coletiva se usadas com propósito ético e
consciente. Por outro lado, os impactos e desafios, não devem ser
desconsiderados, existem e precisam ser analisados e avaliados. Enfim, são
riscos eminentes para o ambiente noético. Alguns riscos como: disseminação de
desinformação, polarização e bolhas cognitivas, dependência tecnológica
excessiva e superficialidade nas interações. Pois, vencer esses desafios e
riscos requer um caminho consciente e exige cultivarmos a diversidade de
pensamentos e expressões. Ao mesmo tempo, criarmos uma educação mais crítica
para que possamos navegar e contribuir positivamente na noosfera. É utilizar a
tecnologia com propósito de promover empatia, sabedoria e transformação
social. Junto à tecnologia e as redes, a noosfera pode facilmente promover
práticas sustentáveis, educação ambiental e mobilizar globalmente as causas
ecológicas. Portanto, a noosfera - esse "locus" da
consciência humana coletiva - funde-se profundamente ao meio ambiente e aos
recursos naturais, especialmente orientada por uma ética que transcende o
utilitarismo e reconhece a interconexão espiritual e ecológica entre os todos
os seres. Denominada de ética noética. Trata-se de uma visão integrada, uma
consciência ecológica coletiva que vai requerer de cada um de nós uma
responsabilidade planetária. Não somos os dominadores e sim parte integrante da
natureza. É uma interdependência sistêmica, ou seja, nossas ações nos
afetam diretamente. A ética noética reconhece que todas as formas de vida
estão interligadas. Assim, o cuidado com o meio ambiente é uma expressão direta
da consciência espiritual e moral da humanidade. O caminho está em superar toda
forma de exploração predatória, para isso a noosfera propõe um modelo de
relação com os recursos naturais baseados na sustentabilidade, respeito e
equidade intergeracional. Por isso, a ética noética guia-se pela consciência
interna de cada ser que reconhece o valor intrínseca da vida. O pensamento
noético talvez seria o grande motor de uma transformação civilizatória, como
foi o iluminismo, ou a revolução industrial. Uma mudança de paradigma: da
racionalidade instrumental à racionalidade espiritual e ecológica. No entanto,
implica em:
- reconfigurar a economia da lógica de extração
para a lógica da regeneração;
- revolução cultural que valorize o bem comum, a
simplicidade e cooperação;
- política planetária cuja governança baseia-se na
ética e preservação da vida.
A transformação
civilizatória proposta pelo pensamento noético recai fortemente sobre como
devemos reestruturar os meandros e limites da democracia atual. Sabemos que as
democracias estão atravessando uma crise profunda, marcada pela perda de
legitimidade, desigualdade estrutural e violência institucional. A proposta
noética está em conceber uma alternativa espiritual, ética e consciente
frente as limitações das democracias liberais e à normalização da violência
estatal. Portanto, recriar a democracia como um projeto humanista, baseado na
empatia, na escuta e na consciência coletiva. Dessa forma, superar a lógica
da dominação e do controle, substituindo-a por uma ética relacional e comunhão
de valores. Infelizmente, é próprio dos nossos tempos a violência estatal, onde
o estado detém o monopólio da violência institucional, muitas vezes
legitimada juridicamente, mas que pode se manifestar de forma simbólica,
estrutural e física, que contradiz os princípios fundamentais do direito e
da justiça, criando uma tensão entre legalidade e legitimidade. Nesse caso, a
resposta dada pelo pensamento noético dirige-se a uma não-violência inspirada
em pensadores como Hannah Arendt e Gene Sharp, como forma legítima de
resistência e transformação. Então, enxerga-se a justiça como expressão da
consciência ética coletiva, não apenas como norma imposta. e assim defende-se
uma educação da consciência como ferramenta para superar a violência e promover
a paz social. Enfim, quais seriam os destinos da democracia no mundo noético?
Talvez uma ou mais respostas, talvez as respostas nem sequer a teríamos de
pronto diante das enormes contradições do mundo em que vivemos. Quem sabe o
caminho estaria numa educação consciente, critica e de compaixão; ou mesmo nas
tecnologias de conexão, através das redes digitais para
fortalecer comunidades conscientes e práticas democráticas horizontais. Ou
ainda, numa política de cuidado que substitua a lógica da competição pela
lógica da cooperação e do cuidado mútuo. Em resumo, o pensamento noético
propõe uma visão elevada e integradora da consciência humana, mas ao se
confrontar com a realidade do mundo contemporâneo, surgem diversas contradições
e tensões, tais como: materialismo; desconexão humana, racionalismo excessivo,
consumismo, reducionismo e mecanicismo. A ciência moderna ainda resiste à
validação de experiências subjetivas como fontes legítimas de conhecimento, e
o excesso de estímulos digitais pode reduzir a capacidade de introspecção
e percepção intuitiva.
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