sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Compreendendo o liberalismo de Adam Smith

 

Em a riqueza das nações das nações, importante obra de Adam Smith faz uma pequena análise das taxas de juros adotadas na Inglaterra do século XVI, assim diz Smith: "os juros decretados pelo reinado de Henrique VIII não poderiam ser superiores a 10%”, da mesma forma dos monarcas anteriores e posteriores a Henrique VIII mantivera as taxas de juros nesses patamares. Isso indica que havia uma preocupação desses monarcas com o equilíbrio econômico da Inglaterra e assim evitar as pressões inflacionárias e manter o controle de preços.

O liberalismo de Adam Smith aponta, talvez inequivocamente, que a política de Estado é o instrumento provocador da desigualdade. No entanto, vemos que o papel do Estado é fundamental, sendo ele o único capaz de construir políticas para suplantar os disparates econômicos causados pela iniciativa privada. A própria escassez de produtos faz parte do jogo capitalista para manipulação de preços, geralmente a elevação dos preços.

Na visão de Adam Smith, o preço mínimo é aquele que consegue simplesmente repor - com pequeno lucro - o capital empregado para colocar a mercadoria no mercado. Parece, no entanto, que Smith não faz uma distinção entre lucro e renda, por que para ele o capital sempre vai buscar renda de acordo com sua necessidade. Portanto, emprega-se o capital no intuito de proporcionar renda ou lucro, sendo esse o viés liberal de cunho capitalista. Esse circuito descrito por Adam Smith, cujo capital entra numa espiral para se obter, fabricar, comprar e vender bens tem apenas uma proposta renda e lucro. Da mesma forma, é o dinheiro que gera lucro quando colocado no mercado financeiro para trazer renda por meio das taxas de juros. O dinheiro, nas palavras de dele "é o único componente do capital circulante de uma sociedade, cuja manutenção pode acarretar alguma diminuição na renda líquida da mesma". (SMITH, 1996, p.293).    

Em relação aos juros, Adam Smith permite-nos compreender melhor a noção sobre credor e devedor, ao dizer que o dinheiro emprestado a juros é considerado capital pelo credor (aquele que fornece parte de seu capital a outrem) e no tempo espera ser restituído pelo devedor (aquele toma de empréstimo) a uma taxa previamente estipulada. Nesse, caso trata-se de um trabalho improdutivo em há apenas renda sobre um capital.    

Sobre o trabalho Adam Smith coloca que: "o trabalho, não se deve esquecer, e não qualquer mercadoria ou conjunto de mercadoria em especial constitui medida real do valor, tanto da prata como de todas as outras mercadorias".  Por outro lado, Marx também aponta o trabalho como valor, somente a valor nas coisas quando existe trabalho nelas embutido. Porém, Adam Smith diferentemente de Marx, vai enfatizar o trabalho no setor agrário, onde a elite é composta por nobres proprietários de terra, até mesmo pelo fato de ser uma realidade de sua época em que o campo é o espaço de luta dos trabalhadores. A relação colocada por Adam Smith envolve o preço de produtos produzidos no meio rural.    

A sociedade de Adam Smith difere da sociedade de Marx, que se caracteriza por ser uma sociedade mais primitiva, onde não havia divisão do trabalho e as trocas seriam mais raras. Portanto, sem a necessidade de acumulação de capital. Somente com a divisão do trabalho, que se trata segundo Adam Smith de um produto do trabalho de uma pessoa para atender a uma pequena parcela de suas necessidades.   

No livro as "riquezas das nações "Adam Smith fala de duas formas de trabalho, sendo o primeiro o produtivo aquele que acrescentam, ou seja, produza valor e assim gera lucro para os donos dos meios de produção. Já o segundo -conforme o autor - envolve o trabalho improdutivo, que não apresenta valor produtividade.

Para Adam Smith a proporção entre capital e renda completa-se numa relação oposta entre aqueles que trabalham e aqueles que não trabalham. Assim, afirma ele: "onde predomina o capital, prevalece o trabalho e onde se tem a renda, a ociosidade impera". O autor nos faz lembrar da antiga nobreza composta por condes, barões, viscondes, marqueses que viviam praticamente no ócio, às custas das rendas de suas terras. A fala de Adam Smith apresenta fortemente suas convicções liberais, de que o capital em movimento é o motor central do trabalho.   


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