quinta-feira, 4 de março de 2021

A morte do Estado assistencialista

 

Com o fim da presença do Estado assistencialista, torna-se inexistente os serviços básicos e as tarifas sociais fornecidas ao cidadão. Não há mais o modelo social-democrata e nem mesmo o socialista. o que impera é o neoliberalismo em sua mais pura essência. O mundo agora está dominado por grandes S/A determinado a oferta e a demanda, controlando os preços e os  salários dos trabalhadores.

Talvez pior, o Estado passou a servir os desejos do capital, salvando bancos e grandes empresas ao criar financiamentos através de empréstimos com juros baixíssimos e de longuíssimo prazo. As privatizações no país em meados da década de 90 foram obscenas, para não dizer pornográficas. Empresas estatais, patrimônio pertencente ao povo brasileiro, foram vendidas quase de graça e com auxilio de empréstimos do próprio governo. Foi entregue à iniciativa privada setores estratégicos da economia, como: energia, mineração, telefonia e outros durante o governo de Fernando Henrique Cardoso em meados de 1996. Essas privatizações em nada beneficiaram  a sociedade, a não ser oferecer tarifas absurdas e deixando que milhões de brasileiros não tivessem acesso a estes serviços.

O desmonte estatal ainda paira sobre nossas cabeças, no atual governo que possui um viés totalmente neoliberal e de extrema direita pretende entregar aos grandes grupos empresariais parte, se não todo nosso patrimônio, que envolve os serviços de educação, saúde, serviço postal, além de empresas como:  Eletrobrás, Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa e outros.

Soma-se a estas pretensões neoliberais a condução de reformas que retiram direitos dos trabalhadores e da população. sendo que já foi concluída a reforma trabalhista e ainda está pauta nesse governo outras reformas que certamente no futuro serão nocivas ao povo. Quanto a reforma da previdência, que em parte já foi concluída retira do cidadão direitos básicos e traz bastante insegurança para o futuro. Tais reformas enfraquecem os sindicatos e sua capacidade de negociação e luta, deixando o trabalhador a mercê de sua própria sorte. Outras reformas ainda querem destruir os serviços públicos e por suas vez acabar com as instituições republicanas, rompendo sem qualquer cerimônia com as forças democráticas reconstruídas após um tenebroso período ditatorial. Portanto, é um ledo engano quem aponta esse governo como sendo ditatorial ou mesmo fascista, pelo contrário, o seu desejo está na liberdade total.

Para ele tudo deve ser livre, não deve ter regras constitucionais. e leis. Nada de cadeirinha no banco de trás para as crianças, nem cinto de segurança. Enfim, esse governo se elegeu na democracia e somente nela ele vence as eleições. Agora, as atitudes de seus representantes enquanto seres individuais são fascistas e ditatoriais, por não reconhecer o coletivo, o social e a vida em grupo.

Somente o indivíduo, o eu contempla o reconhecimento deste governo, que deseja o anarco-capitalismo, ou seja, a liberdade do eu em detrimento dos grupos, da coletividade. O coletivo não tem vez, as minorias são vistas como o outro, aquele que é estrangeiro dentro de sua própria terra. A comunidade é subjugada aos caprichos do eu - indivíduo.

Tal realidade é escancarada nos projetos de reformas deste governo, que previa o regime de capitalização para aposentadoria em detrimento do atual regime de repartição. No primeiro, cada a pessoa é responsável pela sua própria aposentadoria, ao adquirir uma previdência de uma empresa privada. Já o segundo, ou seja, o regime de repartição o cidadão contribui para uma previdência estatal que serve a muitas outras pessoas.  

Logo, vai se concluindo o perverso plano neoliberal, iniciado no final dos anos 80 em quase todo o mundo, provocado pelo enfraquecimento dos projetos e programas de políticas sociais e dos ideais levantados pelos sociais-democratas. O fim destes ideais abre espaço para agenda globalizante, direitista e também para extrema-direita, pautada no conservadorismo e até mesmo no fascismo.

Essa pautas conservadoras, fascistas de extrema-direita não encontravam eco nos meios de comunicação tradicionais. O espaço na TV, rádio, jornais revistas impressas sabiam apoiar estes ideais poderia trazer perda de audiência. O caminho para instauração dessas ideologias fascistas estavam nas novas tecnologias de informação e comunicação, exatamente nas redes sociais. As redes sociais serviram de instrumento - por sinal muito eficaz - nas mãos de ideólogos mal intencionados, que permitiu a ascensão de grupelhos de extrema-direita e líderes como: Viktor Orbán (Hungria), Matteo Salvini (Itália), Donald Trump (EUA) e Jair Bolsonaro (Brasil).

As redes sociais contaram com enxurradas de "fake-news"  (mensagens falsas) desenhadas exclusivamente para ridicularizar e denegrir a imagem dos verdadeiros líderes e dos movimentos democráticos que zelam pela liberdade e por ideias de cunho progressista.

As redes sociais tornaram-se instrumentos poderosos e de grande valia - ou seja para o bem, ou para o mal - na democracia, gerando nova audiência e servindo como palco de reivindicação para aqueles que se sentem excluídos do meio social.

Além disso, as redes sociais trouxeram a baila novas formas de organização e mostrou-se como um excelente ambiente para construção política, sendo assim, um caminho para a divulgação de propostas e desenvolvimento de projetos de políticas públicas.

Contudo, as redes sociais vieram também exprimir as vontades populares e potencializar as revoltas da sociedade. Elas tornaram possíveis as ondas de protestos e dessa forma levantar as massas para os embates contra a opressão dos governos. Movimentos naturais nasceram das redes e posteriormente ganharam as ruas, sem presença de palanques e líderes. Todos ali se movimentavam por suas próprias opiniões, crenças e valores. Não havia uma coordenação, um líder. As próprias redes sociais que determinam as ações e os confrontos.

Milhões de anônimos, de pessoas comuns em busca de voz fizeram das redes sociais o seu canal para protestar ou mesmo apresentar as mazelas de sua cidade, bairro ou rua. Com as redes sociais nada mais fica escondido, tudo pode parar nas telas do tablet, notebook ou smartphone. A vida privada acabou, agora fazemos parte de um grande coletivo. Vivemos num "big brother" onde somos avaliados por "likes" e "deslikes" e a qualquer momento ser cancelado por não agradar o outro.

Nem de longe essa reconfiguração do mundo de capitalista trouxe ganhos reais para maioria dos países. Pelo contrário, o que houve foram perdas significativas para a sociedade perante o empobrecimento das populações , até mesmo em países desenvolvidos. Basta vermos o processo de gentrificação que vem ocorrendo na frança, onde o encarecimento dos imóveis em certas regiões periféricas de Paris joga milhares de pessoas para outras cidade do entorno. A gentrificação das cidades expulsam as pessoas de seu próprio bairro por transformá-lo em espaços nobres voltados à elite, enquanto o trabalhador fica mais distante de seus locais de trabalho, quando não gera o desemprego levando o trabalhador a uma pobreza absoluta. A gentrificação destrói a história de um lugar, o quanto naquele espaço as pessoas tiveram suas experiências, cultura e modo de vida.          

Natureza

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