Em a riqueza das nações das nações,
importante obra de Adam Smith faz uma pequena análise das taxas de juros
adotadas na Inglaterra do século XVI, assim diz Smith: "os juros
decretados pelo reinado de Henrique VIII não poderiam ser superiores a 10%”, da
mesma forma dos monarcas anteriores e posteriores a Henrique VIII mantivera as
taxas de juros nesses patamares. Isso indica que havia uma preocupação desses
monarcas com o equilíbrio econômico da Inglaterra e assim evitar as pressões
inflacionárias e manter o controle de preços.
O liberalismo de Adam Smith aponta,
talvez inequivocamente, que a política de Estado é o instrumento provocador da
desigualdade. No entanto, vemos que o papel do Estado é fundamental, sendo ele
o único capaz de construir políticas para suplantar os disparates econômicos
causados pela iniciativa privada. A própria escassez de produtos faz parte do
jogo capitalista para manipulação de preços, geralmente a elevação dos preços.
Na visão de Adam Smith, o preço
mínimo é aquele que consegue simplesmente repor - com pequeno lucro - o capital
empregado para colocar a mercadoria no mercado. Parece, no entanto, que Smith
não faz uma distinção entre lucro e renda, por que para ele o capital sempre
vai buscar renda de acordo com sua necessidade. Portanto, emprega-se o capital
no intuito de proporcionar renda ou lucro, sendo esse o viés liberal de cunho
capitalista. Esse circuito descrito por Adam Smith, cujo capital entra numa
espiral para se obter, fabricar, comprar e vender bens tem apenas uma proposta renda
e lucro. Da mesma forma, é o dinheiro que gera lucro quando colocado no mercado
financeiro para trazer renda por meio das taxas de juros. O dinheiro, nas
palavras de dele "é o único componente do capital circulante de uma
sociedade, cuja manutenção pode acarretar alguma diminuição na renda líquida da
mesma". (SMITH, 1996, p.293).
Em relação aos juros, Adam Smith
permite-nos compreender melhor a noção sobre credor e devedor, ao dizer que o
dinheiro emprestado a juros é considerado capital pelo credor (aquele que
fornece parte de seu capital a outrem) e no tempo espera ser restituído pelo
devedor (aquele toma de empréstimo) a uma taxa previamente estipulada. Nesse,
caso trata-se de um trabalho improdutivo em há apenas renda sobre um capital.
Sobre o trabalho Adam Smith coloca
que: "o trabalho, não se deve esquecer, e não qualquer mercadoria ou conjunto
de mercadoria em especial constitui medida real do valor, tanto da prata como
de todas as outras mercadorias".
Por outro lado, Marx também aponta o trabalho como valor, somente a
valor nas coisas quando existe trabalho nelas embutido. Porém, Adam Smith
diferentemente de Marx, vai enfatizar o trabalho no setor agrário, onde a elite
é composta por nobres proprietários de terra, até mesmo pelo fato de ser uma
realidade de sua época em que o campo é o espaço de luta dos trabalhadores. A
relação colocada por Adam Smith envolve o preço de produtos produzidos no meio
rural.
A sociedade de Adam Smith difere da
sociedade de Marx, que se caracteriza por ser uma sociedade mais primitiva,
onde não havia divisão do trabalho e as trocas seriam mais raras. Portanto, sem
a necessidade de acumulação de capital. Somente com a divisão do trabalho, que se
trata segundo Adam Smith de um produto do trabalho de uma pessoa para atender a
uma pequena parcela de suas necessidades.
No livro as "riquezas das nações
"Adam Smith fala de duas formas de trabalho, sendo o primeiro o produtivo
aquele que acrescentam, ou seja, produza valor e assim gera lucro para os donos
dos meios de produção. Já o segundo -conforme o autor - envolve o trabalho
improdutivo, que não apresenta valor produtividade.
Para Adam Smith a proporção entre
capital e renda completa-se numa relação oposta entre aqueles que trabalham e
aqueles que não trabalham. Assim, afirma ele: "onde predomina o capital,
prevalece o trabalho e onde se tem a renda, a ociosidade impera". O autor
nos faz lembrar da antiga nobreza composta por condes, barões, viscondes,
marqueses que viviam praticamente no ócio, às custas das rendas de suas terras.
A fala de Adam Smith apresenta fortemente suas convicções liberais, de que o
capital em movimento é o motor central do trabalho.