
Em nossos tempos, cuja contemporaneidade desconstrói parte de nossa subjetividade humana e assim nos insere numa subjetividade maquinal, em que homem e máquina se fundem aos algortimos. Perdemos com isso a essência do saberes e dos fazeres próprios da cultura. De maneira mais clara, é o humano tornando se incapaz de lidar com suas dificuldades por não mais conseguir se expressar por meio de sua linguaguem natural. Claro que pode parecer um exagero e que apenas estamos fantasiando essa tal maquinização do ser humano. Enfim, a realidade tornou-se um simulacro, uma imitação que nos aprisiona em escolhas algorítmicas, talvez um mundo paralelo e binário de zeros e uns que contralam nosso modo de vida. Um mito da caverna, em que imagens sejam mais reais que o próprio real. Sim, o hiper-real. Toda essa mudança tem alterado significativamente o"modus operandi" de nossa existência, e como consequência afetado a nossa psique. Ou seja, a nossa alma não mais nos pertence, foi entregue por completo ao sabor dos algoritmos, que ditam como devemos viver, nos comportar e que caminhos seguir. Não temos mais vontade própria, somos apenas androides, talvez zumbis eletrificados. Para compreendermos melhor toda essa mudança, temos que buscar numa árdua tentativa (em Baurdrillard) algumas das respostas. Pois, os impactos da Inteligência Artificial na psique humana sob a luz do simulacro de Baudrillard e o hiper-realismo introduz logo de cara uma interseção
entre a Inteligência Artificial (IA), a teoria do simulacro e o conceito de hiper-realismo, justamente por desenhar um cenário complexo e intrigante sobre
os impactos da tecnologia na psique humana. Nesse contexto, Baudrillard propôs
que, em nossa sociedade pós-moderna, a realidade se tornou um simulacro, uma
cópia sem original. A hiper-realidade, por sua vez, é um estado em que a
distinção entre o real e o simulado se torna cada vez mais tênue. A IA, com sua
capacidade de gerar conteúdos cada vez mais realistas e personalizados, intensifica o processo. Algo capaz de despersonificar o humano e criar desconfortos imperceptíveis no longo prazo. Tal despersonificação afeta não somente nossa individualidade, mas também nos retira a capacidade de enxergar o outro. Dado o outro como aquilo que nos completa e ao mesmo tempo nos diferencia. Sendo a Inteligência Artificial (IA) corolário dessa destituição da alma, os impactos são negativamente inevitáveis e deletérios. Podemos aqui colocar alguns desses impactos da IA que custam muitos caros a nossa psique humana:
- Perda
da Realidade: A
IA, ao criar ambientes virtuais cada vez mais imersivos e personalizados,
pode levar a uma perda da noção de realidade. A linha tênue entre o que é
real e o que é simulado pode confundir a mente humana, levando a uma
sensação de desconexão com o mundo físico;
- Isolamento
Social: A
interação cada vez maior com dispositivos e plataformas digitais, mediada
pela IA, pode levar ao isolamento social e à diminuição das relações
interpessoais autênticas. As interações online, por mais ricas que possam
ser, não substituem o contato humano face a face;
- Manipulação
da Percepção: A
IA pode ser utilizada para manipular a percepção das pessoas, através da
criação de notícias falsas, deepfakes e algoritmos de filtragem que
reforçam vieses e crenças pré-existentes. Isso pode levar à polarização da
sociedade e à dificuldade em construir um consenso;
- Dependência
Tecnológica: A
crescente dependência da IA pode gerar ansiedade e medo da obsolescência.
A sensação de que a IA pode tomar decisões melhores que os humanos podem
levar à alienação e à passividade;
- Questões
Éticas: A
IA levanta questões éticas complexas, como a privacidade, a
responsabilidade e a autonomia. A manipulação de dados pessoais e a
criação de algoritmos que discriminam grupos específicos são apenas alguns
dos desafios que a sociedade precisa enfrentar.
Vejam que não faço distinção entre alma e psique, pois as trato como equivalentes. Alma ou psique - não importa a denominação - seria algo que vai além do humano, o inconsciente talvez que nos impõem além de nosso próprio tempo e espaço. A recôndita subjetividade humana que agora se vê dominada pelas forças da Inteligência Artificial que alterou completamente sua forma de linguagem. Por outro lado a IA oferece inúmeras possibilidades para o
desenvolvimento humano, mas também apresenta desafios significativos. É
fundamental que a sociedade desenvolva mecanismos para garantir o uso ético e
responsável da IA promovendo o bem-estar humano e a construção de uma sociedade
mais justa e equitativa. No entanto, precisamos saber que a nossa alma não será a mesma a partir de agora, dado que a vendemos por um preço irrisório perante os custos futuros e os impactos são visíveis e irreversíveis. Enfim, nos tornamos máquinas, na direção contrária ao desejo do boneco pinóquio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário