Com o fim da presença do Estado
assistencialista, torna-se inexistente os serviços básicos e as tarifas sociais
fornecidas ao cidadão. Não há mais o modelo social-democrata e nem mesmo o
socialista. o que impera é o neoliberalismo em sua mais pura essência. O mundo
agora está dominado por grandes S/A determinado a oferta e a demanda,
controlando os preços e os salários dos
trabalhadores.
Talvez pior, o Estado passou a servir
os desejos do capital, salvando bancos e grandes empresas ao criar
financiamentos através de empréstimos com juros baixíssimos e de longuíssimo
prazo. As privatizações no país em meados da década de 90 foram obscenas, para
não dizer pornográficas. Empresas estatais, patrimônio pertencente ao povo
brasileiro, foram vendidas quase de graça e com auxilio de empréstimos do
próprio governo. Foi entregue à iniciativa privada setores estratégicos da
economia, como: energia, mineração, telefonia e outros durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso em meados de 1996. Essas privatizações em nada
beneficiaram a sociedade, a não ser
oferecer tarifas absurdas e deixando que milhões de brasileiros não tivessem
acesso a estes serviços.
O desmonte estatal ainda paira sobre
nossas cabeças, no atual governo que possui um viés totalmente neoliberal e de
extrema direita pretende entregar aos grandes grupos empresariais parte, se não
todo nosso patrimônio, que envolve os serviços de educação, saúde, serviço
postal, além de empresas como:
Eletrobrás, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa e outros.
Soma-se a estas pretensões
neoliberais a condução de reformas que retiram direitos dos trabalhadores e da
população. sendo que já foi concluída a reforma trabalhista e ainda está pauta
nesse governo outras reformas que certamente no futuro serão nocivas ao povo.
Quanto a reforma da previdência, que em parte já foi concluída retira do
cidadão direitos básicos e traz bastante insegurança para o futuro. Tais
reformas enfraquecem os sindicatos e sua capacidade de negociação e luta,
deixando o trabalhador a mercê de sua própria sorte. Outras reformas ainda
querem destruir os serviços públicos e por suas vez acabar com as instituições
republicanas, rompendo sem qualquer cerimônia com as forças democráticas
reconstruídas após um tenebroso período ditatorial. Portanto, é um ledo engano
quem aponta esse governo como sendo ditatorial ou mesmo fascista, pelo
contrário, o seu desejo está na liberdade total.
Para ele tudo deve ser livre, não
deve ter regras constitucionais. e leis. Nada de cadeirinha no banco de trás
para as crianças, nem cinto de segurança. Enfim, esse governo se elegeu na
democracia e somente nela ele vence as eleições. Agora, as atitudes de seus
representantes enquanto seres individuais são fascistas e ditatoriais, por não
reconhecer o coletivo, o social e a vida em grupo.
Somente o indivíduo, o eu contempla o
reconhecimento deste governo, que deseja o anarco-capitalismo, ou seja, a
liberdade do eu em detrimento dos grupos, da coletividade. O coletivo não tem
vez, as minorias são vistas como o outro, aquele que é estrangeiro dentro de
sua própria terra. A comunidade é subjugada aos caprichos do eu - indivíduo.
Tal realidade é escancarada nos
projetos de reformas deste governo, que previa o regime de capitalização para
aposentadoria em detrimento do atual regime de repartição. No primeiro, cada a
pessoa é responsável pela sua própria aposentadoria, ao adquirir uma
previdência de uma empresa privada. Já o segundo, ou seja, o regime de
repartição o cidadão contribui para uma previdência estatal que serve a muitas
outras pessoas.
Logo, vai se concluindo o perverso
plano neoliberal, iniciado no final dos anos 80 em quase todo o mundo,
provocado pelo enfraquecimento dos projetos e programas de políticas sociais e
dos ideais levantados pelos sociais-democratas. O fim destes ideais abre espaço
para agenda globalizante, direitista e também para extrema-direita, pautada no
conservadorismo e até mesmo no fascismo.
Essa pautas conservadoras, fascistas
de extrema-direita não encontravam eco nos meios de comunicação tradicionais. O
espaço na TV, rádio, jornais revistas impressas sabiam apoiar estes ideais
poderia trazer perda de audiência. O caminho para instauração dessas ideologias
fascistas estavam nas novas tecnologias de informação e comunicação, exatamente
nas redes sociais. As redes sociais serviram de instrumento - por sinal muito
eficaz - nas mãos de ideólogos mal intencionados, que permitiu a ascensão de
grupelhos de extrema-direita e líderes como: Viktor Orbán (Hungria), Matteo
Salvini (Itália), Donald Trump (EUA) e Jair Bolsonaro (Brasil).
As redes sociais contaram com
enxurradas de "fake-news" (mensagens falsas) desenhadas exclusivamente
para ridicularizar e denegrir a imagem dos verdadeiros líderes e dos movimentos
democráticos que zelam pela liberdade e por ideias de cunho progressista.
As redes sociais tornaram-se
instrumentos poderosos e de grande valia - ou seja para o bem, ou para o mal -
na democracia, gerando nova audiência e servindo como palco de reivindicação para
aqueles que se sentem excluídos do meio social.
Além disso, as redes sociais
trouxeram a baila novas formas de organização e mostrou-se como um excelente
ambiente para construção política, sendo assim, um caminho para a divulgação de
propostas e desenvolvimento de projetos de políticas públicas.
Contudo, as redes sociais vieram
também exprimir as vontades populares e potencializar as revoltas da sociedade.
Elas tornaram possíveis as ondas de protestos e dessa forma levantar as massas para
os embates contra a opressão dos governos. Movimentos naturais nasceram das
redes e posteriormente ganharam as ruas, sem presença de palanques e líderes.
Todos ali se movimentavam por suas próprias opiniões, crenças e valores. Não havia
uma coordenação, um líder. As próprias redes sociais que determinam as ações e
os confrontos.
Milhões de anônimos, de pessoas
comuns em busca de voz fizeram das redes sociais o seu canal para protestar ou
mesmo apresentar as mazelas de sua cidade, bairro ou rua. Com as redes sociais
nada mais fica escondido, tudo pode parar nas telas do tablet, notebook ou
smartphone. A vida privada acabou, agora fazemos parte de um grande coletivo.
Vivemos num "big brother" onde somos avaliados por "likes" e "deslikes" e a qualquer momento ser cancelado por não agradar o
outro.
Nem de longe essa reconfiguração do
mundo de capitalista trouxe ganhos reais para maioria dos países. Pelo
contrário, o que houve foram perdas significativas para a sociedade perante o
empobrecimento das populações , até mesmo em países desenvolvidos. Basta vermos
o processo de gentrificação que vem ocorrendo na frança, onde o encarecimento
dos imóveis em certas regiões periféricas de Paris joga milhares de pessoas
para outras cidade do entorno. A gentrificação das cidades expulsam as pessoas
de seu próprio bairro por transformá-lo em espaços nobres voltados à elite,
enquanto o trabalhador fica mais distante de seus locais de trabalho, quando
não gera o desemprego levando o trabalhador a uma pobreza absoluta. A
gentrificação destrói a história de um lugar, o quanto naquele espaço as
pessoas tiveram suas experiências, cultura e modo de vida.