segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Compreendendo a desigualdade social

 

Para que possamos entender a dinâmica da desigualdade na distribuição da renda no planeta, em primeiro lugar precisamos compreender a lógica do capital e suas estruturas. Fator que Marx denominou como " as leis de movimento do capital". Nestes estudos realizado por Marx ficou patente a questão da desigualdade de classes, Tendo de um lado uma minoria que detém os meios de produção, e de outro aqueles que vendem sua força de trabalho, justamente por não terem nas mãos o capital, a terra, as ferramentas e máquinas.Esse segundo denominado  de proletariado que trabalham em troca de uma salário, são explorados e alijados das riquezas produzidas. Enfim, como se dá este processo que Marx estudou, desdobrando em sua principal obra, O capital? Num primeiro momento devemos saber que o processo de produção envolve a troca da força de trabalho vendida a um "empresário" que possui as máquinas, a matéria-prima, as ferramentas e os galpões gerando mercadorias que circulam no mercado. O trabalhador recebe X horas para produzir, aquilo que ultrapassa as X horas (excedente) não é revertido ao trabalhador, portanto sendo o lucro, ou seja, vem daí o conceito de mais-valia ou mais valor. Então, só  existe valor naquilo em que há trabalho embutido, do contrário, sem não tem trabalho humano envolvido o valor deixa de existir. Essa era a visão de Marx, da qual faz sentido toda lógica capitalista. Mas agrega-se a essa relação a presença de um meio de troca universal, denominado dinheiro, que nos permite adquirir produtos no mercado. Para David Harvey, conforme descrito em seu livro  "A loucura da razão econômica" que o capital é uma parte total do dinheiro utilizado pelos donos dos meios de produção para adquirir força de trabalho, máquinas, matéria-prima, ferramentas e outros bens de capital. Dessa forma há mercadorias, bens que são colocadas no mercado para serem consumidas pela próprias classe trabalhadora que o produziu. Nesse ponto, o desejo pela mercadoria torna-se um fetichismo, em que o homem passa a ser consumido pela própria mercadoria, no que chamamos coisificação. Esse é o princípio de Marx a respeito do capitalismo, que leva a uma idealização das lutas de classes, por que a disparidade entre os donos dos meios de produção e trabalhadores geraram enormes desigualdades.Vou explicar melhor para que todos possam entender, ao passo que o assunto é um tanto complexo. Bem, toda desigualdade social.econômica é dada por um desequilíbrio não natural das forças do capital, ou seja, existe uma pequena parcela que fica com toda a riqueza gerada, neste caso, os donos do meios de produção. Por outro lado, temos aqueles que nada tem, a não ser um salário inferior às horas trabalhadas, sendo assim explorado. Claro, que essa parte do texto refere-se á um capitalismo industrial do século XIX e inicio do século XX, em que a produção era totalmente fabril. Tal afirmação está correta, para aqueles que certamente irão me criticar. Mas, o mundo pós-moderno, tecnológico, a qual impera a inteligência artificial, a nanotecnologia, a industria 4.0 totalmente robotizada. Não podemos negar essa revolução industrial da quarta geração. No entanto, o mundo pós-moderno, essa relação capitalista versus trabalhador (luta de classes) modificou-se, sendo que não temos mais uma grande quantidade das velhas indústrias do passado.Agora, impera novas tecnologias que exige cada vez menos a presença humana, fator que mostra um certo esvaziamento da relação de valor. Importante lembrar, só há valor se existe trabalho embutido, do contrário, só se tem preço. No entanto, a desigualdade em nada mudou, o gap entre ricos e pobres se dilatou, os ricos continuam abocanhando a maior parcela da riqueza produzida, enquanto os mais pobres continuam sem nada ou com muito pouco. Se pegarmos os estudos realizados pelo Thomas Piketty, no livro "O capital do século XXI, observaremos que a relação renda/capital  demonstra claramente que a distribuição da renda continua historicamente concentrada numa parcela ínfima da população, basta analisamos os dados econômicos, estatísticos e demográficos apresentados pelo autor, além de informações retiradas dos órgãos governamentais. Estes dados apresentam dados muitos interessantes em termos de distribuição de riqueza no mundo e países, sendo bastante confiáveis. Num âmbito mundial, os dados demonstram percentualmente como a riqueza se distribui entre aqueles 1% da população que domina quase 90% da riqueza, enquanto os 90% mais pobres ficam com pouco mais de 10%. Assim, podemos atribuir a falha num modelo neoliberal, que vem avançando pelo planeta de forma insidiosa, a qual os donos do capital impõem o fim do Estado de bem estar social e almejam a presença de um estado ausente para impetrar uma política selvagem de desregulamentação de normas e colocar fim aos impostos sobre a taxação do capital e dos meios de produção. Tudo isso como forma de aumentar os lucros da empresas. Esse é o discurso neoliberal, que não se importa verdadeiramente com os serviços públicos voltados para as populações mais carentes das políticas publicas sociais. O capitalismo não quer barreiras e para isso se faz mais presente nos governos, financiando políticos conservadores e de uma direita que se coloque a serviço do capital para obter maiores vantagens. Por isso, não se fala, nas casas legislativas e no poder executivo, de medidas a respeito da taxação de grandes fortunas ou mesmo sobre heranças, assim como uma reforma tributária onde os políticos ligados aos grandes capitais financeiros não mencionam o imposto progressivo sobre aqueles que tem as rendas mais altas. Talvez um caminho para debelarmos a desigualdade seria justamente colocar o dedo na ferida da  distribuição de renda e torná-la mais equânime, que perpassa  justamente por esses dois mecanismos econômicos e fiscais: primeiro, taxar as altas rendas e o capital, num segundo momento ampliar o imposto sobre as heranças. Mas pelo que vemos o governo não vai mexer com a elite, por que dela faz parte e é subserviente. Especificamente no Brasil, os atuais mecanismos políticos populistas de direita retiram dos mais pobres para repassar aos miseráveis, numa ação mentirosa para continuar o velho jogo político e enganar a todos durante as campanhas eleitorais.       

Natureza

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