Um povo sem história
é um povo sem identidade. Se não há história não existe futuro
A cultura é a construção da
identidade de qualquer povo, através da cultura o homem cria e recria seus
valores, crenças, mitos, ideologias, saberes e fazeres, dessa forma desenvolve
sua história. A cultura permite o ser humano estabelecer sua identidade e
trilhar o caminho do pertencimento. Toda produção de conhecimento é fruto de
relações culturais que emanam das experiências, habilidades e das trocas de
informação entre os homens.
A presença dos aspectos
sociológicos e antropológicos da existência humana possibilita entendermos as diversas culturas espalhadas
pelo planeta e como cada povo construiu sua identidade, no entanto a dominação
de uma cultura sobre a outra provocou ao longo dos séculos o desaparecimento de
crenças, valores, religiões e aspectos culturais em favor de uma ideologia dita
superior.
Tal dominação cultural veio
juntamente com a dominação econômica, social, política e religiosa que até hoje
reflete nos povos explorados, tais como os negros e índios, escravizados pelo
dito ser superior europeu. Portanto conhecer a história é recriar a cultura e
evitar que o erro passado seja novamente cometido.
A oralidade e a escrita são
elementos fundamentais para construção da história, pois, torna possível aos
seres humanos narrar suas tradições e representá-las no mundo. A tradição oral,
passada de geração a geração foi à forma encontrada pelos povos oprimidos de
perpetuar seus saberes e fazeres, além de ser um instrumento de luta e
resistência contra opressão dos dominantes. A oralidade com seu caráter tácito
e informal permitiu ao homem aprender sobre como dominar o ar, a terra, o fogo
e o ar, elementos naturais que constituem a vida e assim precisam estar em
harmonia com todos os outros seres.
Por outro lado, a escrita
encontra-se no seio dos povos dominantes. O ato de escrever e ler são visto
como a essência daqueles que são capazes de explorar, por deterem o poder da
informação e do conhecimento. Logicamente, tal visão da escrita perpassa a
ideia do dominador, por não reconhecer a oralidade como traço cultural e
legitimo de outros povos, assim como a religião, os modos e os costumes.
Pois uma tribo africana que não
tem internalizada a capacidade da escrita, aos olhos do dominador é subjugado
como seres inferiores, o mesmo ocorre nas nações indígenas americanas, então,
incapazes de construir sua cultura, por isso merecem ser subservientes aos
desejos do colonizador, executando trabalhos penosos e sofrendo castigos
horrendos.
Tal visão retrógrada e
imperialista dos superiores povos europeu levaram ao genocídio cultural, que
infelizmente abriu caminho para todos os tipos de preconceitos e as mais
variadas formas de violência contra os povos africanos e latinos, que perduram
até o momento, trata-se de uma ferida aberta, que jamais cicatrizará.
Resta-nos a história como um meio
para resgatar a identidade perdida, usando a escrita vinda da cultura dos
dominantes para documentar e autenticar as atrocidades cometidas no passado,
fazendo-se assim lembrar que os erros não devem ser apagados.