Nesta segunda parte de nosso texto os elementos norteadores em relação a inteligência artifcial (IA) serão analisados sob a ótica do capitalismo de plataforma (O domínio das grandes corporações de tecnologia da informação, tais como Facebook, Google, Amazon, Netiflix, além da Apple e Microsoft cujo desejo é tomar para si os dados e informações das pessoas e criar a partir daí mecanismos de IA cada vez mais semelhantes aos humanos) e a sua intrínseca simetria com a ideia de simulacro, amplamente difundida pelo filosófo Jean Baudrillard, que é percebido inclusive no meio cinematográfico especificamente pelo filme Matrix (Já discutido anteriormente na parte 1). Então, a relação entre inteligência artificial (IA),
capitalismo de plataforma e o simulacro, conceituado por Jean Baudrillard, é um
tema bastante complexo e que encontra um paralelo fascinante no universo
cinematográfico de Matrix. Para compreender essa interconexão, é preciso
analisar como a IA molda nossas realidades, como as plataformas digitais se
apropriam de nossos dados e como essa dinâmica se assemelha à construção de uma
realidade simulada, como a apresentada no filme. Então, o capitalismo de plataforma e o simulacro tem seu centro baseado na coleta e análise massiva de dados.
Através de algoritmos de IA, essas plataformas constroem perfis detalhados de
seus usuários, permitindo a criação de experiências personalizadas e altamente
segmentadas. Essa personalização, no entanto, pode levar à formação de
"bolhas de filtro", onde os indivíduos são expostos apenas a
informações que confirmam suas crenças pré-existentes, limitando sua visão de
mundo e fortalecendo a fragmentação social. Dessa forma, a IA funciona como um motor da simulação, justamente por desempenhar um papel crucial na construção
dessa realidade simulada. Os algoritmos de recomendação, por exemplo, determinam
quais produtos, notícias e conteúdos serão apresentados aos usuários,
influenciando suas decisões de compra e suas opiniões. A capacidade da IA de
gerar conteúdo cada vez mais realista, como as deepfakes, desafia a nossa
capacidade de distinguir o real do artificial.Com isso somos cada vez mais afastados de fato do mundo real e jogados num mar de desinformações, que permitem a criação de toda e qualquer teorias conspiracionistas, falsos mitos e invencionices mirabolantes. A realidade e a ficção andam juntas, e torna-se mais difícil distinguir o original da cópia. O ambiente cinematográfico sabe muito bem como se aproveitar dessas nuances, digamos talvez tecnológicas. Um exemplo é o paralelo com Matrix. Pois, o filme apresenta uma realidade
simulada na qual os humanos são conectados a um sistema que controla suas
mentes e lhes apresenta uma falsa realidade. A IA, nesse caso, desempenha o
papel de controlador, manipulando a percepção dos indivíduos. Essa alegoria cinematográfica encontra paralelos
com o mundo real. As plataformas digitais, ao coletar e analisar nossos dados,
constroem um modelo de nós mesmos e nos apresentam um mundo virtual que se
adapta aos nossos desejos e expectativas. Assim como os personagens de Matrix,
podemos estar vivendo em uma realidade simulada, onde nossas ações e escolhas
são moldadas por forças invisíveis. Ao trazermos para dentro do texto essa reflexão, observa-se que o conceito de simulacro aliado à inteligência artificial não ocupa um espaço de neutralidade, nem sequer de imparcialidade. Sendo que existem lados muitos bem definidos que disputam esse front justamente por envolver não só a questão econômica, mas principalmente uma batalha pelo poder. Certamente, isso não inclui a grande massa - ao contrário - necessitam ser manipuladas e apenas crer no que passam nos noticiários e nas menssagens postadas nas redes. Tudo isso tem implicações diretas na atual sociedade - a sociedade da informação - uma denominação um tanto contraditória, para não dizer jocosa. Portanto, tal interconexão entre IA, capitalismo de
plataforma e simulacro levanta questões importantes sobre a natureza da
realidade, a privacidade, a manipulação da informação e o futuro da democracia.
Algumas das principais implicações incluem:- Perda
da autonomia: a personalização excessiva pode levar à perda da autonomia individual, à
medida que as escolhas são cada vez mais influenciadas pelos algoritmos.
- Desigualdade: o acesso desigual à
informação e às tecnologias digitais pode aumentar as desigualdades
sociais e econômicas.
- Manipulação
política: as
plataformas digitais podem ser utilizadas para manipular eleições e
disseminar desinformação.
- Desconexão da realidade: a imersão em mundos virtuais pode levar à desconexão com o mundo físico e com as relações sociais.
Em suma, IA, o capitalismo de plataforma e o simulacro
estão intrinsecamente ligados. A capacidade da IA de analisar grandes volumes
de dados e gerar conteúdo personalizado, combinada com o modelo de negócio das
plataformas digitais, cria um ambiente propício à construção de realidades
simuladas. Essa dinâmica, que encontra um paralelo na obra Matrix,
levanta questões profundas sobre a natureza da realidade, a privacidade e o
futuro da sociedade.
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