Podem esbravejar. Podem negar a todo custo e até mesmo dizer que não é assim que funciona. Mas só Estado tem a capacidade de oferecer infraestrutura mínima para que as coisas possam acontecer nesse país. Jamais o setor privado terá condições para estabelecer grandes obras estruturaris como rodovias, portos, areoportos, sistemas elétricos, hidrovias, linhas de transmissão e usinas hidrelétricas ou termelétricas em dimensões continentais. Sabemos que estruturas assim são impagãveis, dado que seus custos são altissímos e não geram grandes lucros. Portanto, cabe ao Estado implantar tais projetos para beneficiar os setores privados. Da mesma forma, ocorre com a saúde e a educação que exigem investimentos constantes por ter uma infraestrutura dispendiosa e gastos reccorentes. O Brasil já demonstrou em um passao recente que a entrega de bens públicos ao setor privado foi desastroso. Vejam o caso de empresas de aviação como a VARIG e VASP, que logo faliram após sua privatização. Outro exemplo foi uma empresa de energia que ao passar para mãos de entes privados tiveram a qualidade de seu serviço abaixo do esperado e os preços majorados. Foram milhões de consumidores pejudicados pela incapacidade de uma empresa que deseja somente o lucro, assim cortam despesas com pessoal, material e equipamentos. No entanto, esse não é o tema principal deste artigo. Trata-se apenas de uma pequena introdução para entendermos a gravidade de se colocar na mãos de capitalistas bens e serviços públicos próprios da sociedade. Tanto que em muitos países da Europa vem ocorrendo uma onda de estatização e valorização dos serviços públicos, justamente por compreender que o setor privado não possui a devida capacidade para gerir certos negócios que dependem de grande capital. A regulação também enquadra-se neste rol estatal, sendo uma maneira de oferecer ao cidadão melhores serviços e punir os abusos cometidos pelas empresas privadas. De um forma ou de outra, são os consumidoresm ou melhor, os usuários dos serviços públicos que minimamente deveriam ser beneficiados. Como foi dito anteriormente, o propósito deste artigo não é analisar a relação do Estado e mercado. Aqui, a porposta está em demonstrar os disparates de nossa educação em relação aos modelos internacionais. Em nenhuma hipótese desejamos que seja implementado esses modelos. Enfim, temos criar o nosso próprio, que seja de acordo com nossa cultura, valores e crenças. A cópia destes modelos apenas nos atrasam ainda mais e não nos traz resultados efetivos. Contudo, conhecer outros modelos educacionais de sucesso, podem nos ajudar a ter uma visão maior daquilo que desejamos implementar. Agora, o inaceitável é entregar a nossa educação nas mãos de empresas ou instituições sem qualquer requisito para tal. Já diz o velho bordão: "Educação não é mercadoria" - que se vende a qualquer preço, como se fosse uma melância na feira. O ensino exige investimentos na preparação de bons professores, gestão participativa de pais, alunos, comunidade e docentes. As escolas necessitam de infraestrutura mínima para funcionar, como: laboratórios, bibliotecas, quadras esportivas, salas de informática e salas de aula adequadas. Vejam, falar da educação no Brasil é um assunto delicado e custoso. Um terreno pantanoso. Observamos que a própria mídia não toca muito no assunto. E alguns políticos incautos e ignorantes preferem tratar o tema de maneira jocosa e com soluções mirabolantes. Basta ver as ideias estapafúrdias em relação as decisões políticas sobre a educação. Quando não desejam entregar as escolas aos primeiros compradores de grupos educacionais privados - que vem alunos apenas como número e lucro - sorrateiramente tentam repassá-las ao comando de entes militares. Ou seja, a antiga visão de um passado retrógado de um ensino militarizado pautado na ordem e no obedecer. A mais tacanha e mesquinha forma de certos políticos se livrarem do ensino público. Então, a solução - militarizar - assim livra-se do problema. Isso é a realidade da educação pública brasileira. Por outro lado, devemos refletir que a nossa educação não está em seus emelhores dias. Pois, o nosso sistema educacional enfrenta sérios desafios, e a situação a cada dia só piora. Basta analisarmos os dados e veremos os altos índices de evasão escolar e repetência, o excesso de atividades. O aluno da escola pública, na visão política, representa um gasto social, que se conjuga em um modelo de ensino tradicional, arcaico e não retrata a realidade e o desejo dos estudantes. O medo de falhas por parte desses estudantes gera ansiedade e descontetamento com a escola. Criou-se no imaginário da sociedade brasileira uma visão mercadológica da educação - meritocrática - como se ela fosse a única solução para uma ascensão social. Em partes, é uma verdade. No entanto, a educação teoricamente vai muito além do status social, sendo uma premissa de conhecimento, aprendizagem. A educação trata-se do estar no mundo e compreendê-lo. Mas não é isso que acreditam os políticos e empresários do setor, é só mais um negócio, ou, um lugar para cunprir ordens e aprender velhas lições. Infelizmente não tivemos um fio condutor histórico que nos levasse a um modelo glorioso na educação. Toda ela foi formatada para atender à poucos privilegiados. Mesmo, quando se abriu como serviço público implantou um sistema direcionado para uma pequena parcela da população. Dividiu-se em educação precária para os trabalhadores, em disciplinas técnicas e voltadas ao fazer do operariado. Enquanto, a elite desfruta de um ensino mais elaborado e clássico que abrem portas para o mundo. No computo geral, a educação brasileira passa por enormes dificuldades, tem desempenho pífio frente aos indicadores internacionais. Se observamos, o gasto público na educação brasileira não fica muito atrás de alguns países desenvolvidos. Então, onde está o erro já que a verba para educação existe e aplicada. Penso eu, a questão é mais cultural, do que econômica. Primeiro ponto a ser levantado, as próprias forças contrárias contribuem fortemente para o fracasso das políticas educacionais, a utilizam apenas como vitrine para se elegerem. Os desvios e a corrupção atingem diretamente o sistema educacional, fator contribuinte para que tenhamos uma classe de professores mal remunerados e trabalhando numa sobrecarga de horas que impede a reciclagem e a uma formação mais consistente. O gasto em educação em muitos casos é apenas parte do problemas, a ponta do iceberg. Tudo começa e termina lá em Brasília, ou em algum estado do país. Conforme dito anteriromente, não devemos adotar modelos. Porém, vale ressaltar ajustes que podem nos fazer pensar em uma mudança paradigmática e complementar um modelo próprio. Afinal, já tivemos Paulo Freire que preconizou uma educação para além de terras brasileiras e foi adotado em outros países com sucesso. Talvez, o modelo educacional finlandês possa nos servir de referência e trazer algum acalento para nossa sofrível educação. Conhecer esses modelos, não que dizer que vamos utilizá-lo. Se bem que, a sua reprodução pode nos inspirar a ter uma educação de qualidade. Já que as suas bases apontam por um gasto público bem menor e maior eficiência. As características do modelo finlândes pauta-se num sistema de valorização do professor, que produz uma formação acadêmica mais sólida no tempo; liberdade de aprendizagem dos alunos; participação da comunidade (pais, alunos e professores); menor intervenção política. Os aspectos que garantem a consolidação da educação finlandesa como um modelo prospéro está no fato da efetividade dos gastos públicos junto a um aprendizado que não visa a competição entre alunos, sem adoção de métodos meritocráticos ( prova e avaliações). Nesse sentindo, a escola não está voltada para este modelo industrial e mercadorizado, chaga de nossa educação o Brasil. A meta é a satisfação e a felicidade humana. Crença na coletividade, determinante para uma evasão escolar praticamente nula. Seremos capazes de construir no futuro um modelo educacional semelhante ao finlândes. Bem, com a classe política que temos, acho difícil. Os políticos aqui não querem mudar a realidade educacional, preferem o povo na ignorância e assim mantê-los no cabresto e na rédea curta. Inventam burocracias para projetos que beneficiem a população. Porém, logo abrem brechas orçamentárias para atender os pedidos degrandes empersários. Todavia, ainda podemos contar com a loucura, ou talvez a lucidez, daqueles que ainda acreditam na possibilidade de se fazer um modelo educacional digno e coerente com a grandeza de nossa nação. Através de projetos que formem cidadãos cientistas. Esse foi o modelo de ensino trazido pelo professor, pesquisador e cientista Miguel Nicolelis no interior do Brasil. O projeto do professor Nicolelis em Macaíba busca a transformação social por meio do fazer científico. Uma trilha a ser percorrida , no entanto tortusosa, cheia de lama e buracos. Como tudo é assim em nosso país. Mas no fim desta trilha há uma esperança de que podemos mudar a realidade desse país e transformá-lo num celeiro de cêrebros capazes de avançar no fazer científico. Pois a ciência é o motor de qualquer sociedade para seu desenvolvimento e crescimento. Vejam o modelo de educação da finlândia. A utopia de cientistas como Nicolelis transformou-se em realidade. Um realidade viva e que vem fazendo grande diferença para as pessoas desse interior do sertão. Prova de que podemos gerar conhecimento e assim reinventar nossas vidas. Da mesma forma a jornalista Mirian Leitão, no livro "Em história do futuro" (2015) aponta a necessidade da educação na vida dos brasileiros como um caminho para superar as dificuldades sociais e econômicas impostas a milhões de habitantes de nosso país. Assim como Nicolelis, a autora demonstra o quanto a educação brasileira ainda encontra-se num modelo próximo ao do início século XX. Ou seja, arcaíca e refém dos domínios políticos. Em contraponto, mais uma vez a finlândia é citada como parâmetro positivo de uma educação descentralizada. E na educação como motor da economia, tem um papel preponderante no desenvolmineto social do país. Para Miriam Leitão a educação e o crescimento andam juntos como processo de redução da pobreza e de desigualdade. Entretanto, estamos bem aquém dos países mais rico do planeta. Em termos de criação e novação tecnológica somos ainda muito atrasados e temos uma dependência tremenda dos grandes desenvolvedores e tecnologia. Demostração de que nossa educação é falha e precisa de mudanças profundas. Falta-nos de fato investir pesadamente em centros de pesquisas, desenvolver células e tecnologia e ciência de ponta. Sair do velho paradigma da indústria fordista de base e dar o pontapé inicial a caminho da indústria de alta tecnologia. Mas isso requer muita pesquisa e apoio de setores públicos e privados. Afrima Leitão, que o enfrentamento das desigualdades e a redução da pobreza (são coisas diferentes) está na melhoria da educação, mas também perpassa pelo fortalecimento econômico e finalmente na proteção da democracia. Três elementos básicos e imprescindíveis para construírmos uma nação menos desigual e mais justa econômica e socialmente. Observamos que as falas do professor Nicolelis vai de encontro com as ideias de Miriam Leitão, pois, ambos sabem que fortalecer a educação - criando mecanismos reais de aprendizagem, modelos de ensino voltados para pesquisa, cuja ciência seja foco de inovações - torna-se patente para pôr o Brasil na linha de frente da tecnologia e do desenvolvimento de uma indústria inovadora. Dado que temos toda capacidade produtiva, como: recursos humanos e riquezas naturais. O professor Nicolelis como cientista que tem essa crença no fazer ciência, já nos brinda com o projeto do IINN ( Instituto Internacional de Neurociência de Natal). O ambicioso projeto vem a ser um diferencial enorme no modo de se pensar a educação científica no Brasil. Pois, tal projeto reforça a necessidade de cada vez mais se investir em ciência de ponta e abrir na mente das pessoas o quão é relevante aprender, não o aprender por aprender. Mas sim, o aprender para conhecer, para saber fazer, para se transformar, e transformar a vida de outros seres semelhantes. Com isso, Nicolelis retira do pedestal de que a ciência é para alguns privilegiados, aqueles que creem em meritocracia. E assim, mostra Nicolelis o contrário, que o fazer científico cabe a todos, até mesmo pata os que encontram-se nos locais mais ermos e distantes desse enorme Brasil. No entanto, a existência de forças contrárias são bastante nocivas ao intento daqueles que acreditam num desenvolvimento da ciência, num corpo de pesquisadores qualificados que trabalham em prol do progresso nas mais distintas áreas do conhecimento, capazes de alavancar a educação, a economia e a inovação do país. Ações dignas como desse professor é que nos levará aos píncaros de um modelo educacional digno de dar inveja nos finlandeses.
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
sábado, 6 de setembro de 2025
Algoritmos da desatenção: foco no foco perdido
Já havíamos comentado
anteriormente a respeito da desatenção provocada pelo mundo
contemporâneo, especificamente pelas tecnologias criadas pelas Big techs (grandes
empresas de tecnologia como Meta, Google, Apple, Amazon, etc.). Estas grandes corporações operam numa espécie de "economia da atenção", onde o principal objetivo é maximizar o
tempo que os usuários passam em suas plataformas. Quanto mais tempo você
gasta rolando feeds, assistindo vídeos ou interagindo com conteúdo, mais dados
elas coletam sobre você e mais oportunidades elas têm de exibir anúncios, que
são a principal fonte de receita para muitas delas.
Para atingir esse objetivo, essas empresas empregam
estratégias complexas e equipes de engenheiros e psicólogos que trabalham para
criar produtos e experiências intrinsecamente viciantes e que prejudicam o
foco e a atenção.
Aqui estão as principais formas como as Big Techs
geram desatenção e falta de foco:
1.
Algoritmos de Personalização e Recomendação
Os algoritmos são o coração das plataformas
digitais. Eles analisam seu comportamento (o que você clica, assiste, curte,
compartilha, quanto tempo passa em cada postagem) e, com base nisso, personalizam
o conteúdo que você vê. Isso cria uma "bolha de filtro" onde você
é constantemente bombardeado com informações que já são do seu interesse, o que
torna difícil sair do ciclo de consumo.
- Loop Infinito: O algoritmo é projetado para te manter
engajado. Ele aprende o que te prende e te oferece mais do mesmo, ou
variações que ele acredita que você vai gostar, criando um "loop
infinito" de conteúdo.
- Recompensas Imprevisíveis: A imprevisibilidade de
quando você vai encontrar algo "interessante" no feed (uma foto
de um amigo, uma notícia chocante, um vídeo engraçado) age como um reforço
intermitente, similar ao mecanismo das máquinas caça-níqueis. Isso faz
com que você continue rolando, esperando a próxima "recompensa".
2. Design
Viciante e "Dark Patterns"
As interfaces das plataformas são cuidadosamente
projetadas para maximizar o tempo de tela.
- Rolagem Infinita (Infinite Scroll): Em
vez de ter que clicar para carregar mais conteúdo, a rolagem infinita
permite que você continue vendo novos posts sem interrupção, eliminando
qualquer "ponto de parada" natural e incentivando o consumo
ininterrupto.
- Notificações Constantes: Bips, vibrações e alertas
visuais são projetados para interromper sua concentração e te puxar de
volta para o aplicativo. Elas exploram o medo de ficar de fora (FOMO - Fear
of Missing Out) e a necessidade de validação social.
- Likes e Recompensas Sociais: O sistema de curtidas,
comentários e compartilhamentos libera dopamina em nosso cérebro, criando
um circuito de recompensa que nos incentiva a postar mais e verificar
constantemente a reação dos outros.
- "Dark Patterns": São elementos de design que
levam o usuário a fazer coisas que ele talvez não faria, como dificultar o
cancelamento de assinaturas, esconder opções de privacidade ou te induzir
a interagir mais com o conteúdo.
3.
Conteúdo Fragmentado e Rápido
A ascensão de formatos como o TikTok, Reels e
Shorts transformou a forma como consumimos conteúdo.
- Vídeos Curtos e Rápidos: A predominância de vídeos
de segundos de duração treina o cérebro para esperar por estímulos rápidos
e constantes, diminuindo a capacidade de sustentar a atenção em conteúdos
mais longos e complexos.
- Mudança Constante de Tópicos: Em um curto período, você pode ser exposto a dezenas de tópicos diferentes, o que fragmenta sua atenção e dificulta aprofundar-se em qualquer assunto.
4. Coleta
Massiva de Dados e Modelagem Comportamental
As Big Techs coletam uma quantidade colossal de
dados sobre seus usuários. Cada clique, cada pesquisa, cada interação é
registrada e analisada.
- Perfis detalhados: Com esses dados, elas criam
perfis psicológicos detalhados de cada usuário, entendendo seus
interesses, vulnerabilidades e até mesmo seus estados emocionais.
- Publicidade direcionada: Essa inteligência é usada
para exibir anúncios altamente direcionados, que são mais propensos a
capturar sua atenção e levar a uma compra, consolidando o modelo de
negócio baseado na atenção.
- Engenharia comportamental: Ao entender como os
usuários reagem a diferentes estímulos, as empresas podem manipular o
comportamento humano, criando experiências que maximizam o engajamento e,
consequentemente, o lucro.
5.
Priorização do Engajamento sobre o Bem-Estar
O modelo de negócio das Big Techs está
intrinsecamente ligado ao tempo que você passa na plataforma. Isso significa
que, muitas vezes, o que é mais "engajador" (conteúdo polarizador,
notícias chocantes, discussões intensas) é priorizado pelos algoritmos, mesmo
que isso tenha impactos negativos na saúde mental e na coesão social.
Em suma, as Big Techs lucram com a sua atenção.
Elas investem pesado para desenvolver e aprimorar sistemas que a capturam e a
mantêm, muitas vezes em detrimento da nossa capacidade inata de foco e da nossa
saúde mental. Entender esses mecanismos é o primeiro passo para retomar o
controle sobre nossa atenção e nosso tempo.
Natureza