sábado, 9 de agosto de 2025

Do cartesiano ao noético: paradigmas em transição

Há um tema que me é muito caro, Pois, a ótica da contemporaneidade não me desperta tanto interesse, até mesmo por ser um tanto complicada, digo complicada!! é não complexo. - ou seja - duas coisas bastante diferentes. Entender essa sociedade, que alguns denominam pós-moderna requer um olhar crítico num sentido negativo. Afinal para onde estamos caminhando? não sabemos se é para o um túnel sem fim, escuro e frio, ou para um abismo profundo, infinito. Parece que a tendência é o fim da humanidade. Então, evolucionismo, complexidade, mudanças, revolução estão aí, descritas como temas recorrentes na literatura atual. Necessidade constante e patente na busca de novos caminhos para esses problemas tão serveros que afligem cotidianamente a sociedade. O complexo não é de maneira alguma o complicado, o simplório. A complexidade está mais para aquilo que foge da nossa compreensão, enquanto humanos. Pertence ao campo do desconhecido, do sobrenatural e da magia tudo aquilo que mexe com os nossos medos, emoções e angústias - é o complicado. Por outro lado, o complexo repousa sobre o trivial, o cotidiano. Está no fazer dos cientistas, dos pesquisadores, dos músicos, dos artistas, soas escritores e até mesmo, talvez, dos gestores, cujas mentes brotam uma capacidade criativa inaudita. Num pensar fora do modelo cartesiano, metodológico, linear - próprio de um pensamento enclausurado, preso às amarras do antropocêntrico (o homem como o centro do universo, infalível, cheio de si, narcisico); racionalista - típica ciência egocêntrica. É desse pensamento cartesiano que molda-se a humanidade. Com isso, criamos  Deus através da religião e nela adicionamos dogmas, ritos, costumes, sacrifícios, crenças, valores e mitos. Nessa mesma religião, em que Deus pregava a bondade, a humildade, a compaixão e o amor, faz-se a contradição nos atos de adoração de ídolos e imagens;  perseguição, condenação e morte; guerras santas; e no mundo moderno coloca-se a frente das grandes guerras mundiais. Dessa forma a religião vende-se aos modelos econômicos, trabalha de maneira subserviente aos ditames do capitalismo e transforma a fé em mercadoria. Assim, se esquece dos princípios básicos deixados nas palavras proferidas pelo Cristo salvador. O capitalismo de mãos dadas às religiões cristãs encontra o ambiente perfeito para sua acumulação. Se capital não se alimenta das forças produtivas, ou, do mercado financeiro - está fadado a morrer de inanição. Em crises correntes, ele se apodera dos governos, muda de mãos e cria mecanismos de sobrevivência. Quem paga?  A sociedade. Esta é a lógica cartesiana, simplista, racional, que não deseja mudança e sacrifícios para desenvolver uma nova sociedade - uma nova era.  A partir desta pequena introdução, iniciaremos uma breve análise a respeito de um novo recomeço. Procuraremos aqui delinear, quem sabe, alguns parâmetros para uma nova sociedade. A sociedade do conhecimento, ou melhor, a era do conhecimento: pautada no pós-capitalismo. Portanto,  tentar entender como poderemos redesenhar um mundo menos caótico, menos hóstil e bem menos desigual. Do ponto de vista histórico, esse planeta nunca foi um lugar confortável e amigável ao homem, Ao voltarmos nos idos dos séculos passados, o mundo vivia seus momentos sombrios e tenebrosos, principalmente nos meados da idade média e boa parte da modernidade. Tempos proprícios à morte por doenças infecto-contagiosas, completa falta de higiene pessoal e social, níveis alarmantes de mortalidade, baixa expectaiva de vida, fome e uma população na mais completa miséria. Os escritores da época não nos deixam mentir e retratam muito bem em suas obras. No entanto, não iremos aprofundar neste texto tais questões referentes a esse período. Apenas que no sirva de ilustração para o quanto avançamos em termos de desenvolvimento humano. Porém, na atualidade muitas sociedades ainda encontram-se em patamares equivalentes aos medievais. Posto de lado tal observação. A tecnologia da informação, os meios de comunicação, os computadores, as redes e a internet conseguiram se colocar na cauda da evolução e da inovação tecnológica. Não podemos negar, seja por bem ou por mal, o avanço da tecnologia foi fruto direto do capitalismo. Mas esse avanço poderia se dar mesmo em outros sistemas econômicos e com tecnologias diferentes, talvez mais evoluídas e coletivas. Mas, continuemos naquilo que temos por hora. As tecnologias não nasceram primordialmente desse capitalismo de plataforma, financeiro, cujo dinheiro produz apenas mais dinheiro. E sim, de um modelo fordista e taylorista, baseado no trípe: homem - produção - capital. Mesmo assim, com toda essa revolução tecnológica, ainda prevalece o ideal cartesiano, racionalista  cuja base econômica finca-se no consumismo - na lógica da oferta e da procura. O aspecto econômico, cujos planos voltam-se eminentemente à produção em grande escala, a contrariar totalmente as previsões de escassez dos economistas mais proeminentes da mídia. Isso impacta diretamente no uso dos recursos naturais, fere todo equilíbrio ecológico e gera instabilidade ao ambientes terrestre.  Todo esse pensamento racional e cartesiano vem particamente dominando a sociedade por mais de 500 anos, e continua dominante em nossos dias atuais. Influencia as artes, a arquitetura, a educação, a política, a economia, os modos de consumo, os valores sociais, a religião e tudo mais. Não importa o modelo econômico em vigor (seja capitalismo, comunismo, socialismo, social-democracia ou qualquer outro), a base do racionalismo é imperativo. A ciência e suas metodologias, hipóteses, experimentos, análises e coletas de dados estão fincadas sob o tacão dos valores e costructos do cartesianismo (análise, reduação e exaustividade), Um viês que se complemente pela dicotomia, dialética e dualidade. Trata-se de uma ciência bidimensional, binária (verdadeira ou falso; zero e um; ser ou não ser). Em pleno ambiente de redes, Internet, Inteligência Artificial, computação quântica e plataformas não cabe mais os domínios pantanosos do estar "on" ou "off".Precisamos ir além, dar um pulo para o futuro real e rearranjar as configurações da nossa sociedade. Quiça, uma trilha palátavel estaria na quebra dos paradigmas vigentes e saltarmos de cabeça num paradigma que caibam conhecimentos e aprendizagens multidimensionaise ominidirecionais, cujas setas apontem as mais variadas direções. Quem nos permite uma direção a respeito dessa mudança paradigmática do cartesiano rumo a era do conhcimento é o escritor Marc Hálev, em seu livro: A era do conhecimento (2010). Bem, o autor apresenta-nos a ideia da Noosfera - uma camada envolvida por saberes, conhcimentos e mística ligadas por redes de conhecimentos e ideias que tem por objetivo provocar e desenvolver processos de criaçãom, transformação e transmissão verticais de informação,conhcimentos e saberes. Vertical, por insistir na profundidade, assim como as raízes das arvóres. A princípio, no que toca ao pensamento noético - fruto da noosfera - visa a superação dos ideiais clássicos e simples do cartesianismo. Não é romper, de fato, com a lógica aristotélica  e sim ampliar os modos de pensamento que visem a intuição, a metáfora e o caráter holístico (as partes são bem maiores que o todo). O modo de pensar noético refere-se ao conhecimento baseado em sistemas complexos, dinâmicos e evolutivos, não cabe mais dentro da cultura naturalista, antropocêntrica, mercantilista do capital,que dita as regras de consumo, mercado e industrialista. Segundo Halévy, o noético parte de uma ruptura com as antigas estruturas institucionais, políticas e econômicas de um classicismo arcaico, caduco. Sobrevivemos atualmente num planeta depredado, destruído pelo excesso consusmistas. Um modelo econômico que retira da natureza os recursos escassos, além de poluir, devastar o ambiente. Não somos o centro do universo,não temos o direito de usurpar das águas, das florestas, do solo para favorecer uma pequena fração da população. Daí a visão noética para nos colocar nos mesmo degrau da natureza. Lembremos, somos parte dela e não um Deus, que se acha acima de tudo. Dái a necessidade de religar o homem à natureza, reconectá-lo à terra. Esse é o pensamento noético de Halévy. Contudo, certa questões apontadas pelo o autor fica apenas no âmbito da utopia, do irrealizavel. Não por que possa parecer um tanto quimêrico ao alçar voos impossíveis. Para ser mais claro e objetivo, tivemos durante mais de cinco séculos uma formação cartesiana. Aprendemos que toda evolução humana só se realizou por meio de uma vocação estruturada numa base racionalista, positivista e compartimentada. Os modelos educacionais, científicos, acadêmicos e sociais vieram da tradição e dos costumes já prontamentes experimentados. Os próprios layouts das escolas e universidades nos esnsinaram que há um hierarquia a ser obedecida. Da mesma forma ocorrem nos hospitais, nas prisões, nos quárteis e nas reparticões públicas. Fomos ensinados a obedecer, a cumprir ordens, a seguir regras e qualquer coisa fora disso é pura transgressão. Na política e na economia o caminho segue da mesma maneira, ainda que vivemos pela democracia, pelos direitos humanos. Impera nos bastidores a dominação pelo poder (dinheiro ou as ações políticas). A aliança política e economia nos fez acreditar numa democracia, que temos a liberdade para expressar opiniões, lutar por direitos. Ledo engano! O universo democrático foi apenas uma invenção do capitalismo para extrair o máximo de nossa rasa capacidade. Nos transformou em consumidor, desejosos de mercadorias. Liberdade apenas para consumir,e se tivermos meios financeiros para isto, do contrârio , nem isso. Agora, se reinvindicamos e vamos à rua para protestos, os aparelhos repressivos do Estado imediametamente entram em ação. A polícia, instituição de proteção. Mas proteção de quem? da população? ou dos políticos e da elite? fica a pergunta. O Estado detêm o monopólio da violência e usa a polícia (cães de guarda estatal, ferozes e incapazes de pensar) para reprimir, agredir, violentar e matar aqueles que se manifestam contra o "status quo" em favor da democracia. Ai está a resposta. Então, que democracia é essa? cujas pessoas são tolhidas por forças políticas,estatais e policiais. Demonstração clara de que os pilares da sociedade são carcomidos, viiciados e prestes a ruir. A democarcia por eles apregoados aos quatros ventos soam como um enorme engodo. Uma grande mentira! Permanecemos ainda nas trevas da inquisição. Por ser diferente e não aceitar migalhas deixadas por esse regime apodrecido, de homens coniventes com um sistema a beira da falência, tentam nos fazer cheio de ilusões e certezas dentro de uma razão postulada de crenças e valores moldados. Forçaram uma fé num Deus criado para punir, cheio de dogmas e preceitos. Com isso nos castram e nos esterilizam a verdade. Subjugam-nos a um mundo de fantasia. 

HALÉVY Marc. A era do conhecimento: princípios e reflexões sobre a revolução noética no século XXI. São Paulo: UNESP, 2010. 348 p.

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