Segundo determinação do
Ministério da Saúde (MS), até o dia 10 de dezembro de 2016 todos os prontuários
médicos dos pacientes deveriam ser digitalizados nos postos e unidades de saúde
de todo país, logicamente que tal medida do MS não será cumprida na sua
totalidade, por razões de dificuldades financeiras, tecnológicas e de recursos
humanos, exigindo treinamento dos funcionários, implantações de redes e
equipamentos, tais como Scanners, softwares.
A digitalização dos prontuários certamente irá trazer grandes vantagens
ao sistema de saúde, beneficiando milhões de usuários do serviço, como rapidez
e eficiência no atendimento, permitir conhecer melhor o histórico do paciente e
assim administrar o tratamento adequado, acesso seguro às informações por
diferentes profissionais da saúde, além de diminuir o custo com a impressão e
duplicação de documentos em papel, gerando enorme economia nos gastos públicos.
A tecnologia da digitalização dos prontuários médicos fará a integração de
informações entre o governo federal, estadual e municipal e dessa forma
distribuir de forma mais equânime os repasses de verbas. No entanto, a conclusão
deste projeto vai ser longo que exigirá esforços de todos profissionais de
saúde e tecnologia envolvidos, além do apoio direto do Ministério da Saúde, não
só com equipamentos e sistemas, mas também capacitação e treinamento das
pessoas. A realidade dos postos e unidades de saúde em nosso país parece ser
desconhecida pelo governo, por estar muito aquém do ideal, não possuindo mínimo
para atender o cidadão. A ideia da digitalização do serviço de saúde de fato é
uma iniciativa bastante positiva e extrema relevância que beneficiará o
atendimento ao usuário do serviço de saúde e vai agilizar as atividades e
tarefas dos profissionais. Mas a grande
questão é que antes deveria se pensar na situação real dos postos e unidades de
saúde do país. A maioria deles está numa situação de extrema penúria, se quer
tem médicos em quantidade suficiente, muitos estão com sua estrutura física
danificada, não possuindo iluminação adequada, vazamentos no teto, alguns não
possuem medicamentos básicos para o cidadão e outros não têm material de
limpeza e de higiene. Fatores como estes é que deveriam ser prioritários e
serem sanados com urgência. A tecnologia por si só não resolverá os problemas
já citados. Então, o investimento do governo para a modernização na saúde acaba
sendo inútil, um gasto que poderia ser utilizado em outras frentes mais
necessárias, servindo de forma efetiva o usuário do sistema de saúde. Portanto,
exigir prazo para implantação do serviço de digitalização de prontuários
médicos, quando não se tem uma mínima estrutura é um grande contrassenso, ou
melhor, para ser mais crítico, torna-se pura demagogia. Precisamos oferecer ao
cidadão serviços públicos mais concretos e tangíveis, que atendam a sua real
necessidade. Não estamos aqui contra a digitalização do serviço de saúde,
sabemos que trata-se de uma tendência
natural e evolutiva, que deve sim ocorrer, devido a sua enorme vantagem
agilizando os processos nos serviços de saúde com um todo. Porém, é preciso
avaliar as condições reais para sua implementação, pelo fato da digitalização
ser um processo complexo que demanda conhecimento técnico, experiência em
certas atividades e tarefas, planejamento estratégico e operacional, suporte
tecnológico e estrutural, além de desenvolvimento de sistemas de informação,
redes estáveis para comunicação constante e equipamentos. Enfim, caberia ao
Ministério de Saúde, antes de impor tal medida em tão curto prazo, reavaliar
suas atitudes e compreender a verdadeira situação de caos da qual a saúde
brasileira se encontra, basta vermos as filas quilométricas nas unidades e
postos de saúde para marcar um exame, quando conseguimos fazer, leva-se seis
meses ou até mais. A tecnologia de digitalização dos prontuários por mais
benéfica que seja, nesse caso não
poderia ser a primeira solução, sendo que existem problemas muitos mais grave a
serem resolvidos.
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