A criação da esquerda renovada
vem contrapor o status quo vigente,
por não mais caber a ideologia partidária, como uma proposta arcaica e ineficaz
aos anseios da sociedade atual. O
partidarismo como mecanismo político tornou-se obsoleto e segredado a realidade
da nova configuração ocorrida no mundo, ao passo que não consegue mais
arrebanhar todas as vertentes e correntes de pensamentos. A pretensão maior da esquerda renovada é
justamente não ser de forma alguma um palanque partidário, uma sigla ou símbolo formatado em estatutos,
ideologias, regras ou mesmo transformar-se
em agremiação. O objetivo da esquerda renovada pauta-se na manifestação
contrária ao atual modelo político, da qual poucos se beneficiam do poder.
A verdadeira insatisfação da sociedade em
relação a política de um modo geral pôde ser observado nas urnas desta última
eleições, frente ao enorme número de abstenções, votos nulos e brancos, tal
fato mostra a descrença e desânimo com modelo político em voga. Essa
demonstração um tanto nociva gerou um quadro de anomalia política, trazendo à
tona certas bizarrices como a extrema
direita numa posição conservadora e com seus discursos preconceituosos. Isso
representa um certo retrocesso político, que danificam os institutos
democráticos conquistados ao longo história. Basta vermos os perigos que o conservadorismo
ultradireitista podem fazer ao tomarem o poder, tais como: a perda de grandes
projetos que visam a diminuição das desigualdades sociais, leis e direitos
voltados às minorias, o fim da divisão da riqueza produzida pelo país.
No entanto o autoritarismo das
antigas frentes comunistas, como o Stalinismo na antiga URSS, o comunismo
chinês não pode ser aceito como a essência do socialismo colocado por Marx, por
que recaem na grotesco e selvagem autoritarismo. Pois, Marx foi muito mal interpretado
ou mesmo mal utilizado ao pregar-se as ideias socialistas, sua proposta em
linhas gerais era a luta pela igualdade na distribuição da riqueza e o fim da exploração dos trabalhadores pelo
rolo compressor do capitalismo agressivo, da qual a direita conservadora era
responsável. A esquerda renovada pretende regastar o marxismo dentro de suas
ideias democráticas e não essa visão fantasiada, em que o socialismo é vista
como uma ditadura do proletariado ou uma burocracia ineficaz imposta pelo
estado como colocam alguns defensores do conservadorismo.
O estado deve sim existir e ser presente, justamente para manter a
ordem das coisas, intervir nos abusos do capital e de seus detentores, auxiliar
nas políticas públicas e atender as necessidades dos despossuídos e oprimidos pelo poder econômico. Na própria teoria
econômica de Keynes (economista inglês) seus tratados já demonstravam que o
estado tem a função de regular a emissão de moeda, estabelecer normas para o mercado de maneira a impedir os
desastres econômicos, como foi crise econômica de 1929 e tantas outras, ou
seja, Keynes defendia a interferência da economia na política. Diante dessa
visão a esquerda renovada tenta construir suas ponderações e incutir suas
opiniões, entretanto, sem a criação de ideologias partidárias, nem mesmo
estatutos, pois este é a amalgama para o antigo, ultrapassado, que deve ser
aniquilado.
As manifestações são o nosso
palco, sem bandeiras e apoio partidário, nascemos da comoção popular, da
indignação com as ideologias opressoras. Sabemos que a atual política não dá
mais conta dos nossos desejos. No seu cerne o que se vê é apenas corrupção,
desgaste, interesses particulares, desmantelamento com a coisa pública. Na
chamada casa do povo, lugar onde estão nossos representantes tudo está
contaminado pelos vermes corruptivos, fazem o jogo conforme seus interesses próprios. A máxima
dos partidos políticos é adentrar essas casas
e no seu interior estabelecer regras que contrariam a vontade da
maioria. A esquerda renovada não
pretensão de estar ou mesmo fazer o jogo sujo do poder. O objetivo da esquerda
renovada é lutar e apoiar através de novas armas o fortalecimento da democracia
em todas as suas esferas, manifestar de forma inteligível contra aqueles que
abusam do poder em benefício próprio. A
liberdade se faz de maneira responsável, enfim somos todos responsáveis pelos
nossos atos e a nossa omissão custa caro. O fato de abstermos politicamente
leva ao poder nossos inimigos, isso é visível na atual conjuntura política,
quando assistimos a derrocada da democracia. Precisamos ser transgressores no
sentido de impedir e relutar e jamais
aceitar que o arcaico e parasitário poder renasça para escravizarmos.
Afinal, estamos vivendo o ápice
tecnológico, em que a internet e suas ferramentas: blogs, redes sociais, como
um meio sincrônico substitui os meios frios de comunicação como a TV, Rádio que
não permite a interação ao vivo e instantânea. Então, a internet juntamente de
seus instrumentos deve ser um espaço de luta, manifestações e reunião da esquerda
renovada. As redes sociais é lugar da conversação, do debate, das ideias
produtivas, onde podemos discutir aquilo que desejamos em termos políticos,
sociais e econômicos. Pois o Estado é a
soma da sociedade, a força produtiva, que englobam as necessidades popular e
não as vontades daqueles que usurpam o bem público. Novamente, a tecnologia vem
como aliada dos sem voz, dos oprimidos, dos despossuídos, através dos blogs e
redes sociais podem exprimir seu grito de liberdade e clamar por mudanças, ou mesmo
opor-se ao sistema e talvez transgredir, assim agir e manifestar-se
democraticamente contra o atual estado das coisas.
A burocracia e a tecnocracia
deveriam ser estados de exceções, que outrora dominaram o mundo, no entanto a
história nos ensinou que regimes abomináveis e distópicos como estes jamais
deveriam vir à tona novamente, são inaceitáveis. Esses regimes formam-se da
alienação humana, em momentos de
fragilidade democrática, por exemplo: o Stalinismo se fez de uma anomalia do
socialismo marxista, dá má interpretação de seus escritos e da própria
aceitação cega da sociedade num momento de caos histórico. entretanto, a
tecnocracia nasce do poder da direita conservadora, dos instrumentos impostos
pelo capitalismo, juntamente com o estado autoritário que utiliza os meios de
comunicação e propaganda para vender um sistema econômico que pode ser a
solução do mundo naquele momento de fragilidade.
Não podemos cair nesse ideário tecnocrático, que se resume no
aparelhamento do estado, justamente para manipular a sociedade como um todo. A
tecnocracia nos levaram a patamares históricos deploráveis com infinitos
massacres genocidas, destruição cultural, extrema desigualdades sociais, o
verdadeiro caos planetário. Muito bem, qualquer fundamentalismo seja de direita
ou de esquerda torna-se nocivo a sociedade, assim como a ideia de partidarismo que gera cisão e
fragmentação política, originando a descontinuidade de projetos futuros.
Nem mesmo, o modelo anárquico com seu conceito de
ausência de poder e contrariedade aos regimes políticos faz frente as propostas
da esquerda renovada, por que ainda sim é dotada de ideologias, são estas que impedem o
florescimento de uma sociedade organizada para contrapor-se a tudo que está
estabelecido. Talvez a anarquia possa aproximar-se da esquerda renovada no
sentido não ideológico, mas da ação conjunta presente nos sindicatos,
agremiações e associações de trabalhadores.
A esquerda renovada não acredita nas instituições enquanto sua forma
física e sim no agir da sociedade, pois toda ação também gera reações, segundo
as leis da física. As reações, um ato de proteção dos reacionários, que não
querem permitir o desenvolvimento das políticas progressistas, libertárias,
anárquica e de cunho esquerdistas ajam naturalmente sobre o mundo por medo de
perderem o controle e o poder sobre as
massas, continuar manipulando-as. Enquanto isso, os reacionários dominam
qualquer tentativa de ação libertadora, sufocando-as com mordaça da opressão. colocam aqueles que
pensam e agem em prol da cidadania, da igualdade e da liberdade numa situação
de clandestinidade e subversão por exercerem sua intelectualidade a favor da
democracia.
De qualquer forma, sabemos que o
modelo de democracia representativa não é o ideal, apresenta grandes falhas,
sujeitas a desigualdades sociais, políticas e econômicas. A representatividade
nem sempre é a escolha da maioria, muitas vezes manipulável pela corrupção e
fortemente dotada pela ideologia partidária, exigindo estatutos e regra incompreensíveis
aos olhos da grande parcela da sociedade. A complexidade desestimula a
participação, em consequência temos a insatisfação com o modelo democrático aí
posto. Faz-se mister que as fronteiras da revolução sejam quebradas como condição sine qua non para a libertação do homem. Rebelemo-nos para
destituir o paradigma político vigente, que encontra-se decadente e prejudicial
aos interesses da população trabalhadora.
Nossas armas serão os discursos,
as manifestações, as ideias que devem ecoar do nosso espírito livre e
combativo, não queremos mais um poder humilhante, com sua face repressiva e
ameaçadora, pois o tempo do medo já passou e nos resta fazer a revolução com
mudanças reais. Assim a esquerda renovada entrará na verdadeira roda da
história para desmascarar toda iniquidade imposta pelo poder tirânico do
sistema econômico que visa apenas o lucro e massacra o trabalhador.
O filosofo que de tudo ri, ao
contrario daquele que ainda pode chorar, por não ter nada e saber o que apenas
sobrou foi a miséria humana. Sim, somos seres miseráveis, dotados de uma
profunda angustia, melancólicos, incapazes de reagir aos intensos medos. Não
temos mais lágrimas de tanto pranto, que só nos resta o riso escarnoso da desgraça humana. Na
verdade, não somos dotados de uma carapaça grossa, que nos protege contras as
lanças e espadas do mundo, a todo momento recebemos o ataque dos inimigos e
simplesmente não reagimos, então sucumbimos à primeira ferida.
Deixamos a história nos consumir,
por ela passamos e nada aprendemos. Mas, se quisermos mudar a nossa condição de
vítima, coadjuvantes para quiça
protagonistas atuantes temos que ir ao front
de batalha e desse modo lutar com as armas certas. A esquerda renovada tem o
intuito de desconstruir a miséria humana, transformar o riso do escárnio e da
melancolia em esperança. Parece-nos presunção ou até uma utopia vinda do mais
retórico discurso, no entanto, se temos a capacidade de rir de nós mesmos,
refletir sobre nossa miserabilidade e nossas ações enquanto ser no mundo, os
próprios caminhos que construirmos fornecem a direção a seguir. Direção esta,
que visa romper os laços traçados pelas ideias conservadoras, preconceituosas e
reacionárias.
A real compreensão da miséria
humana nos permite desatar os nós feitos pelas tradições das políticas
antidemocráticas e autoritaristas que tanto barbarizam o homem
trabalhador. portanto a história deve
ser entendida não como um fim em si mesma, mas a oportunidade de não
replicarmos os erros passados. Tal experiência já vivenciada pelas mais
diversas anomalias políticas, que dizimaram todas as tentativas de mudanças.
A esquerda renovada passa por uma
estrada pavimentada e sólida, pois é quase uma experiência espiritual, dotada
de fé, não no sentido da religião e sim no âmbito da crença de valores éticos e
morais, ou seja, acreditar na capacidade de mudar o mundo política, social e
economicamente.
O conhecimento talvez seja a
única forma de chegarmos a plena liberdade. Por meio do conhecimento criamos
toda estrutura cultural com suas crenças, valores, mitos, regras, normas e
ritos. No entanto, o conhecimento na
mãos de poucos torna-se artefato de dominação e exploração. É um poder
exacerbado, que cria senhores e escravos. O capitalismo é fruto desse
conhecimento, em que poucos detém os meios de produção e quase escraviza o
resto do mundo. A esquerda renovada vem justamente reivindicar o acesso ao
conhecimento de maneira ampla, atingindo a todos aqueles que não tem voz. A
ampla disseminação do conhecimento é a via natural para que todos nós possamos
construir uma base sólida em relação aos nossos desejos, expectativas e
anseios.
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