quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Um novo Conflito: tempos estranhos

 

Tempos estranhos, talvez tenebrosos; como não bastasse esse vírus maldito que assolou o planeta no início de 2020 e levou a milhões de mortes, agora nos deparamos com a temporada de guerras. Primeiro, a Rússia abre fogo contra a Ucrânia, em uma deliberada vontade do Putin em dominar territórios e anexá-los ao Estado Russo. Tudo por interesses escusos e assim, manter-se no poder. Enquanto isso a morte e a destruição elegem-se como a vedete do momento, que tem escondido entre suas pernas armas letais.

Bem, nestes tempos sombrios de guerra -  jamais podemos nos esquecer dos muros, sim eles (os muros) – erguidos para distanciar o outro, invisibilizá-los, jogá-los a própria sorte. Tais muros, que separam nações e ao mesmo tempo afastam pessoas, famílias e destroem histórias. Pois é, as construções de muros segregam a paz e matam os ideais. Por isso coloco tal narrativa, justamente para mostrar o quanto é nocivo criar abismos, fronteiras e muros entre os povos. Não querer enxergar o outro, e o mesmo que não ver si mesmo.  Dessa forma, tudo se torna liso, sem barreiras e sem oposição. Mas, do outro lado, há os esquecidos, que estão relegados aos muros. Para eles sobra apenas os espinhos, as farpas, as cercas e os arames. Ali apenas sobrevive-se, não há plenitude na vida.

Digo isso, porque ao se erguer um muro, as rivalidades se afloram, as contestações se ampliam e as revoltas torna-se iminentes. Diante dos muros, tudo fica mais pesado, cansativo e distante, míseros 200 metros transformam-se numa jornada quilométrica; anos-luz de um simples abraço em quem amamos. E, transportar uma girafa de um lado para o outro pode ser uma viagem homérica, árdua e inimaginável.

Na história do mundo moderno, os líderes e governantes preferiram erguer muros, do que pontes, justamente por acreditarem na manutenção do seu poder. Porém, seus tronos sucumbiram miseravelmente. Muros nunca selaram a paz, apenas geraram mais conflitos e guerras.

Essa breve narrativa vem num momento bastante oportuno para nos fazer refletir a respeito do atual conflito Palestina e Israel. Trata-se de uma batalha histórica, com muitos reveses e percalços políticos. Fato que demandaria longas horas de estudos e análises para ser explicado didaticamente.

Como havia dito, esse texto objetiva-se numa narrativa. Portanto, o conflito Palestina e Israel não é um evento recente, data-se após a 2º guerra mundial, com a criação do Estado de Israel em 1948. Deixando um rastro - no tempo -  de milhares de perdas de vidas, destruição e elevação dos ódios. Ao longo do tempo, milhões palestinos jogados na faixa de Gaza, em assentamentos de refugiados, na extrema pobreza (fome, falta de água e altos índices de desemprego) são forçados a sobreviverem num contínuo corredor de miséria, isolados por um muro - sim o muro da humilhação, da vergonha – construído por Israel para apagar o outro da sua visão. O isolamento cria sérias consequências, como: ódio, rancor, ira por não poder pertencer e viver plenamente. Sentimentos esses que abrem precedentes para o surgimento de revolta e protestos, além do aparecimento de grupos radicais como o Hamas, Hezbollah, entre outros. Grande parte desses não nascem como grupos terroristas, mas tornam-se terroristas à medida que são cada vez mais alijados da sociedade ou possuem ideologias extremamente divergentes. Somados a falta de estrutura social, desemprego e a miséria destes assentamentos os jovens são cooptados para aliarem-se a estes grupos. É evidente, se não há perspectiva social e econômica, sobra apenas o terror.

Lógico, nenhum ser humano normal é conivente com mortes, assassinatos ou atos de terrorismo. Pois, nenhuma sociedade consegue se desenvolver chafurdada na barbárie, no terror e na tirania. As ações civilizatórias são construídas apenas por meio de acordos paz e uma ampla rede de direitos humanos. Todo terrorismo deve ser visto como uma ação contraria ao propósito de civilidade.  

A ênfase dessa narrativa está no nascedouro das ações terroristas, sendo que suas práticas se pautam pela negação do outro, pela construção de muros. No caso, o Estado de Israel foi o fato gerador do Hamas, ao invisibilizar o povo palestino e confina-los num campo de refugiados, cercados por grandes muros. Ato causador de descontentamento em grande parte dos Palestinos, que intensificou os grupos de ódio.

O ataque do Hamas (num ato isolado do grupo) não representa uma ofensiva Palestina, para que se abrisse precedentes a uma guerra. Porém, o líder israelense Netanyahu, cujo poder está ameaçado e sua aprovação pelo povo anda em baixa precisa mostrar sua “força” como primeiro ministro. Netanyahu ao atacar os palestinos; cuja maioria de mortes são de civis; principalmente crianças, idosos e mulheres torna-se um criminoso de guerra. O primeiro ministro foi incapaz de celebrar a paz por apenas compreender a linguagem beligerante de poder. Netanyahu errou e ainda erra por ignorar o feito de seus antecessores Yitzhak Rabin, Shimon Perez que junto ao líder palestino Yasser Arafat foram os porta-vozes da paz. 

Netanyahu é oposto deles, quer o conflito, a morte, o ódio. Os mísseis e os ataques sistemáticos na faixa de Gaza demonstram muito bem os objetivos do primeiro ministro de Israel, e é deliberadamente dizimar o povo Palestino, assim como Hitler fez durante a 2ª guerra mundial.  Nem mesmo o povo israelense em sua maioria não aprova essa guerra insana - da qual não podemos chamar de guerra - mas genocídio. O alvo não é e nunca foi o Hamas, e sim o povo Palestino. Netanyahu não terá medalhas de guerra, nem condecorações. Pois é um genocida, assim como Putin na Rússia e aquele que matou quase 700.000 no Brasil por não ter comprado a vacina durante a Covid-19.

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