sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A história como vetor de construção da cultura e identidade dos povos

Um povo sem história é um povo sem identidade. Se não há história não existe futuro

A cultura é a construção da identidade de qualquer povo, através da cultura o homem cria e recria seus valores, crenças, mitos, ideologias, saberes e fazeres, dessa forma desenvolve sua história. A cultura permite o ser humano estabelecer sua identidade e trilhar o caminho do pertencimento. Toda produção de conhecimento é fruto de relações culturais que emanam das experiências, habilidades e das trocas de informação entre os homens.
A presença dos aspectos sociológicos e antropológicos da existência humana possibilita  entendermos as diversas culturas espalhadas pelo planeta e como cada povo construiu sua identidade, no entanto a dominação de uma cultura sobre a outra provocou ao longo dos séculos o desaparecimento de crenças, valores, religiões e aspectos culturais em favor de uma ideologia dita superior.
Tal dominação cultural veio juntamente com a dominação econômica, social, política e religiosa que até hoje reflete nos povos explorados, tais como os negros e índios, escravizados pelo dito ser superior europeu. Portanto conhecer a história é recriar a cultura e evitar que o erro passado seja novamente cometido.
A oralidade e a escrita são elementos fundamentais para construção da história, pois, torna possível aos seres humanos narrar suas tradições e representá-las no mundo. A tradição oral, passada de geração a geração foi à forma encontrada pelos povos oprimidos de perpetuar seus saberes e fazeres, além de ser um instrumento de luta e resistência contra opressão dos dominantes. A oralidade com seu caráter tácito e informal permitiu ao homem aprender sobre como dominar o ar, a terra, o fogo e o ar, elementos naturais que constituem a vida e assim precisam estar em harmonia com todos os outros seres.
Por outro lado, a escrita encontra-se no seio dos povos dominantes. O ato de escrever e ler são visto como a essência daqueles que são capazes de explorar, por deterem o poder da informação e do conhecimento. Logicamente, tal visão da escrita perpassa a ideia do dominador, por não reconhecer a oralidade como traço cultural e legitimo de outros povos, assim como a religião, os modos e os costumes.
Pois uma tribo africana que não tem internalizada a capacidade da escrita, aos olhos do dominador é subjugado como seres inferiores, o mesmo ocorre nas nações indígenas americanas, então, incapazes de construir sua cultura, por isso merecem ser subservientes aos desejos do colonizador, executando trabalhos penosos e sofrendo castigos horrendos.
Tal visão retrógrada e imperialista dos superiores povos europeu levaram ao genocídio cultural, que infelizmente abriu caminho para todos os tipos de preconceitos e as mais variadas formas de violência contra os povos africanos e latinos, que perduram até o momento, trata-se de uma ferida aberta, que jamais cicatrizará.
Resta-nos a história como um meio para resgatar a identidade perdida, usando a escrita vinda da cultura dos dominantes para documentar e autenticar as atrocidades cometidas no passado, fazendo-se assim lembrar que os erros não devem ser apagados.        

sábado, 10 de dezembro de 2016

Digitalização de prontuários médicos no SUS: medida desnecessária no momento

      

Segundo determinação do Ministério da Saúde (MS), até o dia 10 de dezembro de 2016 todos os prontuários médicos dos pacientes deveriam ser digitalizados nos postos e unidades de saúde de todo país, logicamente que tal medida do MS não será cumprida na sua totalidade, por razões de dificuldades financeiras, tecnológicas e de recursos humanos, exigindo treinamento dos funcionários, implantações de redes e equipamentos, tais como Scanners, softwares.  A digitalização dos prontuários certamente irá trazer grandes vantagens ao sistema de saúde, beneficiando milhões de usuários do serviço, como rapidez e eficiência no atendimento, permitir conhecer melhor o histórico do paciente e assim administrar o tratamento adequado, acesso seguro às informações por diferentes profissionais da saúde, além de diminuir o custo com a impressão e duplicação de documentos em papel, gerando enorme economia nos gastos públicos. A tecnologia da digitalização dos prontuários médicos fará a integração de informações entre o governo federal, estadual e municipal e dessa forma distribuir de forma mais equânime os repasses de verbas. No entanto, a conclusão deste projeto vai ser longo que exigirá esforços de todos profissionais de saúde e tecnologia envolvidos, além do apoio direto do Ministério da Saúde, não só com equipamentos e sistemas, mas também capacitação e treinamento das pessoas. A realidade dos postos e unidades de saúde em nosso país parece ser desconhecida pelo governo, por estar muito aquém do ideal, não possuindo mínimo para atender o cidadão. A ideia da digitalização do serviço de saúde de fato é uma iniciativa bastante positiva e extrema relevância que beneficiará o atendimento ao usuário do serviço de saúde e vai agilizar as atividades e tarefas dos profissionais.  Mas a grande questão é que antes deveria se pensar na situação real dos postos e unidades de saúde do país. A maioria deles está numa situação de extrema penúria, se quer tem médicos em quantidade suficiente, muitos estão com sua estrutura física danificada, não possuindo iluminação adequada, vazamentos no teto, alguns não possuem medicamentos básicos para o cidadão e outros não têm material de limpeza e de higiene. Fatores como estes é que deveriam ser prioritários e serem sanados com urgência. A tecnologia por si só não resolverá os problemas já citados. Então, o investimento do governo para a modernização na saúde acaba sendo inútil, um gasto que poderia ser utilizado em outras frentes mais necessárias, servindo de forma efetiva o usuário do sistema de saúde. Portanto, exigir prazo para implantação do serviço de digitalização de prontuários médicos, quando não se tem uma mínima estrutura é um grande contrassenso, ou melhor, para ser mais crítico, torna-se pura demagogia. Precisamos oferecer ao cidadão serviços públicos mais concretos e tangíveis, que atendam a sua real necessidade. Não estamos aqui contra a digitalização do serviço de saúde, sabemos  que trata-se de uma tendência natural e evolutiva, que deve sim ocorrer, devido a sua enorme vantagem agilizando os processos nos serviços de saúde com um todo. Porém, é preciso avaliar as condições reais para sua implementação, pelo fato da digitalização ser um processo complexo que demanda conhecimento técnico, experiência em certas atividades e tarefas, planejamento estratégico e operacional, suporte tecnológico e estrutural, além de desenvolvimento de sistemas de informação, redes estáveis para comunicação constante e equipamentos. Enfim, caberia ao Ministério de Saúde, antes de impor tal medida em tão curto prazo, reavaliar suas atitudes e compreender a verdadeira situação de caos da qual a saúde brasileira se encontra, basta vermos as filas quilométricas nas unidades e postos de saúde para marcar um exame, quando conseguimos fazer, leva-se seis meses ou até mais. A tecnologia de digitalização dos prontuários por mais benéfica que seja,  nesse caso não poderia ser a primeira solução, sendo que existem problemas muitos mais grave a serem resolvidos.          

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Os Perigos da Desregulamentação Econômica

Neste novo milênio assistimos a enormes mudanças em relação a economia, não vivemos mais dentro de uma ilha isolada, cuja produção e consumo estava restrito localmente. O mundo tornou-se global, assim como os mercados, que diretamente são impactados. talvez, uma da maiores discussões neste planeta globalizado seja a questão da desregulamentação da economia. Este assunto um tanto controverso apresenta distintas opiniões e interesses em diversas nações. As experiências em relação a desregulamentação a princípio pode ser um tanto perniciosa e trazer graves consequências econômicas e sociais.
Pois, trata-se de um mecanismo que privilegia grandes empresas em detrimento ao papel estado. A isenção do estado de sua função social, econômica e até mesmo política em certo sentido no gerenciamento de regras, normas e leis, colocando-as na mão de grandes corporações cria enormes danos à sociedade. A falta de intervenção por parte do estado, permite que empresas atuem com as piores práticas e muitas vezes sem serem punidas de maneira severa.
O caso mais emblemático que se beneficiou da desregulamentação foi a empresa Eron, uma gigante da setor de energia dos EUA, que faliu no inicio do século XXI devido a falhas e fraudes financeiras, erros de gestão, falsas informações ao mercado. A Eron era vista de como um corporação sólida, pois, investir em suas ações eram ganhos líquidos e certos, mas na verdade a empresa apresentava grandes problemas como: balanços e demonstrativos contábeis mascarados que não reportavam os  reais prejuízos.  A Eron aproveitou-se da falta de regulação do setor energético e de concorrência no estado da Califórnia para cometer abusos econômicos, alvitrando os preços das tarifas em mais de 300%.  A falência da Eron foi um choque para todos que dela dependiam, provocou as mais diversas reações, suicídio de executivos, empobrecimento, desemprego e muitos investidores viram suas aposentadorias e pensões se diluírem. Isto mostra claramente que a ausência do estado e a quebra de leis podem ser danosas a sociedade como um todo. Portanto  o governo deve exigir contrapartidas financeiras (multas, ajustes de conduta) e legais (punição de executivos e responsáveis) no intuito de proteger os interesses da sociedade.  
Na visão da  esquerda renovada, o governo é a base de regulamentação dos serviços prestados  pelas empresas, pois regular é evitar que os excessos capitalistas possam fraudar o mercado e abusar economicamente da sociedade.  As agências reguladoras tem um papel preponderante na economia, cujo princípio é debelar os abusos de preços dos serviços e produtos, exigir das empresas atuantes políticas claras de proteção ao consumidor, funcionários e investidores, transparência na gestão, em que os balanços patrimoniais e contábeis sejam abertos a todos. As agencias reguladoras devem representar os interesses da sociedade, punido de forma exemplar os absurdos comerciais, regular as tarifas  e cobrar serviços de qualidade.  Pois, casos como estes da Eron mostram que os excessos nos preços foram tolerados pelo governo devido a falta de controle e leis que punissem exemplarmente a empresa, responsabilizando seus executivos por agirem sem qualquer ética no mercado.
Enfim, aqueles que defendem a desregulamentação, geralmente são dotados de uma ética duvidosa, intitulam-se os donos do poder e furtam-se da responsabilidade com os trabalhadores, pequenos acionistas, consumidores e agentes governamentais. De uma certa forma podemos aqui entender que desregular a economia é fortalecer o capitalismo em sua essência mais selvagem e brutal, assim passando por cima dos direitos trabalhistas, provocar perdas no investimento dos fundos de pensão e aposentadorias, além do desmonte da legislação fiscal-tributária. A desregulamentação abre um enorme precedente para a especulação financeira, colocando em detrimento os investimentos de milhões de pessoas, que esperam um retorno real e justo.

Natureza

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