Durante a pandemia não faltou estímulos financeiros por parte das nações para ajudar o mercado, foram pacotes de empréstimos realizados para as empresas e a garantia de suas dívidas. Injeções de liquidez através das compras de títulos dos bancos, sendo então os bancos os primeiros beneficiados pelos governos, ao passo que as pessoas foram as menos ajudadas por meio de um pequeno auxílio, prestes a ser descontinuado, ou ter seu valor reduzido pela metade. Parece um grande contrassenso, pois foi justamente os bancos que mais fecharam postos de trabalhos, ou seja, milhares de pessoas demitidas nesse momento tão delicado de pandemia.
Na verdade, a compra desses títulos trata-se da participação dos governos no setor privado, como desculpa para evitar uma possível quebradeira geral e salvaguardar os empregos. Logo, a atitude mais plausível a ser feita pelos governos deveria ser efetivas mudanças nas regras de impostos e taxas que beneficiem a população. No entanto, os juros bancários para o consumidor ainda é bastante alta, em média 37% ao ano. Sendo que a inflação em 2020, segundo dados do IBGE, fechou em torno dos 4,5%. Isso, nos faz deduzir que os bancos nesse momento de crise foram as organizações que mais ganharam dinheiro. A justificativa dos bancos para essas taxas de juros abusivas está na incapacidade de os tomadores de empréstimo honrar suas dívidas, uma versão um tanto contraditória, ao passo que a inadimplência foi comprovadamente baixa. Enfim, o brasileiro é um bom pagador.
Em muitas nações como EUA, alguns países da Europa, Japão as taxas de juros estão próximas de zero, quando não são negativas, fato que explica os índices inflacionários com expectativas nulas. Por exemplo, a previsão da inflação para 2021 nos EUA mantém-se próximo de 0,2%, na Zona do Euro por volta de 0,17% no ano e Japão observa-se uma deflação na casa de -0,1%. Já em países emergentes a inflação vai na contramão, com tendência de alta. No Brasil a expectativa inflacionária projeta-se em torno dos 4,5% como meta, porém pode sofrer variações.
A pandemia frustrou as expectativas de crescimento de vários países, dado que os níveis de investimentos acabaram recuando. Tais expectativas ficará abaixo da década 2010-2019, que foi de 3%. Já a década 2020-2029 a previsão dessa expectativa gira em torno dos 2%. Isso cria um grande ciclo vicioso, da qual os níveis de investimentos são cada vez menores impactando negativamente o crescimento que afeta diretamente a produção.
A situação econômica do Brasil, não difere muito das outras nações emergentes, porém temos um agravante sendo que já vínhamos desde período de crise anterior, quando em 2016 geramos uma instabilidade política muito grande com impeachment da Presidente Dilma Roussef. Os eventos desse período foram traumáticos tanto em termos políticos, quanto econômicos. Mas aqui, não iremos abordar esse assunto, o que nos interessa é trazer dados mais atuais. Um desses dados está ligado ao mundo do trabalho, da qual analisaremos a taxa de desemprego e a renda do trabalhador.
Para realizar essa análise utilizaremos como referência os dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no texto de Sandro Sachett de Carvalho publicado na Carta de conjuntura de número 50 do primeiro trimestre de 2021. A respeito da renda média efetiva do trabalhador foi em torno de 2185,00 reais, isso em novembro de 2020 com uma queda de 0,4% do mês anterior. As famílias que não possuem renda ou de renda mais baixa aumentaram no primeiro trimestre de 2020, com aumentos respectivos de 1,32% e 1,44%. O impacto da pandemia sobre a renda das famílias foi algo real e negativo, ao passo que a massa de rendimentos caiu.
A pandemia também impactou muito a taxa de desemprego. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística taxa de desemprego no terceiro trimestre de 2020 ficou em 14,1%, isso representa mais de 15 milhões de desempregados. a situação piora com os números de desalentados ou seja aqueles que estão desocupados e pararam de procurar trabalho, além daqueles que estão em subempregos somam mais de 30% da população. No entanto, o problema do desemprego no Brasil não está ligado apenas à pandemia, trata-se de um problema estrutural do capitalismo. Com a forte desindustrialização corrente no país, o setor serviços sozinho não está capacitado para absorver tanta mão de obra ociosa e nem mesmo optamos por criar uma indústria de alta tecnologia, que exige trabalhadores intelectuais, criativos e inseridos em setores de ponta.