1- Introdução:
Neste artigo buscam-se compreender os principais conceitos que cercam a gestão da informação e do conhecimento, as principais ferramentas tecnológicas que fornecem suporte para o processo de conhecimento nas organizações, com ênfase no compartilhamento de informação. Além disso, serão debatidos certos assuntos como à influência da cultura, política da informação e a aprendizagem organizacional no processo de compartilhamento.
Em cada seção do artigo, vão ser apresentados os conceitos de conhecimento, gestão da informação e do conhecimento, cultura organizacional, política da informação, aprendizagem organizacional e a sua relação com o ambiente empresarial, que implica no uso estratégico da informação, a fim de produzir novos conhecimentos. Já as ferramentas de tecnologia da informação serão descrita no artigo, como um elemento que auxilia nos processos de transferência, troca e disseminação de informação, como uma forma de gerar o conhecimento e a aprendizagem nas organizações.
O uso da TI no processo informacional, como foi dito acima, é um elemento coadjuvante, mas indispensável, por que o conhecimento, as práticas e o compartilhamento residem nas pessoas, somente elas são capazes de interpretar, identificar, classificar as informações a serem aplicadas para a tomada de decisões e fornecer uma estrutura voltada para a vantagem competitiva.
Aqui, serão tratadas algumas ferramentas de TI, que incluem as redes de computadores, gerenciamento de dados e gestão eletrônica de documentos (GED). Cada uma delas fará parte desta discussão.
2 - Informação e conhecimento: conceitos e definições:
Para entender o que é conhecimento, antes se deve apresentar aqui, o que vem a ser informação, que segundo (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) ela tem a finalidade de modificar o modo como o destinatário vê algo exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento... Sendo que a informação visa modelar a pessoa que a recebe no sentido de fazer alguma diferença em sua perspectiva ou insight. Assim no ambiente organizacional a informação tem o papel de criar mudanças no modo de pensar e agir das pessoas, criando um comportamento informacional, que para (DAVENPORT, 2000) esta dimensão comportamental se refere ao modo como os indivíduos lidam com a informação, pelo fato dela ser um ato individual, para isto depende da administração e compartilhamento de sua sobrecarga, algo que para as organizações é muito difícil de gerenciar. Portanto, o comportamento informacional é um caminho para que as pessoas possam criar um ambiente de conhecimento, sendo que um repertorio de informação devidamente estruturado seja numa fonte formal ou informal produz diferentes reações naqueles que participam numa organização. Pode-se referir a estas reações, como um processo de geração de conhecimento. Mas afinal o vem a ser o conhecimento? Para (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) o conhecimento é uma mistura fluida de experiências condensada de valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências. No entanto, o conhecimento não se apresenta de uma única maneira, podendo ser tácito ou explícito. Quando o conhecimento é tácito, ele tende-se a subjetividade, ou seja, é intrínseco ao individuo, sendo difícil de formalizar e expressar aos outros. Ao passo que o conhecimento explícito é aquele de fácil transmissão, formalizado por meio de fórmulas, regras, leis, que permite uma decodificação objetiva.
No entanto, este conhecimento sozinho não fornece as organizações uma vantagem competitiva, pois é preciso que este conhecimento tácito e explicito seja reconhecido e convertido. Em (NONAKA e TAKEUCHI, 1997) conversão do conhecimento se faz de quatro modos, através:
· Socialização – converte o conhecimento tácito para tácito: É um processo de compartilhamento de experiências; como modelos mentais ou habilidades técnicas.
· Externalização – conhecimento para explícito: É um processo de criação do conhecimento perfeito, expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses e modelos.
· Combinação – conhecimento explícito para explícito: Processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. As pessoas trocam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de computadores.
· Internalização - conhecimento explícito para tácito: Está relacionado ao “aprender fazendo”, sendo necessário a verbalização e diagramação do conhecimento na forma de manuais ou historias orais.
Este é um processo continuo cuja conversão do conhecimento se faz através de uma espiral direcionada pela intenção organizacional, que é definida com a aspiração de uma organização as suas metas. (KROGH, ICHIJO, NONAKA, 1998).
Isto permite a criação de uma ambiente de conhecimento que possa ser compartilhado entre os membros da organização, que gera melhores práticas e aprendizagem, que possivelmente leva a uma dimensão de competitividade e melhores decisões.
Então se percebe que a construção do conhecimento é um fator relevante no compartilhamento, mas que depende da interação e comunicação entre as pessoas, demonstrando que a tecnologia sozinha não reproduz a realidade de uma ambiente a ser compartilhado. No entanto, o processo de criação de conhecimento dentro das organizações depende de uma série de fatores que perpassa pela cultura, competências, política e estratégias, que devem ser adotadas. No caso da política, devemos pensar como a organização gerencia suas informações, que podem determinar o grau de compartilhamento, esta relação entre a política e a informação é verificada nos estilos de gerência da informação, a qual (McGEE e PRUSAK, 1996) sugere a metáfora da política, em cinco estados:
· Utopia tecnocrática – Possui uma abordagem fortemente apoiada nas novas tecnologias.
· Anarquia – É uma falta completa de uma gerência da informação, ficando a carga dos indivíduos.
· Feudalismo - Cada unidade ou departamento define suas necessidades informacionais, não havendo uma troca ampla de informação na organização.
· Monarquia – As informações são classificadas e definidas pelos lideres da empresa, que podem ou não partilhar as informações após a sua coleta.
· Federalismo – Baseia se na negociação e consenso do gerenciamento da informação, cujo existe um fluxo de informação dentro da organização.
A política de informação definirá qual é o posicionamento da organização diante do uso, distribuição e compartilhamento da informação, se há um ambiente mais democrático, o fluxo de informação será maior e mais uniforme, proporcionando uma capacidade bem ampla de geração de novos conhecimentos.
Portanto, o federalismo que segundo (McGEE e PRUSAK, 1996) esta apto a ser o modelo mais eficiente para as empresas que confiam na iniciativa independente para geração de uma ação coletiva, tal abordagem dá suporte tanto a autonomia quanto a coordenação.
Na próxima seção serão discutidos os conceitos de gestão da informação e do conhecimento, suas práticas e relações com ambiente organizacional, sendo que a gestão do conhecimento e informação está relacionada ao que foi mostrado na seção anterior, pois ela permite a implantação das políticas informacionais, depende da cultura organizacional e define como o conhecimento e a informação deve ser administrada no ambiente interno das organizações.
3 - A Gestão da Informação e do Conhecimento:
A proposta desta seção é definir a gestão da informação, assim como a gestão do conhecimento, desta maneira, abordar suas principais perspectivas e conflitos. Em primeiro lugar, a gestão da informação está focada nos aspectos de coleta, tratamento e disseminação da informação, com um viés para os processos organizacionais, que atendam os objetivos estratégicos. Por isto a gestão da informação deve ir além dos processos administração de infra-estrutura de TI e sistemas de informação. Desta forma a gestão da informação é vista como um projeto, que segundo (TERRA e GORDON, 2002) possui objetivos técnicos específicos e prazos. Portanto (BEAL, 2004) vai mais longe e diz que um dos aspectos mais ignorados da gestão da informação é a administração da informação não estruturada presente na formal verbal ou impressa, sendo que tal informação pode agregar valor no momento de decisão. Já a gestão do conhecimento conforme (BARBOSA e PAIM, 2003) se apresenta como um conceito controverso e multifacetado, onde as reações em torno da gestão do conhecimento aparecem em três categorias de pessoas:
· Adeptos – são aqueles que vêem a GC como um caminho para as soluções de problemas da organização, pois estão ligados a TI, como um meio para atingir seus propósitos.
· Críticos – enxergam a GC como uma moda, que futuramente será substituída por outra. Acreditam que o conhecimento tácito não pode ser gerenciado e sim estimulado.
· Questionadores – possui uma visão mais radical, a qual a GC é uma maneira de explorar a força de trabalho, principalmente no âmbito intelectual.
No entanto, a GC se constitui numa realidade que está ocorrendo no âmbito organizacional, que é percebida pelo crescente número de artigos, projetos, que adentram não só as empresas, mas também o meio acadêmico. Enfim, o que é gestão do conhecimento? Pode-se dizer que ela é uma disciplina emergente, complexa por representar uma mudança do foco na informação para o foco nos indivíduos, que criam e são donos de seu próprio conhecimento (TERRA e GORDON, 2002).
A gestão do conhecimento depende de uma série de fatores, para que obtenha sucesso e possa alcançar a tão desejada vantagem competitiva, por isto engloba a convergência das estruturas de TI, preocupa-se com o valor do capital intelectual e compartilhamento das informações. Além de construir uma cultura positiva em relação ao conhecimento (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).
Um conceito sobre a GC fornecido por (KRUGLIANSKAS e TERRA, p.149) a qual a gerência do conhecimento ou “Knowledge Management”, como um conjunto formado por tecnologias e métodos que ajudam a criar condições para identificar, integrar, capturar, recuperar e compartilhar o conhecimento existente nas organizações. Assim é visto que, o termo gerência ou gestão são sinônimos, o que não afeta o conceito de gestão de conhecimento. Talvez, o processo de compartilhamento seja o ponto mais importante da GC, ao passo que ele determinará a interação, a troca e a transferência do conhecimento, fornecendo um ambiente propício para a inovação e aprendizagem.
De acordo com (SANTIAGO Jr, P.53) “A gestão do conhecimento é um campo novo na confluência entre a teoria da organização, estratégia gerencial e sistemas de informação, associados à organização do aprendizado, reengenharia de processos, corporações virtuais, criatividade, inovação e TI”.
As novas tendências, como a polarização dos mercados, o surgimento das redes e outras tecnologias que visam a melhoria da qualidade e o desempenho da produtividade não deve ser desconsiderada pelas organizações, isto se soma a certas medidas, tais como: desenvolvimento de um processo de inteligência, incentivo de patentes, permissão do erro, realização de benchmark, que na verdade são algumas das características provenientes dos projetos de gestão do conhecimento. Mesmo assim, tais características não determinam o sucesso ou fracasso do projeto. Para (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) é preciso ir bem adiante e adotar os seguintes fatores:
· Cultura orientada para o conhecimento, através do estimulo, captação, disseminação e compartilhamento do conhecimento;
· Infra-estrutura de TI, com uso de aplicativos avançados;
· Apoio da alta administração;
· Vinculação ao valor econômico e social, destinar receita para o projeto de GC;
· Clareza de visão e linguagem, ou seja, estabelecer nas propostas e terminologia que vá dos treinamentos até as mudanças organizacionais;
· Elementos de motivação não triviais, destinados à aqueles que criam, compartilham e usam o conhecimento;
· Estruturar o conhecimento, para que ocorram fluxos deste conhecimento por toda organização;
· Múltiplos canais para transferência do conhecimento, assim permitindo sua passagem para outros departamentos, de forma eficiente e rápida.
Os fatores propostos pelos autores Davenport e Prusak, na teoria demonstram ser o ponto chave da gestão do conhecimento, assim como as características estabelecidas logo acima, contudo, ao se implantar um projeto destes na prática, as organizações encontram grandes dificuldades, seja pela falta de apoio dos decisores, uma cultura muito arraigada, cuja informação e conhecimento são altamente centralizadas entre os gerentes e diretores ou nos próprios departamentos, as ameaças internas e externas ligadas a competição, incertezas e falta de incentivo, todas essas questões provocam uma ambiente a qual o projeto de GC, certamente não terá um resultado viável e positivo. Mas análise do sucesso ou fracasso dos projetos de GC não é o propósito deste artigo, só foi ilustrado no intuito de fazer saber que há forças contrárias que podem impedir sua implementação. O que interessa, realmente, é compreender como o conhecimento é compartilhado, por meio das ferramentas de gestão do conhecimento, Quando me refiro as ferramentas, fatalmente, serão delineados os recursos da tecnologia da informação, ao passo que, a grande maioria dos autores abordados no artigo, caminha em um viés tecnológico.
Talvez, não tenha ficado bem claro o que foi dito sobre o viés tecnológico. Pois, a tecnologia como ferramenta é indispensável, cujas redes, os portais, sistemas inteligentes, softwares de comunicação existem justamente para facilitar e ampliar o compartilhamento das informações. Entretanto, há outros fatores tão relevantes quanto à tecnologia, que devem ser amplamente contempladas, muitas delas já discutidas anteriormente no artigo. Tal afirmação é percebida em (SATIRO Jr, 2004. P.63) “a qual o gerenciamento do conhecimento não se é obtido a partir do uso de uma determinada tecnologia por si só, e sim a partir da utilização de uma série de tecnologias de forma compartilhada e conciliada as atividades exercidas pela organização, bem como com uma estrutura organizacional voltada para o conhecimento”.
4 – O compartilhamento das informações e do Conhecimento:
Neste tópico, será abordada a definição de compartilhamento da informação, que para (DAVENPORT, 2000) é uma ato voluntário de disponibilizar as informações aos outros, não pode ser confundido com relatar, por ter um caráter de troca involuntária de maneira estruturada e rotineira. O vocábulo compartilhamento implica vontade. Todavia, (GARVIN, 2002) diz que é mais fácil falar, do que fazer tal compartilhamento. Por um lado, ele pode estar até certo, quando temos ambientes organizacionais, cuja política seja muito centralizadora. Mas as próprias organizações estão percebendo o valor do compartilhamento das informações e do conhecimento como um fator de resultados positivos para a inovação e competitividade. Isto pode ser exemplificado quando (De MASI, 2005. P.351) diz:
“Nos anos 1950, 60 e 70 o uso do computador permaneceu confinado ao mundo militar ou nas mãos de grandes burocracias, tendo um caráter rígido de sistemas engessados. Parece que o uso ágil do computador foi feito por uma quadrilha criminosa... Não é de se espantar, que as coisas tenham acontecido desta forma, dada a menor resistência às mudanças que geralmente caracteriza os grupos transgressores em comparação com as rígidas tecno-estruturas dos exércitos, das academias e das indústrias... o uso do computador elevou a produtividade tanto da ciência como das empresas, permitindo a desestruturação espaço-temporal dos processos, ao mesmo tempo a sua integração funcional através de fluxos comunicativos de centralizar e distribuir informações em escala planetária e em tempo real... cada computador teve que ser conectado com todos os outros, formando uma rede global... As tecnologias da informação e da comunicação permitem manter relacionamentos a uma distância planetária sem dar um passo se quer.”
A partir disto, pode ser observado que o compartilhamento das informações é um elemento chave para o desenvolvimento do conhecimento e da inovação. Sendo que a evolução da tecnologia de informação foi possível quando os computadores e as redes saíram de um ambiente hierárquico e burocrático, a qual não havia troca de informações, migrando para um outro mais flexível e democrático, a qual a participação de pesquisadores, acadêmicos, profissionais, estudantes de tecnologia e mesmo estes transgressores já citados popularizaram as inovações tecnológicas, abrindo um novo espaço para a aprendizagem, troca de experiências, que fornecem subsídios para a implantação de projetos de gestão do conhecimento. Portanto já alinhamos uma definição sobre o compartilhamento da informação e delineamos um exemplo de com a criação das redes de computadores, só foi possível coma participação de pessoas em um espaço democrático de uso e disseminação de informações, conhecimento e experiências. Então, na próxima seção, serão apresentadas as principais ferramentas de gestão do conhecimento, que contribui no compartilhamento das informações e também auxilia nos processos de criação do conhecimento e tomada de decisões.
5- Ferramentas de Gestão do Conhecimento:
Ao longo do artigo, foram discutidas diversas questões sobre uso da tecnologia e a sua relevância em torno da gestão do conhecimento. De qualquer forma, não podemos deixar de abordá-las, sendo ela o motivo deste artigo. A tecnologia, ou melhor, as tecnologias aparecem aqui, como ferramentas ou instrumentos de integração, manipulação e transformação do processo de conhecimento organizacional, pois são estes processos que criam novos significados e viabiliza as mudanças de paradigmas. Entre estas ferramentas se destacam segundo (SATIRO Jr, 2004) as tecnologias de informação na gestão, redes de computadores, gerenciamento de dados, GED (gerenciamento eletrônico de documentos). Portanto (BEAL, 2004) vai acrescentar nesta gama as ferramentas de BI. Cada uma delas será apresentada minuciosamente a seguir:
1. As tecnologias de informação na gestão são evidenciadas pelo seu grau de conectividade entre as pessoas, que permite maior disseminação das informações, são divididas em:
1.1. Repositório de materiais de referência são ferramentas a qual os membros de uma organização podem acessar os conhecimentos registrados e armazenados.
1.2. Mapas de conhecimento são listas e descrições das competências presente no ambiente interno e externo da empresas, que facilitam o compartilhamento da informação.
1.3. Armazenamento de conhecimento são ferramentas que reduzem o tempo e a distância no acesso ao conhecimento.
2. Redes de computadores possibilitam através da internet e correio eletrônico a disseminação e compartilhamento, além de permitir a interatividade entre grupos de discussão, sendo que as especificas a gestão do conhecimento se destaca:
2.1. Paginas Amarelas que são bancos de dados on-line, que contempla lista de pessoas especialistas num domínio do conhecimento.
2.2. Repositório de conhecimento é uma coletânea de conhecimento explícito que existe na forma de documentos e relatórios.
2.3. Intranet é uma solução em rede que permite gerenciar as informações e o conhecimento das empresas através de protocolos da internet, o que possibilita os colaboradores criarem, acessarem e distribuírem informações de forma eficaz.
2.4. Extranet utiliza protocolo da Internet, que procura fazer a integração da empresa com seus clientes e fornecedores.
2.5. Portais Corporativos de acordo com (TERRA e GORDON, 2002) são apresentados como portais do conhecimento, projetados para facilitar a comunicação e interação de lideranças dentro das empresas e para aumentar as habilidades dos funcionários, assim melhorar e utilizar suas capacidades cognitivas, criatividade e de tomada de decisões. Os portais se concentram numa plataforma de disseminação de informações, comunidades de prática, E-learning e redes virtuais.
3. Gerenciamento de dados tem suas aplicações focadas no Datawarehouse, que permite a reutilização dos dados de um BD, sendo ele um armazém de dados que podem fornecer informações de forma segura para a tomada de decisão. O Datawarehouse algumas vezes pode necessitar de ferramentas como o Data-Mart, desenvolvido para encontrar informações que sejam especificas da organização. Pois o que foi falado sobre esta ferramenta pode ser observado logo abaixo na figura 1, onde está representado o Datawarehouse e suas bases de dados, que faz a extração, transformação e integração dos dados, que permite o acesso tanto estruturado, quanto o não estruturado.
4. Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) exerce um papel importante na gestão do conhecimento devido as suas técnicas e métodos para facilitar o arquivamento, acesso, consulta e difusão de documentos e informações da empresa. Na figura dois exemplificamos um esquema do processo de GED, onde os documentos em papel são escaneados e depois são colocados num suporte, seja microfilme ou em arquivos de computadores para devida consulta pelos usuários. Para (SATIRO Jr, P.60) o GED se utiliza das seguintes ferramentas de tecnologia:
4.1. EDM (Engineering Document Management) que é destinada à gestão de documentos técnicos.
4.2. OCR (Optical Character Recognition) faz a conversão de caracteres de forma digitada ou manuscrita, nesta última denomina-se ICR (Intelligent Character Recognition).
4.3. FTR (Full Text Retriveval) recupera documentos a partir de palavras de seu conteúdo, após a extração do texto através da OCR ou ICR.
4.4. COLD (Computer Output to Laser Disc) ou (Computer Online Data), Neste o que se e armazenar os arquivos, para uma recuperação indexada, cujos documentos são colocados em formatos óticos para consulta on-line ou em rede.
4.5. Workflow ou sistema de fluxo de trabalho é bastante útil para automatização de procedimentos, a qual documentos, informações e atividades são distribuídos dentro da empresa. No entanto, o Workflow não se apresenta como uma ferramenta adequada para as decisões mais complexas. Na figura dois, logo acima vemos um pequeno exemplo de fluxo de trabalho de requerimento de compras, a qual um usuário perpassa pela aprovação da supervisão e departamento financeiro, onde o documento de requisição de compra já autorizado será arquivado e posteriormente recairá no GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos).
5. A ferramenta de BI (Business Intelligence) abrange um papel importante na gestão do conhecimento por auxiliar em aplicações de consulta, planejamento e análise, o que permite antecipar resultados e fazer diagnósticos para uma boa tomada de decisão.
6- Numa decisão ente colocar ou não o Blog como ferramenta de gestão do conhecimento foi um tanto difícil, pelo fato de que a literatura que envolve a relação entre ambos os assuntos e escasso. Mas eu o não poderia deixa - lo de fora, por enxergar que os Blogs é uma realidade dentro de muitas organizações e possui um papel relevante no processo de compartilhamento de informações e também como fonte de conhecimento. Antes é preciso entender o conceito e a evolução dos Blogs. Desta forma dizemos que o termo Blog é uma simplificação de Weblog ou simplesmente diário on-line, a qual se publica de forma cronológica textos, fotos e links. O que chama mais atenção nos Blogs é a facilidade de uso, ao passo que as páginas são construídas sem a necessidade de programação, devido à facilidade de colaboração, permissão de troca rápida de informações, além de filtrar, agrupar, classificar e disseminar o conhecimento. Portanto os Blogs atraíram interesses por parte das organizações, mas os eu uso vai depender de fatores como a cultura e os objetivos estratégicos. Outras empresas já adotam os Blogs como instrumento que ajuda na captura do conhecimento tácito, na geração de novas idéias, no surgimento de comunidades de prática e mesmo como meio de comunicação entre executivos e colaboradores. Enfim a escolha de inserir o Blog como ferramenta de gestão do conhecimento é pelo fato dele permitir que as organizações alcancem o sucesso na implantação de gestão do conhecimento, através do efeito de rede. Por que quanto mais os colaboradores utilizarem os Blogs em seus projetos, maior será a quantidade de conhecimento compartilhado.
6- Considerações finais:
Em suma, o propósito deste seria a principio fazer uma correlação entre os processos de gestão do conhecimento baseado na tecnologia da informação, com destaque para algumas ferramentas que possam apoiar tal processo. No entanto percebi que a gestão do conhecimento vai além do uso de instrumentos tecnológicos e esbarra em outros questionamentos, que envolve fatores como a cultura da organização, que prevê se as pessoas estão abertas e harmoniosas diante de novas mudanças e a forma como elas trabalham a informação no dia a dia da empresa. Também se deve questionar a política informacional adotada, que impede os colaboradores usar e disseminar o conhecimento adquirido, outras questões como as incertezas provenientes do ambiente externo, a falta de clareza na comunicação entre os executivos e colaboradores, as ambigüidades influenciam no compartilhamento das informações. Ao propor as ferramentas, principalmente o Blog como parte constituinte do processo de gestão do conhecimento é uma tentativa de estabelecer uma nova estratégia para a difusão do conhecimento tácito, como base para o aprendizado, inovação e mudanças. Mas a respeito das conclusões, sobre a gestão do conhecimento neste artigo, ou qualquer outra literatura, mostram que o assunto é um tanto complicado, com diversos recortes, muitos deles se contradizem, na própria definição e conceituação, assim não oferecendo uma fundamentação consensual. Até mesmo, as organizações ao implantarem projetos de gestão de conhecimento, não sabem ao certo se estão fazendo apenas mais uma estruturação do gerenciamento de suas informações e documentos ou qualquer outra coisa que não é gestão do conhecimento.
Referência:
BEAL, Adriana. Gestão Estratégica da Informação: como transformar a informação e a tecnologia em fatores de crescimento... São Paulo: Atlas, 2004.
CHOO, Chun Wei. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir o conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003.
DE MAIS, Domenico. Criatividade e grupos criativos: descoberta e invenção. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
DAVENPORT, T. H. Ecologia da Informação. São Paulo: Futura, 2000.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
GARVIN, D. Aprendizagem em ação: um guia para transformar sua empresa em uma learning organization. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
KROGH, G; ICHIJO, K; NONAKA, I. Facilitando a criação do conhecimento: Reinventado a empresa com o poder da inovação contínua. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
KRUGLIANSKAS, I; TERRA, J.C.C. Gestão do Conhecimento em pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Negócios, 2003.
McGEE, J; PRUSAK, L. Gerenciamento Estratégico da Informação. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
O que é um Blog? Terra fórum consultores, 2005. Disponível em: http://www.terraforum.com.br/. Acesso em 15/09/2005.
PAIM, Isis (org.). A gestão da informação e do conhecimento. Belo Horizonte: ECI/UFMG, 2003.
SANTIAGO Jr, J. R. Gestão do conhecimento: A chave para o sucesso empresarial. São Paulo: Novatec, 2004.
TERRA, J.C. C; GORDON. C. Portais Corporativos: A revolução na gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Negócios, 2002.
Sobre os autores / About the Authors:
Mestrando em Ciência da Informação pela ECI/UFMG. Graduado em Biblioteconomia pela ECI/UFMG.
Sandroab27b@yahoo.com.br
Em cada seção do artigo, vão ser apresentados os conceitos de conhecimento, gestão da informação e do conhecimento, cultura organizacional, política da informação, aprendizagem organizacional e a sua relação com o ambiente empresarial, que implica no uso estratégico da informação, a fim de produzir novos conhecimentos. Já as ferramentas de tecnologia da informação serão descrita no artigo, como um elemento que auxilia nos processos de transferência, troca e disseminação de informação, como uma forma de gerar o conhecimento e a aprendizagem nas organizações.
O uso da TI no processo informacional, como foi dito acima, é um elemento coadjuvante, mas indispensável, por que o conhecimento, as práticas e o compartilhamento residem nas pessoas, somente elas são capazes de interpretar, identificar, classificar as informações a serem aplicadas para a tomada de decisões e fornecer uma estrutura voltada para a vantagem competitiva.
Aqui, serão tratadas algumas ferramentas de TI, que incluem as redes de computadores, gerenciamento de dados e gestão eletrônica de documentos (GED). Cada uma delas fará parte desta discussão.
2 - Informação e conhecimento: conceitos e definições:
Para entender o que é conhecimento, antes se deve apresentar aqui, o que vem a ser informação, que segundo (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) ela tem a finalidade de modificar o modo como o destinatário vê algo exercer algum impacto sobre seu julgamento e comportamento... Sendo que a informação visa modelar a pessoa que a recebe no sentido de fazer alguma diferença em sua perspectiva ou insight. Assim no ambiente organizacional a informação tem o papel de criar mudanças no modo de pensar e agir das pessoas, criando um comportamento informacional, que para (DAVENPORT, 2000) esta dimensão comportamental se refere ao modo como os indivíduos lidam com a informação, pelo fato dela ser um ato individual, para isto depende da administração e compartilhamento de sua sobrecarga, algo que para as organizações é muito difícil de gerenciar. Portanto, o comportamento informacional é um caminho para que as pessoas possam criar um ambiente de conhecimento, sendo que um repertorio de informação devidamente estruturado seja numa fonte formal ou informal produz diferentes reações naqueles que participam numa organização. Pode-se referir a estas reações, como um processo de geração de conhecimento. Mas afinal o vem a ser o conhecimento? Para (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) o conhecimento é uma mistura fluida de experiências condensada de valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências. No entanto, o conhecimento não se apresenta de uma única maneira, podendo ser tácito ou explícito. Quando o conhecimento é tácito, ele tende-se a subjetividade, ou seja, é intrínseco ao individuo, sendo difícil de formalizar e expressar aos outros. Ao passo que o conhecimento explícito é aquele de fácil transmissão, formalizado por meio de fórmulas, regras, leis, que permite uma decodificação objetiva.
No entanto, este conhecimento sozinho não fornece as organizações uma vantagem competitiva, pois é preciso que este conhecimento tácito e explicito seja reconhecido e convertido. Em (NONAKA e TAKEUCHI, 1997) conversão do conhecimento se faz de quatro modos, através:
· Socialização – converte o conhecimento tácito para tácito: É um processo de compartilhamento de experiências; como modelos mentais ou habilidades técnicas.
· Externalização – conhecimento para explícito: É um processo de criação do conhecimento perfeito, expresso na forma de metáforas, analogias, conceitos, hipóteses e modelos.
· Combinação – conhecimento explícito para explícito: Processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. As pessoas trocam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de computadores.
· Internalização - conhecimento explícito para tácito: Está relacionado ao “aprender fazendo”, sendo necessário a verbalização e diagramação do conhecimento na forma de manuais ou historias orais.
Este é um processo continuo cuja conversão do conhecimento se faz através de uma espiral direcionada pela intenção organizacional, que é definida com a aspiração de uma organização as suas metas. (KROGH, ICHIJO, NONAKA, 1998).
Isto permite a criação de uma ambiente de conhecimento que possa ser compartilhado entre os membros da organização, que gera melhores práticas e aprendizagem, que possivelmente leva a uma dimensão de competitividade e melhores decisões.
Então se percebe que a construção do conhecimento é um fator relevante no compartilhamento, mas que depende da interação e comunicação entre as pessoas, demonstrando que a tecnologia sozinha não reproduz a realidade de uma ambiente a ser compartilhado. No entanto, o processo de criação de conhecimento dentro das organizações depende de uma série de fatores que perpassa pela cultura, competências, política e estratégias, que devem ser adotadas. No caso da política, devemos pensar como a organização gerencia suas informações, que podem determinar o grau de compartilhamento, esta relação entre a política e a informação é verificada nos estilos de gerência da informação, a qual (McGEE e PRUSAK, 1996) sugere a metáfora da política, em cinco estados:
· Utopia tecnocrática – Possui uma abordagem fortemente apoiada nas novas tecnologias.
· Anarquia – É uma falta completa de uma gerência da informação, ficando a carga dos indivíduos.
· Feudalismo - Cada unidade ou departamento define suas necessidades informacionais, não havendo uma troca ampla de informação na organização.
· Monarquia – As informações são classificadas e definidas pelos lideres da empresa, que podem ou não partilhar as informações após a sua coleta.
· Federalismo – Baseia se na negociação e consenso do gerenciamento da informação, cujo existe um fluxo de informação dentro da organização.
A política de informação definirá qual é o posicionamento da organização diante do uso, distribuição e compartilhamento da informação, se há um ambiente mais democrático, o fluxo de informação será maior e mais uniforme, proporcionando uma capacidade bem ampla de geração de novos conhecimentos.
Portanto, o federalismo que segundo (McGEE e PRUSAK, 1996) esta apto a ser o modelo mais eficiente para as empresas que confiam na iniciativa independente para geração de uma ação coletiva, tal abordagem dá suporte tanto a autonomia quanto a coordenação.
Na próxima seção serão discutidos os conceitos de gestão da informação e do conhecimento, suas práticas e relações com ambiente organizacional, sendo que a gestão do conhecimento e informação está relacionada ao que foi mostrado na seção anterior, pois ela permite a implantação das políticas informacionais, depende da cultura organizacional e define como o conhecimento e a informação deve ser administrada no ambiente interno das organizações.
3 - A Gestão da Informação e do Conhecimento:
A proposta desta seção é definir a gestão da informação, assim como a gestão do conhecimento, desta maneira, abordar suas principais perspectivas e conflitos. Em primeiro lugar, a gestão da informação está focada nos aspectos de coleta, tratamento e disseminação da informação, com um viés para os processos organizacionais, que atendam os objetivos estratégicos. Por isto a gestão da informação deve ir além dos processos administração de infra-estrutura de TI e sistemas de informação. Desta forma a gestão da informação é vista como um projeto, que segundo (TERRA e GORDON, 2002) possui objetivos técnicos específicos e prazos. Portanto (BEAL, 2004) vai mais longe e diz que um dos aspectos mais ignorados da gestão da informação é a administração da informação não estruturada presente na formal verbal ou impressa, sendo que tal informação pode agregar valor no momento de decisão. Já a gestão do conhecimento conforme (BARBOSA e PAIM, 2003) se apresenta como um conceito controverso e multifacetado, onde as reações em torno da gestão do conhecimento aparecem em três categorias de pessoas:
· Adeptos – são aqueles que vêem a GC como um caminho para as soluções de problemas da organização, pois estão ligados a TI, como um meio para atingir seus propósitos.
· Críticos – enxergam a GC como uma moda, que futuramente será substituída por outra. Acreditam que o conhecimento tácito não pode ser gerenciado e sim estimulado.
· Questionadores – possui uma visão mais radical, a qual a GC é uma maneira de explorar a força de trabalho, principalmente no âmbito intelectual.
No entanto, a GC se constitui numa realidade que está ocorrendo no âmbito organizacional, que é percebida pelo crescente número de artigos, projetos, que adentram não só as empresas, mas também o meio acadêmico. Enfim, o que é gestão do conhecimento? Pode-se dizer que ela é uma disciplina emergente, complexa por representar uma mudança do foco na informação para o foco nos indivíduos, que criam e são donos de seu próprio conhecimento (TERRA e GORDON, 2002).
A gestão do conhecimento depende de uma série de fatores, para que obtenha sucesso e possa alcançar a tão desejada vantagem competitiva, por isto engloba a convergência das estruturas de TI, preocupa-se com o valor do capital intelectual e compartilhamento das informações. Além de construir uma cultura positiva em relação ao conhecimento (DAVENPORT e PRUSAK, 1998).
Um conceito sobre a GC fornecido por (KRUGLIANSKAS e TERRA, p.149) a qual a gerência do conhecimento ou “Knowledge Management”, como um conjunto formado por tecnologias e métodos que ajudam a criar condições para identificar, integrar, capturar, recuperar e compartilhar o conhecimento existente nas organizações. Assim é visto que, o termo gerência ou gestão são sinônimos, o que não afeta o conceito de gestão de conhecimento. Talvez, o processo de compartilhamento seja o ponto mais importante da GC, ao passo que ele determinará a interação, a troca e a transferência do conhecimento, fornecendo um ambiente propício para a inovação e aprendizagem.
De acordo com (SANTIAGO Jr, P.53) “A gestão do conhecimento é um campo novo na confluência entre a teoria da organização, estratégia gerencial e sistemas de informação, associados à organização do aprendizado, reengenharia de processos, corporações virtuais, criatividade, inovação e TI”.
As novas tendências, como a polarização dos mercados, o surgimento das redes e outras tecnologias que visam a melhoria da qualidade e o desempenho da produtividade não deve ser desconsiderada pelas organizações, isto se soma a certas medidas, tais como: desenvolvimento de um processo de inteligência, incentivo de patentes, permissão do erro, realização de benchmark, que na verdade são algumas das características provenientes dos projetos de gestão do conhecimento. Mesmo assim, tais características não determinam o sucesso ou fracasso do projeto. Para (DAVENPORT e PRUSAK, 1998) é preciso ir bem adiante e adotar os seguintes fatores:
· Cultura orientada para o conhecimento, através do estimulo, captação, disseminação e compartilhamento do conhecimento;
· Infra-estrutura de TI, com uso de aplicativos avançados;
· Apoio da alta administração;
· Vinculação ao valor econômico e social, destinar receita para o projeto de GC;
· Clareza de visão e linguagem, ou seja, estabelecer nas propostas e terminologia que vá dos treinamentos até as mudanças organizacionais;
· Elementos de motivação não triviais, destinados à aqueles que criam, compartilham e usam o conhecimento;
· Estruturar o conhecimento, para que ocorram fluxos deste conhecimento por toda organização;
· Múltiplos canais para transferência do conhecimento, assim permitindo sua passagem para outros departamentos, de forma eficiente e rápida.
Os fatores propostos pelos autores Davenport e Prusak, na teoria demonstram ser o ponto chave da gestão do conhecimento, assim como as características estabelecidas logo acima, contudo, ao se implantar um projeto destes na prática, as organizações encontram grandes dificuldades, seja pela falta de apoio dos decisores, uma cultura muito arraigada, cuja informação e conhecimento são altamente centralizadas entre os gerentes e diretores ou nos próprios departamentos, as ameaças internas e externas ligadas a competição, incertezas e falta de incentivo, todas essas questões provocam uma ambiente a qual o projeto de GC, certamente não terá um resultado viável e positivo. Mas análise do sucesso ou fracasso dos projetos de GC não é o propósito deste artigo, só foi ilustrado no intuito de fazer saber que há forças contrárias que podem impedir sua implementação. O que interessa, realmente, é compreender como o conhecimento é compartilhado, por meio das ferramentas de gestão do conhecimento, Quando me refiro as ferramentas, fatalmente, serão delineados os recursos da tecnologia da informação, ao passo que, a grande maioria dos autores abordados no artigo, caminha em um viés tecnológico.
Talvez, não tenha ficado bem claro o que foi dito sobre o viés tecnológico. Pois, a tecnologia como ferramenta é indispensável, cujas redes, os portais, sistemas inteligentes, softwares de comunicação existem justamente para facilitar e ampliar o compartilhamento das informações. Entretanto, há outros fatores tão relevantes quanto à tecnologia, que devem ser amplamente contempladas, muitas delas já discutidas anteriormente no artigo. Tal afirmação é percebida em (SATIRO Jr, 2004. P.63) “a qual o gerenciamento do conhecimento não se é obtido a partir do uso de uma determinada tecnologia por si só, e sim a partir da utilização de uma série de tecnologias de forma compartilhada e conciliada as atividades exercidas pela organização, bem como com uma estrutura organizacional voltada para o conhecimento”.
4 – O compartilhamento das informações e do Conhecimento:
Neste tópico, será abordada a definição de compartilhamento da informação, que para (DAVENPORT, 2000) é uma ato voluntário de disponibilizar as informações aos outros, não pode ser confundido com relatar, por ter um caráter de troca involuntária de maneira estruturada e rotineira. O vocábulo compartilhamento implica vontade. Todavia, (GARVIN, 2002) diz que é mais fácil falar, do que fazer tal compartilhamento. Por um lado, ele pode estar até certo, quando temos ambientes organizacionais, cuja política seja muito centralizadora. Mas as próprias organizações estão percebendo o valor do compartilhamento das informações e do conhecimento como um fator de resultados positivos para a inovação e competitividade. Isto pode ser exemplificado quando (De MASI, 2005. P.351) diz:
“Nos anos 1950, 60 e 70 o uso do computador permaneceu confinado ao mundo militar ou nas mãos de grandes burocracias, tendo um caráter rígido de sistemas engessados. Parece que o uso ágil do computador foi feito por uma quadrilha criminosa... Não é de se espantar, que as coisas tenham acontecido desta forma, dada a menor resistência às mudanças que geralmente caracteriza os grupos transgressores em comparação com as rígidas tecno-estruturas dos exércitos, das academias e das indústrias... o uso do computador elevou a produtividade tanto da ciência como das empresas, permitindo a desestruturação espaço-temporal dos processos, ao mesmo tempo a sua integração funcional através de fluxos comunicativos de centralizar e distribuir informações em escala planetária e em tempo real... cada computador teve que ser conectado com todos os outros, formando uma rede global... As tecnologias da informação e da comunicação permitem manter relacionamentos a uma distância planetária sem dar um passo se quer.”
A partir disto, pode ser observado que o compartilhamento das informações é um elemento chave para o desenvolvimento do conhecimento e da inovação. Sendo que a evolução da tecnologia de informação foi possível quando os computadores e as redes saíram de um ambiente hierárquico e burocrático, a qual não havia troca de informações, migrando para um outro mais flexível e democrático, a qual a participação de pesquisadores, acadêmicos, profissionais, estudantes de tecnologia e mesmo estes transgressores já citados popularizaram as inovações tecnológicas, abrindo um novo espaço para a aprendizagem, troca de experiências, que fornecem subsídios para a implantação de projetos de gestão do conhecimento. Portanto já alinhamos uma definição sobre o compartilhamento da informação e delineamos um exemplo de com a criação das redes de computadores, só foi possível coma participação de pessoas em um espaço democrático de uso e disseminação de informações, conhecimento e experiências. Então, na próxima seção, serão apresentadas as principais ferramentas de gestão do conhecimento, que contribui no compartilhamento das informações e também auxilia nos processos de criação do conhecimento e tomada de decisões.
5- Ferramentas de Gestão do Conhecimento:
Ao longo do artigo, foram discutidas diversas questões sobre uso da tecnologia e a sua relevância em torno da gestão do conhecimento. De qualquer forma, não podemos deixar de abordá-las, sendo ela o motivo deste artigo. A tecnologia, ou melhor, as tecnologias aparecem aqui, como ferramentas ou instrumentos de integração, manipulação e transformação do processo de conhecimento organizacional, pois são estes processos que criam novos significados e viabiliza as mudanças de paradigmas. Entre estas ferramentas se destacam segundo (SATIRO Jr, 2004) as tecnologias de informação na gestão, redes de computadores, gerenciamento de dados, GED (gerenciamento eletrônico de documentos). Portanto (BEAL, 2004) vai acrescentar nesta gama as ferramentas de BI. Cada uma delas será apresentada minuciosamente a seguir:
1. As tecnologias de informação na gestão são evidenciadas pelo seu grau de conectividade entre as pessoas, que permite maior disseminação das informações, são divididas em:
1.1. Repositório de materiais de referência são ferramentas a qual os membros de uma organização podem acessar os conhecimentos registrados e armazenados.
1.2. Mapas de conhecimento são listas e descrições das competências presente no ambiente interno e externo da empresas, que facilitam o compartilhamento da informação.
1.3. Armazenamento de conhecimento são ferramentas que reduzem o tempo e a distância no acesso ao conhecimento.
2. Redes de computadores possibilitam através da internet e correio eletrônico a disseminação e compartilhamento, além de permitir a interatividade entre grupos de discussão, sendo que as especificas a gestão do conhecimento se destaca:
2.1. Paginas Amarelas que são bancos de dados on-line, que contempla lista de pessoas especialistas num domínio do conhecimento.
2.2. Repositório de conhecimento é uma coletânea de conhecimento explícito que existe na forma de documentos e relatórios.
2.3. Intranet é uma solução em rede que permite gerenciar as informações e o conhecimento das empresas através de protocolos da internet, o que possibilita os colaboradores criarem, acessarem e distribuírem informações de forma eficaz.
2.4. Extranet utiliza protocolo da Internet, que procura fazer a integração da empresa com seus clientes e fornecedores.
2.5. Portais Corporativos de acordo com (TERRA e GORDON, 2002) são apresentados como portais do conhecimento, projetados para facilitar a comunicação e interação de lideranças dentro das empresas e para aumentar as habilidades dos funcionários, assim melhorar e utilizar suas capacidades cognitivas, criatividade e de tomada de decisões. Os portais se concentram numa plataforma de disseminação de informações, comunidades de prática, E-learning e redes virtuais.
3. Gerenciamento de dados tem suas aplicações focadas no Datawarehouse, que permite a reutilização dos dados de um BD, sendo ele um armazém de dados que podem fornecer informações de forma segura para a tomada de decisão. O Datawarehouse algumas vezes pode necessitar de ferramentas como o Data-Mart, desenvolvido para encontrar informações que sejam especificas da organização. Pois o que foi falado sobre esta ferramenta pode ser observado logo abaixo na figura 1, onde está representado o Datawarehouse e suas bases de dados, que faz a extração, transformação e integração dos dados, que permite o acesso tanto estruturado, quanto o não estruturado.
4. Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED) exerce um papel importante na gestão do conhecimento devido as suas técnicas e métodos para facilitar o arquivamento, acesso, consulta e difusão de documentos e informações da empresa. Na figura dois exemplificamos um esquema do processo de GED, onde os documentos em papel são escaneados e depois são colocados num suporte, seja microfilme ou em arquivos de computadores para devida consulta pelos usuários. Para (SATIRO Jr, P.60) o GED se utiliza das seguintes ferramentas de tecnologia:
4.1. EDM (Engineering Document Management) que é destinada à gestão de documentos técnicos.
4.2. OCR (Optical Character Recognition) faz a conversão de caracteres de forma digitada ou manuscrita, nesta última denomina-se ICR (Intelligent Character Recognition).
4.3. FTR (Full Text Retriveval) recupera documentos a partir de palavras de seu conteúdo, após a extração do texto através da OCR ou ICR.
4.4. COLD (Computer Output to Laser Disc) ou (Computer Online Data), Neste o que se e armazenar os arquivos, para uma recuperação indexada, cujos documentos são colocados em formatos óticos para consulta on-line ou em rede.
4.5. Workflow ou sistema de fluxo de trabalho é bastante útil para automatização de procedimentos, a qual documentos, informações e atividades são distribuídos dentro da empresa. No entanto, o Workflow não se apresenta como uma ferramenta adequada para as decisões mais complexas. Na figura dois, logo acima vemos um pequeno exemplo de fluxo de trabalho de requerimento de compras, a qual um usuário perpassa pela aprovação da supervisão e departamento financeiro, onde o documento de requisição de compra já autorizado será arquivado e posteriormente recairá no GED (Gerenciamento Eletrônico de Documentos).
5. A ferramenta de BI (Business Intelligence) abrange um papel importante na gestão do conhecimento por auxiliar em aplicações de consulta, planejamento e análise, o que permite antecipar resultados e fazer diagnósticos para uma boa tomada de decisão.
6- Numa decisão ente colocar ou não o Blog como ferramenta de gestão do conhecimento foi um tanto difícil, pelo fato de que a literatura que envolve a relação entre ambos os assuntos e escasso. Mas eu o não poderia deixa - lo de fora, por enxergar que os Blogs é uma realidade dentro de muitas organizações e possui um papel relevante no processo de compartilhamento de informações e também como fonte de conhecimento. Antes é preciso entender o conceito e a evolução dos Blogs. Desta forma dizemos que o termo Blog é uma simplificação de Weblog ou simplesmente diário on-line, a qual se publica de forma cronológica textos, fotos e links. O que chama mais atenção nos Blogs é a facilidade de uso, ao passo que as páginas são construídas sem a necessidade de programação, devido à facilidade de colaboração, permissão de troca rápida de informações, além de filtrar, agrupar, classificar e disseminar o conhecimento. Portanto os Blogs atraíram interesses por parte das organizações, mas os eu uso vai depender de fatores como a cultura e os objetivos estratégicos. Outras empresas já adotam os Blogs como instrumento que ajuda na captura do conhecimento tácito, na geração de novas idéias, no surgimento de comunidades de prática e mesmo como meio de comunicação entre executivos e colaboradores. Enfim a escolha de inserir o Blog como ferramenta de gestão do conhecimento é pelo fato dele permitir que as organizações alcancem o sucesso na implantação de gestão do conhecimento, através do efeito de rede. Por que quanto mais os colaboradores utilizarem os Blogs em seus projetos, maior será a quantidade de conhecimento compartilhado.
6- Considerações finais:
Em suma, o propósito deste seria a principio fazer uma correlação entre os processos de gestão do conhecimento baseado na tecnologia da informação, com destaque para algumas ferramentas que possam apoiar tal processo. No entanto percebi que a gestão do conhecimento vai além do uso de instrumentos tecnológicos e esbarra em outros questionamentos, que envolve fatores como a cultura da organização, que prevê se as pessoas estão abertas e harmoniosas diante de novas mudanças e a forma como elas trabalham a informação no dia a dia da empresa. Também se deve questionar a política informacional adotada, que impede os colaboradores usar e disseminar o conhecimento adquirido, outras questões como as incertezas provenientes do ambiente externo, a falta de clareza na comunicação entre os executivos e colaboradores, as ambigüidades influenciam no compartilhamento das informações. Ao propor as ferramentas, principalmente o Blog como parte constituinte do processo de gestão do conhecimento é uma tentativa de estabelecer uma nova estratégia para a difusão do conhecimento tácito, como base para o aprendizado, inovação e mudanças. Mas a respeito das conclusões, sobre a gestão do conhecimento neste artigo, ou qualquer outra literatura, mostram que o assunto é um tanto complicado, com diversos recortes, muitos deles se contradizem, na própria definição e conceituação, assim não oferecendo uma fundamentação consensual. Até mesmo, as organizações ao implantarem projetos de gestão de conhecimento, não sabem ao certo se estão fazendo apenas mais uma estruturação do gerenciamento de suas informações e documentos ou qualquer outra coisa que não é gestão do conhecimento.
Referência:
BEAL, Adriana. Gestão Estratégica da Informação: como transformar a informação e a tecnologia em fatores de crescimento... São Paulo: Atlas, 2004.
CHOO, Chun Wei. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir o conhecimento e tomar decisões. São Paulo: Senac, 2003.
DE MAIS, Domenico. Criatividade e grupos criativos: descoberta e invenção. Rio de Janeiro: Sextante, 2005.
DAVENPORT, T. H. Ecologia da Informação. São Paulo: Futura, 2000.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento Empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
GARVIN, D. Aprendizagem em ação: um guia para transformar sua empresa em uma learning organization. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.
KROGH, G; ICHIJO, K; NONAKA, I. Facilitando a criação do conhecimento: Reinventado a empresa com o poder da inovação contínua. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
KRUGLIANSKAS, I; TERRA, J.C.C. Gestão do Conhecimento em pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Negócios, 2003.
McGEE, J; PRUSAK, L. Gerenciamento Estratégico da Informação. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. 3.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
O que é um Blog? Terra fórum consultores, 2005. Disponível em: http://www.terraforum.com.br/. Acesso em 15/09/2005.
PAIM, Isis (org.). A gestão da informação e do conhecimento. Belo Horizonte: ECI/UFMG, 2003.
SANTIAGO Jr, J. R. Gestão do conhecimento: A chave para o sucesso empresarial. São Paulo: Novatec, 2004.
TERRA, J.C. C; GORDON. C. Portais Corporativos: A revolução na gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Negócios, 2002.
Sobre os autores / About the Authors:
Mestrando em Ciência da Informação pela ECI/UFMG. Graduado em Biblioteconomia pela ECI/UFMG.
Sandroab27b@yahoo.com.br
6 comentários:
Excelente artigo! Como eu trabalho em uma empresa de gestão de informações, fiquei empolgado e resolvi comentar. No campo da gestão da informação e da tecnologia é importante saber trabalhar com as ferramentas certas. Neste site poderão ser encontradas notícias, artigos, produtos e soluções de gestão de informação para empresas. http://www.calandra.com.br/
Fica a dica!
Ei Gabriel
Obrigado pelo comentário, realmente a gestão da informação e do conhecimento é muito mais que ferramentas, deve ter o apoio de todos na empresa e não precisa partir de um gerente ou diretor e sim de toda equipe, atualmente o conhecimento pessoal é um fator importante para o sucesso da GC nas empresas.
Realmente, acho que a colaboração e participação de todos é chava para o sucesso
Erro primário em Sandro, colocar "Bibliografia" ao inves de "Referências" . TSC TSC...
Olha...Sandro vc não pode errar, estamos aqui sempre a te vigiar.
referências Sandro...referências.
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