Pergunte-nos, o que tanto desejamos!
Responderemos em alto e bom som, uma narrativa – mas não uma qualquer – tem que
ser a narrativa com o poder de abalar as antigas estruturas do sistema, capaz
de desconstruir os mitos, as crenças e o valores de uma cultura dominante,
pautada na expropriação, na alienação e na espoliação da força de trabalho. Com
isso, reconstruir a cultura dos antepassados, que idolatra os deuses da
natureza, como o sol, a lua, a chuva e valoriza o trabalho coletivo.
Se somos trabalhadores, merecemos o
pão, o vinho, o salário digno, a igualdade e a liberdade de ser humano, mas -
antes de tudo – a narrativa e aí sim produziremos histórias. A nossa história,
de lutas e de conflitos – para utilizarmos contra a exploração. Porque, o
trabalho produz não só mercadorias, produtos que atendem o consumo dos mais
ricos, mas também gera uma série de outros fatores comuns ao mundo econômico
como riqueza, desigualdades, escassez e crises.
A narrativa serve de instrumento para
construirmos cenários através da linguagem, que com seus símbolos e signos nos
tornamos capazes de enfrentar as adversidades impostas pela opressão dos
sistemas, sejam eles totalitários, ou mesmo aqueles pseudodemocráticos.
Infelizmente na contemporaneidade, as falsas narrativas dominam como se fossem
autênticas, mas não são. Pois, utilizam uma linguagem semelhante à nossa,
então, a empacotam e distribuem nos mais variados meios de comunicação de massa
e para muitos, tal linguagem, apresenta-se como normal e palatável. Essa, é a
narrativa da opressão invisível, que opera no domínio das mentes e coroações.
Essa linguagem formatada em pacotes e
composta de falsas narrativas nos jogou para aquilo que Fumagalli denomina de
bioeconomia, ou seja, a economia da vida que é parte do biopoder foucaultiano.
Assunto que veremos nos próximos capítulos deste livro. Portanto, somente a
verdadeira narrativa, vindas dos trabalhadores e de sua cultura, terá condições
de nos retirar dos espaços de dominação e da opressão invisível, e nos colocar
novamente no eixo da nossa história.
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