sábado, 30 de agosto de 2025

As trilhas do pensamento noético na nooesfera

Ainda nesse "continuum" da vibração noética dentro da noosfera buscamos enfatizar a amplitude do tema e a sua força nas mudanças de pensamento. Por isso, gastaremos mais um tempo aqui para discorrer a respeito do assunto. Afinal, trazer os conceitos, as definições, as práticas e saberes do ambiente noético circunscrito no pensamento filosófico contemporâneo torna-se mister para a construção de um mundo mais equilibrado do ponto de vista ecológico, social, econômico e político. Nese texto, a intenção maior tem como foco a compreensão da noosfera e seus impactos nos diferentes espaços ocupados pela sociedade, por exemplo: A relação da noosfera com a tecnologia, a economia e meio ambiente típicos da civilização moderna. O pontapé inicial é enxergarmos a noosfera como um ambiente noético que busca representar toda uma dimensão coletiva humana que se manifesta e se expande através das redes e das tecnologias de informação e comunicação. Com isso, percebemos o caráter tecnológico da noosfera, dado que sua evolução se realiza por meio da inovação computacional própria de uma sociedade engajada na informação e no conhecimento. Certamente, sem esses mecanismos tecnológicos a noosfera não prosperaria com tanto êxito. Mas enfim, o que é de fato a noosfera? A partir dessa pergunta, faremos aqui algumas considerações. Bem, a origem do termo: Criado por Pierre Teilhard de Chardin e Vladimir Vernadsky nos anos 1920, Significa: “Esfera da mente” - uma camada da Terra composta pela consciência coletiva da humanidade. Natureza noética: A noosfera é um campo de pensamento, ideias, cultura e espiritualidade que transcende o físico e o biológico. A noosfera atravessa o ambiente noético, onde prevalece a consciência de um espaço cujo pensamento humano se interconecta e forma uma rede de significados, valores e intuições. Além disso, procura integração espiritual e racional, pois então une razão, emoção, espiritualidade para superar a fragmentação cartesiana. Por último, tem uma base na ecologia integral ligada à ideia de uma evolução consciente da humanidade, promovendo unidade na diversidade. Como já construímos e internalizamos esse pequeno conceito do ambiente noético e suas conexões com o mundo atual, precisamos agora entender sua atuação nas redes e nas TICs. Em primeiro lugar, a internet como espaço de manifestação da noosfera, dado que a rede mundial de computadores permite trocas instantâneas de ideias e conhecimentos. As plataformas digitais funcionam como "nervos" da noosfera, ao conectar mentes em tempo real. Já as redes sociais e fóruns facilitam a disseminação de saberes, experiências e valores; criam comunidades de pensamento que transcendem fronteiras geográficas e culturais; as tecnologias de inteligência artificial, realidade virtual e big data podem ampliar a consciência coletiva se usadas com propósito ético e consciente. Por outro lado, os impactos e desafios, não devem ser desconsiderados, existem e precisam ser analisados e avaliados. Enfim, são riscos eminentes para o ambiente noético. Alguns riscos como: disseminação de desinformação, polarização e bolhas cognitivas, dependência tecnológica excessiva e superficialidade nas interações. Pois, vencer esses desafios e riscos requer um caminho consciente e exige cultivarmos a diversidade de pensamentos e expressões. Ao mesmo tempo, criarmos uma educação mais crítica para que possamos navegar e contribuir positivamente na noosfera. É utilizar a tecnologia com propósito de promover empatia, sabedoria e transformação social. Junto à tecnologia e as redes, a noosfera pode facilmente promover práticas sustentáveis, educação ambiental e mobilizar globalmente as causas ecológicas. Portanto, a noosfera - esse "locus" da consciência humana coletiva - funde-se profundamente ao meio ambiente e aos recursos naturais, especialmente orientada por uma ética que transcende o utilitarismo e reconhece a interconexão espiritual e ecológica entre os todos os seres. Denominada de ética noética. Trata-se de uma visão integrada, uma consciência ecológica coletiva que vai requerer de cada um de nós uma responsabilidade planetária. Não somos os dominadores e sim parte integrante da natureza.  É uma interdependência sistêmica, ou seja, nossas ações nos afetam diretamente. A ética noética reconhece que todas as formas de vida estão interligadas. Assim, o cuidado com o meio ambiente é uma expressão direta da consciência espiritual e moral da humanidade. O caminho está em superar toda forma de exploração predatória, para isso a noosfera propõe um modelo de relação com os recursos naturais baseados na sustentabilidade, respeito e equidade intergeracional. Por isso, a ética noética guia-se pela consciência interna de cada ser que reconhece o valor intrínseca da vida. O pensamento noético talvez seria o grande motor de uma transformação civilizatória, como foi o iluminismo, ou a revolução industrial. Uma mudança de paradigma: da racionalidade instrumental à racionalidade espiritual e ecológica. No entanto, implica em: 

  • reconfigurar a economia da lógica de extração para a lógica da regeneração;
  • revolução cultural que valorize o bem comum, a simplicidade e cooperação;
  • política planetária cuja governança baseia-se na ética e preservação da vida.

A transformação civilizatória proposta pelo pensamento noético recai fortemente sobre como devemos reestruturar os meandros e limites da democracia atual. Sabemos que as democracias estão atravessando uma crise profunda, marcada pela perda de legitimidade, desigualdade estrutural e violência institucional. A proposta noética está em conceber uma alternativa espiritual, ética e consciente frente as limitações das democracias liberais e à normalização da violência estatal. Portanto, recriar a democracia como um projeto humanista, baseado na empatia, na escuta e na consciência coletiva. Dessa forma, superar a lógica da dominação e do controle, substituindo-a por uma ética relacional e comunhão de valores. Infelizmente, é próprio dos nossos tempos a violência estatal, onde o estado detém o monopólio da violência institucional, muitas vezes legitimada juridicamente, mas que pode se manifestar de forma simbólica, estrutural e física, que contradiz os princípios fundamentais do direito e da justiça, criando uma tensão entre legalidade e legitimidade. Nesse caso, a resposta dada pelo pensamento noético dirige-se a uma não-violência inspirada em pensadores como Hannah Arendt e Gene Sharp, como forma legítima de resistência e transformação. Então, enxerga-se a justiça como expressão da consciência ética coletiva, não apenas como norma imposta. e assim defende-se uma educação da consciência como ferramenta para superar a violência e promover a paz social. Enfim, quais seriam os destinos da democracia no mundo noético? Talvez uma ou mais respostas, talvez as respostas nem sequer a teríamos de pronto diante das enormes contradições do mundo em que vivemos. Quem sabe o caminho estaria numa educação consciente, critica e de compaixão; ou mesmo nas tecnologias de conexão, através das redes digitais para fortalecer comunidades conscientes e práticas democráticas horizontais. Ou ainda, numa política de cuidado que substitua a lógica da competição pela lógica da cooperação e do cuidado mútuo. Em resumo, o pensamento noético propõe uma visão elevada e integradora da consciência humana, mas ao se confrontar com a realidade do mundo contemporâneo, surgem diversas contradições e tensões, tais como: materialismo; desconexão humana, racionalismo excessivo, consumismo, reducionismo e mecanicismo. A ciência moderna ainda resiste à validação de experiências subjetivas como fontes legítimas de conhecimento, e o excesso de estímulos digitais pode reduzir a capacidade de introspecção e percepção intuitiva.

 


domingo, 17 de agosto de 2025

O pensamento noético: a construção de uma utopia real

Num só texto é impossível esgotarmos sobre o tema da noosfera. Por isso vamos aqui fazer mais uma incursão a respeito do assunto. Nesse segundo momento podemos falar que o pensamento noético, embora ainda emergente como campo formal, vem ganhando relevância no mundo atual por propor uma abordagem integrada da consciência, da ciência e da espiritualidade. A seguir, apresento seus conceitos fundamentais, propostas transformadoras e abordagens científicas contemporâneas:

Conceitos Fundamentais do Pensamento Noético:

  • Origem etimológica: deriva do grego noesis (ato de pensar) e nous (mente, inteligência espiritual).
  • Natureza: estuda os fenômenos subjetivos da consciência, da mente e do espírito, buscando compreender a realidade além da lógica discursiva.
  • Experiência noética: caracteriza-se por insights profundos, sensação de unidade com o universo e compreensão intuitiva da vida.
  • Dimensão espiritual: para Platão e Aristóteles, o pensamento noético é a forma mais elevada de conhecimento, ligada ao mundo das ideias e ao fundamento do ser.

Propostas Transformadoras da Noética:

  •      Educação da consciência
  •      Desenvolver o autoconhecimento, a empatia e a percepção crítica.
  •      Integrar razão, emoção e espiritualidade no processo educativo.
  •      Política da escuta e do cuidado.
  •      Superar a lógica da dominação por meio de práticas democráticas conscientes.     
  •      Promover governança baseada na ética relacional e no bem comum.
  •      Economia compassiva.
  •      Substituir o paradigma extrativista por modelos sustentáveis e colaborativos.   
  •      Valorizar o ser sobre o ter, com foco na regeneração e na equidade.
  •      Reconhecer a influência da mente sobre o corpo.
  •      Integrar práticas como meditação, atenção plena e terapias holísticas.

Abordagens Científicas Contemporâneas:

  • Fenomenologia: Filósofos como Husserl, Heidegger e Merleau-Ponty contribuíram para a noética ao explorar a experiência consciente como base do conhecimento.
  • Psicologia e medicina: a noética ajuda a compreender a relação entre mente e corpo, especialmente em transtornos como depressão e ansiedade.
  • Estimula pesquisas sobre cura espontânea, placebo e consciência como fator terapêutico.
  • Neurociência e física quântica: algumas abordagens exploram a consciência como fenômeno não local, interligado com campos energéticos e informacionais.

O pensamento noético pode transformar a sociedade atual ao promover uma revolução da consciência, que vai além das estruturas materiais e institucionais. Ele propõe uma abordagem mais profunda e integrada da realidade, baseada na inteligência espiritual, na ética relacional e na percepção ampliada do ser humano.

Transformações Sociais Propostas pela Noética:

Consciência como base da mudança

  • A noética parte da ideia de que a transformação social começa pela transformação da consciência individual e coletiva.
  • Isso implica cultivar valores como empatia, compaixão, responsabilidade e interdependência.

Superação do materialismo

  • Em vez de focar apenas em progresso econômico ou tecnológico, a noética propõe uma evolução espiritual e ética.
  • Busca integrar ciência, filosofia e espiritualidade para criar uma visão mais holística da realidade.

Educação transformadora

  • Propõe uma educação voltada para o autoconhecimento, o pensamento crítico e a consciência ecológica.
  • Estimula o desenvolvimento de habilidades emocionais, intuitivas e éticas, além das cognitivas tradicionais.

Política da consciência

  • Defende uma política baseada na escuta, no diálogo e na cooperação, em vez da competição e da dominação.
  • Pode inspirar novas formas de democracia participativa e deliberativa, com foco no bem comum.

Saúde integral

  • Na medicina e psicologia, a noética reconhece a influência da mente sobre o corpo e propõe abordagens que consideram o ser humano como um todo.
  • Isso inclui práticas como meditação, atenção plena e terapias integrativas. 

Fundamentos Filosóficos da Noética:

  • Platão: via a noesis como a forma mais elevada de conhecimento, ligada ao mundo das ideias e à verdade transcendental.
  • Aristóteles: associava o nous à capacidade de compreender o fundamento do ser.
  • Edmund Husserl e Heidegger: desenvolveram a fenomenologia, que influenciou a noética contemporânea ao explorar a experiência consciente como base do conhecimento.

O pensamento noético oferece uma alternativa profunda à racionalidade cartesiana, à política tradicional e à economia capitalista, propondo uma abordagem mais integrada, espiritual e consciente da realidade. Portanto, as bases de uma sociedade que deseja atingir o pensamento noético deve minimamente buscar uma educação pautada numa consciência ética e integral; em ideais políticos baseados na participação e no dialogo pleno. A saúde humana na visão noética preocupa-se com a tríade: mente - corpo - espírito. Os aspectos econômicos ditam que a colaboração e a sustentabilidade serão o diferencial para suportar a economia noética, contrário ao sistema capitalista que hoje impera no planeta, com base no mercado financeiro e na exploração de recursos naturais.

Esses elementos que contemplamos no texto a respeito da sociedade noética nos faz refletir o que viria a ser o pensamento noético, então fica a pergunta: o que é o pensamento noético? Vamos por partes. A origem do termo deriva do grego noesis (pensamento, inteligência) e nous (mente, espírito racional). O foco está no estudo dos fenômenos subjetivos da consciência, da mente e da espiritualidade, buscando compreender a realidade além da lógica discursiva e da objetividade científica. Portanto, a experiência noética seria marcada por insights profundos, sensação de unidade com o universo e compreensão intuitiva da vida.

A noética busca sim, superar a racionalidade cartesiana baseada na separação entre sujeito e objeto, mente e corpo, e na primazia da razão analítica. Com isso, torna-se a noética uma alternativa que valoriza a intuição, o sentimento e a experiência direta como formas legítimas de conhecimento. Além de propor uma epistemologia integradora, que une razão, emoção e espiritualidade e por isso rejeita a fragmentação do saber, buscando uma compreensão holística da realidade.

Se a política tradicional e dita moderna construiu suas bases em interesses de poder, controle e dominação. Os ideais noéticos tem a política apenas como serviço à sociedade e assim propõe uma ética relacional, baseada na empatia, na interdependência e na consciência coletiva. Ao mesmo tempo incentiva formas de governança que respeitem a dignidade humana, a diversidade e o bem comum. Logo, inspiram os movimentos sociais e políticos voltados à transformação interior e coletiva Da mesma forma, o pensamento noético torna-se crítico da economia capitalista, que o enxerga como uma expressão de racionalidade objetificante, que transforma a natureza e o ser humano em recursos exploráveis. Desse modo, as alternativas estariam numa economia centrada na cooperação, sustentabilidade e propósito. Atingirmos uma interconexão entre todos os seres e promovermos práticas econômicas que respeitem o meio ambiente e a vida.

O pensamento noético desafia o paradigma dominante ao propor uma revolução da consciência. Suas contradições com o mundo atual não são apenas obstáculos, mas também convites à transformação. A tensão entre esses dois mundos pode ser o motor de uma nova era - mais consciente, ética e integrada.


sábado, 9 de agosto de 2025

Do cartesiano ao noético: paradigmas em transição

Há um tema que me é muito caro, Pois, a ótica da contemporaneidade não me desperta tanto interesse, até mesmo por ser um tanto complicada, digo complicada!! é não complexo. - ou seja - duas coisas bastante diferentes. Entender essa sociedade, que alguns denominam pós-moderna requer um olhar crítico num sentido negativo. Afinal para onde estamos caminhando? não sabemos se é para o um túnel sem fim, escuro e frio, ou para um abismo profundo, infinito. Parece que a tendência é o fim da humanidade. Então, evolucionismo, complexidade, mudanças, revolução estão aí, descritas como temas recorrentes na literatura atual. Necessidade constante e patente na busca de novos caminhos para esses problemas tão serveros que afligem cotidianamente a sociedade. O complexo não é de maneira alguma o complicado, o simplório. A complexidade está mais para aquilo que foge da nossa compreensão, enquanto humanos. Pertence ao campo do desconhecido, do sobrenatural e da magia tudo aquilo que mexe com os nossos medos, emoções e angústias - é o complicado. Por outro lado, o complexo repousa sobre o trivial, o cotidiano. Está no fazer dos cientistas, dos pesquisadores, dos músicos, dos artistas, soas escritores e até mesmo, talvez, dos gestores, cujas mentes brotam uma capacidade criativa inaudita. Num pensar fora do modelo cartesiano, metodológico, linear - próprio de um pensamento enclausurado, preso às amarras do antropocêntrico (o homem como o centro do universo, infalível, cheio de si, narcisico); racionalista - típica ciência egocêntrica. É desse pensamento cartesiano que molda-se a humanidade. Com isso, criamos  Deus através da religião e nela adicionamos dogmas, ritos, costumes, sacrifícios, crenças, valores e mitos. Nessa mesma religião, em que Deus pregava a bondade, a humildade, a compaixão e o amor, faz-se a contradição nos atos de adoração de ídolos e imagens;  perseguição, condenação e morte; guerras santas; e no mundo moderno coloca-se a frente das grandes guerras mundiais. Dessa forma a religião vende-se aos modelos econômicos, trabalha de maneira subserviente aos ditames do capitalismo e transforma a fé em mercadoria. Assim, se esquece dos princípios básicos deixados nas palavras proferidas pelo Cristo salvador. O capitalismo de mãos dadas às religiões cristãs encontra o ambiente perfeito para sua acumulação. Se capital não se alimenta das forças produtivas, ou, do mercado financeiro - está fadado a morrer de inanição. Em crises correntes, ele se apodera dos governos, muda de mãos e cria mecanismos de sobrevivência. Quem paga?  A sociedade. Esta é a lógica cartesiana, simplista, racional, que não deseja mudança e sacrifícios para desenvolver uma nova sociedade - uma nova era.  A partir desta pequena introdução, iniciaremos uma breve análise a respeito de um novo recomeço. Procuraremos aqui delinear, quem sabe, alguns parâmetros para uma nova sociedade. A sociedade do conhecimento, ou melhor, a era do conhecimento: pautada no pós-capitalismo. Portanto,  tentar entender como poderemos redesenhar um mundo menos caótico, menos hóstil e bem menos desigual. Do ponto de vista histórico, esse planeta nunca foi um lugar confortável e amigável ao homem, Ao voltarmos nos idos dos séculos passados, o mundo vivia seus momentos sombrios e tenebrosos, principalmente nos meados da idade média e boa parte da modernidade. Tempos proprícios à morte por doenças infecto-contagiosas, completa falta de higiene pessoal e social, níveis alarmantes de mortalidade, baixa expectaiva de vida, fome e uma população na mais completa miséria. Os escritores da época não nos deixam mentir e retratam muito bem em suas obras. No entanto, não iremos aprofundar neste texto tais questões referentes a esse período. Apenas que no sirva de ilustração para o quanto avançamos em termos de desenvolvimento humano. Porém, na atualidade muitas sociedades ainda encontram-se em patamares equivalentes aos medievais. Posto de lado tal observação. A tecnologia da informação, os meios de comunicação, os computadores, as redes e a internet conseguiram se colocar na cauda da evolução e da inovação tecnológica. Não podemos negar, seja por bem ou por mal, o avanço da tecnologia foi fruto direto do capitalismo. Mas esse avanço poderia se dar mesmo em outros sistemas econômicos e com tecnologias diferentes, talvez mais evoluídas e coletivas. Mas, continuemos naquilo que temos por hora. As tecnologias não nasceram primordialmente desse capitalismo de plataforma, financeiro, cujo dinheiro produz apenas mais dinheiro. E sim, de um modelo fordista e taylorista, baseado no trípe: homem - produção - capital. Mesmo assim, com toda essa revolução tecnológica, ainda prevalece o ideal cartesiano, racionalista  cuja base econômica finca-se no consumismo - na lógica da oferta e da procura. O aspecto econômico, cujos planos voltam-se eminentemente à produção em grande escala, a contrariar totalmente as previsões de escassez dos economistas mais proeminentes da mídia. Isso impacta diretamente no uso dos recursos naturais, fere todo equilíbrio ecológico e gera instabilidade ao ambientes terrestre.  Todo esse pensamento racional e cartesiano vem particamente dominando a sociedade por mais de 500 anos, e continua dominante em nossos dias atuais. Influencia as artes, a arquitetura, a educação, a política, a economia, os modos de consumo, os valores sociais, a religião e tudo mais. Não importa o modelo econômico em vigor (seja capitalismo, comunismo, socialismo, social-democracia ou qualquer outro), a base do racionalismo é imperativo. A ciência e suas metodologias, hipóteses, experimentos, análises e coletas de dados estão fincadas sob o tacão dos valores e costructos do cartesianismo (análise, reduação e exaustividade), Um viês que se complemente pela dicotomia, dialética e dualidade. Trata-se de uma ciência bidimensional, binária (verdadeira ou falso; zero e um; ser ou não ser). Em pleno ambiente de redes, Internet, Inteligência Artificial, computação quântica e plataformas não cabe mais os domínios pantanosos do estar "on" ou "off".Precisamos ir além, dar um pulo para o futuro real e rearranjar as configurações da nossa sociedade. Quiça, uma trilha palátavel estaria na quebra dos paradigmas vigentes e saltarmos de cabeça num paradigma que caibam conhecimentos e aprendizagens multidimensionaise ominidirecionais, cujas setas apontem as mais variadas direções. Quem nos permite uma direção a respeito dessa mudança paradigmática do cartesiano rumo a era do conhcimento é o escritor Marc Hálev, em seu livro: A era do conhecimento (2010). Bem, o autor apresenta-nos a ideia da Noosfera - uma camada envolvida por saberes, conhcimentos e mística ligadas por redes de conhecimentos e ideias que tem por objetivo provocar e desenvolver processos de criaçãom, transformação e transmissão verticais de informação,conhcimentos e saberes. Vertical, por insistir na profundidade, assim como as raízes das arvóres. A princípio, no que toca ao pensamento noético - fruto da noosfera - visa a superação dos ideiais clássicos e simples do cartesianismo. Não é romper, de fato, com a lógica aristotélica  e sim ampliar os modos de pensamento que visem a intuição, a metáfora e o caráter holístico (as partes são bem maiores que o todo). O modo de pensar noético refere-se ao conhecimento baseado em sistemas complexos, dinâmicos e evolutivos, não cabe mais dentro da cultura naturalista, antropocêntrica, mercantilista do capital,que dita as regras de consumo, mercado e industrialista. Segundo Halévy, o noético parte de uma ruptura com as antigas estruturas institucionais, políticas e econômicas de um classicismo arcaico, caduco. Sobrevivemos atualmente num planeta depredado, destruído pelo excesso consusmistas. Um modelo econômico que retira da natureza os recursos escassos, além de poluir, devastar o ambiente. Não somos o centro do universo,não temos o direito de usurpar das águas, das florestas, do solo para favorecer uma pequena fração da população. Daí a visão noética para nos colocar nos mesmo degrau da natureza. Lembremos, somos parte dela e não um Deus, que se acha acima de tudo. Dái a necessidade de religar o homem à natureza, reconectá-lo à terra. Esse é o pensamento noético de Halévy. Contudo, certa questões apontadas pelo o autor fica apenas no âmbito da utopia, do irrealizavel. Não por que possa parecer um tanto quimêrico ao alçar voos impossíveis. Para ser mais claro e objetivo, tivemos durante mais de cinco séculos uma formação cartesiana. Aprendemos que toda evolução humana só se realizou por meio de uma vocação estruturada numa base racionalista, positivista e compartimentada. Os modelos educacionais, científicos, acadêmicos e sociais vieram da tradição e dos costumes já prontamentes experimentados. Os próprios layouts das escolas e universidades nos esnsinaram que há um hierarquia a ser obedecida. Da mesma forma ocorrem nos hospitais, nas prisões, nos quárteis e nas reparticões públicas. Fomos ensinados a obedecer, a cumprir ordens, a seguir regras e qualquer coisa fora disso é pura transgressão. Na política e na economia o caminho segue da mesma maneira, ainda que vivemos pela democracia, pelos direitos humanos. Impera nos bastidores a dominação pelo poder (dinheiro ou as ações políticas). A aliança política e economia nos fez acreditar numa democracia, que temos a liberdade para expressar opiniões, lutar por direitos. Ledo engano! O universo democrático foi apenas uma invenção do capitalismo para extrair o máximo de nossa rasa capacidade. Nos transformou em consumidor, desejosos de mercadorias. Liberdade apenas para consumir,e se tivermos meios financeiros para isto, do contrârio , nem isso. Agora, se reinvindicamos e vamos à rua para protestos, os aparelhos repressivos do Estado imediametamente entram em ação. A polícia, instituição de proteção. Mas proteção de quem? da população? ou dos políticos e da elite? fica a pergunta. O Estado detêm o monopólio da violência e usa a polícia (cães de guarda estatal, ferozes e incapazes de pensar) para reprimir, agredir, violentar e matar aqueles que se manifestam contra o "status quo" em favor da democracia. Ai está a resposta. Então, que democracia é essa? cujas pessoas são tolhidas por forças políticas,estatais e policiais. Demonstração clara de que os pilares da sociedade são carcomidos, viiciados e prestes a ruir. A democarcia por eles apregoados aos quatros ventos soam como um enorme engodo. Uma grande mentira! Permanecemos ainda nas trevas da inquisição. Por ser diferente e não aceitar migalhas deixadas por esse regime apodrecido, de homens coniventes com um sistema a beira da falência, tentam nos fazer cheio de ilusões e certezas dentro de uma razão postulada de crenças e valores moldados. Forçaram uma fé num Deus criado para punir, cheio de dogmas e preceitos. Com isso nos castram e nos esterilizam a verdade. Subjugam-nos a um mundo de fantasia. 

HALÉVY Marc. A era do conhecimento: princípios e reflexões sobre a revolução noética no século XXI. São Paulo: UNESP, 2010. 348 p.

Natureza

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